Adeus Apple! Migrando do macOS para o Linux
A internet está cheia de pessoas fazendo unboxing dos seus MacBooks e contando a história de como foi migrar do Windows macOS, muitos dizendo que nunca mais vão voltar para o sistema da Microsoft. Hoje a gente vai fazer algo bem diferente, uma migração do macOS, o sistema da Apple, para um PC super poderoso rodando Linux!
A migração para Linux tem os seus desafios, mas vale muito a pena explorar esse universo open source, afinal existem também vários pontos positivos a serem considerados. Em nosso relato, quem fez a migração foi o Raul, membro da equipe Diolinux, apresentador no canal Diolinux Labs e no Diocast.
Como a maioria das pessoas, ele começou sua jornada na informática pelo Windows, algum tempo depois, migrou para o Linux e após vários anos, para o macOS, afinal, ele queria ampliar sua experiência com sistemas operacionais. Após quase 3 anos usando macOS, ele está de malas prontas para voltar ao Linux: vamos acompanhar essa jornada juntos!
Montando um PC para deixar o Mac de lado
A melhor parte de você deixar de usar Mac, é que na hora da venda, o seu computador ainda vale quase tanto quanto valia quando você comprou ele, especialmente os modelos mais novos. O modelo que o Raul tinha era o MacBook com chip M1.
Mas vender o Mac é somente parte do processo, comprar um PC é bem diferente: a menos que você adquira um laptop ou um PC já montado, tem a oportunidade única de escolher cada uma das peças que quer no seu computador.
Os chips ARM da Apple são bem poderosos quando o assunto é trabalhar com edição de vídeo, máquinas virtuais e criação de conteúdo de forma geral. Mas eles também tem um grande problema! Como não tem como trocar as peças, com o tempo você pode acabar ficando limitado em armazenamento ou RAM.
Para conseguir o novo PC do Raul a gente falou com os nossos amigos da Pichau que foram muito gentis em fornecer as peças.
O computador precisa de potência bruta para renderização. Então, a primeira peça escolhida foi a placa de vídeo, e o resto do computador foi decidido em volta dela. Uma RTX 4060, que não é proibitivamente cara como uma 4080, mas ainda assim é bem poderosa, traz as novas tecnologias de Ray Tracing e DLSS 3 para quando quiser jogar alguma coisa, dispondo do NVENC e Cuda para o trabalho.

Como processador temos um Ryzen 7 5700X. Ele tem ótimo desempenho, 8 núcleos e 16 threads, excelente para rodar máquinas virtuais e fazer testes de software.

Para refrigerar, usamos o air cooler da Pichau, modelo Sage V2 Black. Ele tem compatibilidade com diversos processadores, tanto da Intel, quanto da AMD, contando com uma ventoinha de 120MM, e um design bem discreto.

Para a memória RAM, são 2 pentes de 16 GB cada, também da Pichau, no modelo Dantalion Z, com frequência de 3200MHz. RAM também é um aspecto muito importante quando falamos de edição de vídeo, o Fusion do Davinci Resolve consome muito, então quanto mais, melhor.

A placa-mãe escolhida para esse setup foi a Danuri da Pichau, ela é simples e acessível, mas suporta todo esse hardware. De armazenamento, um SSD M2 Kepler Z1 da Pichau, com 1 TB de espaço, boa velocidade para os boots e carregamentos quase instantâneos.

E claro, não podemos esquecer a fonte que está dando energia para esse PC. Mais uma vez a Pichau está ajudando nesse setup, com uma fonte Nidus 650L, de 650W.

O HX300M é o gabinete que receberá todo esse setup. O Raul não é muito fã daqueles gabinetes mais chamativos e o HX300M tem um design bem minimalista, compacto o suficiente para não atrapalhar em cima da mesa, mas também não pequeno demais. A frente dele é toda vazada, o que também ajuda na circulação de ar.
Esse gabinete, por padrão, vem com apenas um fan na parte traseira, então para ajudar na refrigeração, usou também fans Hawker de 120MM na parte de cima. Esse PC ficou muito legal mesmo, valeu mais uma vez a galera da Pichau pela força!

Substituindo o ecossistema Apple
Mas uma das coisas que mais prende os usuários à Apple é o tal “ecossistema”. O Raul tinha um iPhone 11 e migrou para um Galaxy A54 5G, ambos numa faixa de preço similar, se integrando ao Linux com o KDE Connect ou o GS Connect.
A distro Linux escolhida foi a que o Raul já usava antes de migrar para o macOS, o Fedora Workstation, agora na versão 40. Isso porque ele gosta do GNOME puro e da proposta do Fedora em trazer a menor quantidade modificações aos softwares padrão.
Além disso, o Fedora sempre está trazendo suporte a novas tecnologias, mas não chega a ser bleeding edge demais, e como o meu novo hardware é relativamente recente, o Fedora com Kernel bem atualizado, acaba sendo uma boa opção.

