Em meados de 2019 com o anúncio do lançamento da primeira versão do Glimpse, a comunidade open source se viu em meio a uma discussão relacionada ao nome de um dos softwares de código aberto mais populares do mercado, o Gimp.
O “problema” com o Gimp
Gimp é um programa de manipulação de imagens, semelhante ao Photoshop da Adobe. O seu nome é um acrônimo para “GNU Image Manipulation Program” (Programa de manipulação de imagens do GNU), todavia, os problemas começaram quando, em 2019, um grupo de pessoas chamou a atenção do restante da comunidade para o significado que a palavra “gimp” possui em alguns países.
Especialmente nos países falantes da língua inglesa, a palavra “gimp” possui um significado bastante pejorativo, um insulto. Com isso surgiram numerosos tópicos em fóruns e vídeos no YouTube com discussões acaloradas sobre o assunto.
Enquanto de um lado os usuários explicavam o real significado do nome do software, do outro lado as pessoas justificavam que uma mudança de nome e até mesmo de logo seria primordial para evitar má interpretação e facilitar uma melhor popularização da aplicação mundo afora.
O surgimento do Glimpse
O resultado de toda aquela comoção foi o Gimp mantendo o seu nome e marca, enquanto as pessoas que foram contra essa decisão trataram de desenvolver um fork da aplicação sob um novo nome e identidade visual, surgia então o Glimpse.
Tendo a sua primeira versão lançada em novembro de 2019, o Glimpse nunca chegou a ter muitas diferenças (além do nome e do ícone) em relação ao próprio Gimp. Tal similaridade é até compreensível, visto que os desenvolvedores do software nunca tiveram grandes problemas com o Gimp em si, mas apenas com o nome e identidade visual do projeto.
O software seguiu em desenvolvimento até recentemente, e, apesar da semelhança que manteve com o Gimp, o plano da equipe era desenvolver cada vez mais as suas características próprias, para assim seguir o seu próprio caminho.
No meio do caminho tinha uma pandemia
As coisas estavam indo relativamente bem para o projeto, que contava com um bom time de desenvolvedores, um número crescente de usuários e membros da comunidade dispostos a ajudar de várias maneiras diferentes. Porém, aconteceu o inesperado e assim como bilhões de pessoas ao redor do mundo o pessoal do Glimpse também foi negativamente afetado pela pandemia.
Confira o que Bobby Moss, fundador do projeto, comentou sobre a situação:
“By the second half of 2020, there was just me and a couple of external contributors working on the fork itself. Our other remaining project contributors were occupied with trying to start the UI rewrite. Our problem was not a lack of financial contributions or users, because the project was still growing in those areas. Our main issue was that we could not find contributors willing to step up and help with non-code tasks. As a result, we struggled to scale the project to match increasing demand.”
Durante a segunda metade de 2020 havia apenas eu e uma dupla de contribuidores externos trabalhando no fork. Os outros contribuintes do nosso projeto estavam ocupados trabalhando nas modificações na interface do usuário. O nosso problema não era a falta de usuários ou apoio financeiro, pois o projeto já estava crescendo nessas áreas. A nossa maior dificuldade foi não termos conseguido encontrar pessoas dispostas a contribuir com tarefas não relacionadas a código. Como resultado disso, nós tivemos dificuldades em escalar o projeto de acordo com a crescente demanda.”
Moss ainda afirma que todos aqueles que se envolveram no projeto estão orgulhosos do que conquistaram.
“We demonstrated that there is a demand for a fork of the GNU Image Manipulation Program with better branding. We successfully weathered a four-month-long storm of undeserved criticism & trolling in 2019 before we had even produced our first release.”
Nós demonstramos que há uma demanda por um fork do Gimp com uma melhor marca. Nós obtivemos sucesso enfrentando uma tempestade de quatro meses de críticas não merecidas e “trollagens” em 2019, antes mesmo de termos produzido o nosso primeiro lançamento.”
Mesmo assim, o Glimpse não morreu
É fato que atualmente o Glimpse não segue em desenvolvimento e atualizações, sejam elas correções de bugs ou novidades, não devem acontecer tão cedo. Todavia, trata-se software livre, o que torna possível que qualquer pessoa ou grupo com os conhecimentos necessários, tome as rédeas do projeto a qualquer momento.
O que você acha do Glimpse tanto em relação ao nome/marca quanto às funcionalidades do software em si? Compartilhe os seus pensamentos sobre o assunto nos comentários abaixo!
Isso é tudo pessoal! 😉