Como alguém que já foi e voltou de vários sistemas operacionais diferentes, o Raul tem muita experiência em relação ao que pode tornar uma migração algo bem-sucedido.
São 4 passos bem simples, que se você fizer com atenção e tirar um tempo para planejar, eles vão permitir que você migre para qualquer sistema que queira.
1 – Defina quais softwares você precisa
Nesse caso, verifique se eles existem no Linux, se existem alternativas boas o suficiente, ou se vai ser necessária alguma migração da sua parte, como passar as informações de um aplicativo para outro.
Essa parte de migração dos softwares é a mais importante de todas, então a gente explica melhor daqui a pouco.
2 – Escolha qual sistema ou distribuição Linux você vai usar
Para a sua sorte, temos vários conteúdos falando sobre as mais diversas opções. O Raul vai de Fedora, mas pode não ser a melhor opção para você.
3 – Período de adaptação, ou readaptação
É normal se frustrar um pouco nos primeiros momentos, quando a forma de pensar e até a própria memória muscular está atrelada a atalhos e recursos de outro sistema operacional, mas tenha calma e paciência. Gradualmente, você vai se adaptando.
4 – Instalação e configuração dos softwares no sistema
O Raul estudou a migração com bastante calma, fazendo até um script de instalação para o Fedora, assim, com um clique, ele deixa o sistema exatamente quer. É uma ótima hora para lembrar que a gente tem um curso de Shell Script para membros do canal, para assistir é só ser membro na categoria Diolinux Play ou superior.
Apesar do script ser uma ótima ideia, nada impede que você simplesmente instale os programas que precisa, a maioria deles está na loja de aplicativos, o que deixa tudo mais simples. A parte de softwares é a mais importante, e requer um planejamento especial.
O ponto principal de uma migração, além de ter backup dos seus dados, é o acesso a softwares que permitam o que você precisa fazer, sem se prender a nomes, mas sim a funcionalidades. A maioria dos programas que as pessoas usam atualmente, são em nuvem e acessíveis pelo navegador, ou tem versão para Linux, e quando não tem, existem alternativas viáveis, com pouquíssimas exceções.
Antes de migrar, você pode tentar pesquisar e instalar os softwares alternativos e ver se eles te ajudam a fazer o seu trabalho da forma que você espera. Um dos lados interessantes de aplicativos open source, é que geralmente eles são multiplataforma, então, existem versões deles para todos os sistemas, e antes mesmo de migrar você pode instalar eles no seu Windows ou no seu Mac e começar a se habituar. Se você, um dia migrar para Linux, todos os programas que você quer usar já vão estar lá.
Alguns softwares podem ser difíceis ou até impossíveis de substituir, são esses que caem em exceções, por vezes, uma VM com Windows resolve a questão, mas nem sempre. O Mac em especial tem vários aplicativos exclusivos que algumas pessoas simplesmente adoram, mas migração de software é algo que não dá para generalizar, porque tudo depende do tipo de aplicativo e da necessidade do usuário.
No caso do Raul, por exemplo, utilizava o “Reminders” como aplicativo de listas, mas como ele é exclusivo de Apple, precisou voltar para o Todoist. Nesse caso, a migração foi extremamente simples, só passou as tarefas para o outro aplicativo, e pronto!
Ele também usava o Pixelmator Pro para fazer algumas artes, um ótimo software para Mac, que não tem versão para o Linux. A troca mais óbvia é o GIMP, foi necessário se adaptar novamente a uma interface nova, lidar com outro formato de arquivo, e algumas ferramentas funcionam de maneira um pouco diferente. Por sorte, no caso do GIMP, a gente tem o Photogimp que deixa a experiência um pouco mais próxima do que ele gosta.
Toda vez que a gente muda de ferramenta, é normal ter uma queda na produtividade, depois as coisas voltam ao normal, conforme vai se adaptando.
Por que o Raul mudou do Mac para o Linux?
Embora o Raul tenha gostado da experiência com o macOS, afinal foram quase 3 anos utilizando ele como sistema operacional principal, diferentemente do que muita gente acredita, está longe de ser uma experiência perfeita.
Em primeiro lugar, a experiência do macOS com jogos fica aquém do Linux. Existem alguns jogos que funcionam bem no sistema da Apple, mas o problema é que são poucos. Outro motivo que pesou muito são as aplicações. No macOS, existem desenvolvedores indies que fazem aplicações sensacionais, mas a grande maioria delas é paga, e só são vendidas em dólar, o que se torna um problema para a gente que ganha em real. No Linux, também existem muitos desenvolvedores independentes, mas em sua grande maioria são aplicativos de código aberto, e grátis.
No ecossistema da Apple, se você concordar com todas as decisões da empresa, tanto de software quanto de hardware, terá uma experiência excepcional. O problema é: se quiser alterar qualquer coisa, dependendo do que for, não será possível.
Já no mundo Linux, pode montar o seu PC do jeito que quiser, instalar a distribuição que te agradar mais, e ainda modificar praticamente tudo, desde ícones, configurações, extensões, e muito mais.
O PC do Raul foi montado por ele, exatamente com as peças que ele queria e faziam sentido para o fluxo de trabalho dele. Rodando Linux, ele não precisou gastar com licenças de sistema operacional para fazer todo o trabalho e jogar, e ainda ganhou muito mais flexibilidade.
Apesar do setup do Raul ser incrível e também ser uma máquina consideravelmente cara, isso não quer dizer que para usar Linux ou para trabalhar você precise de tudo isso, tudo dependa da sua necessidade.
Se você quer ver Linux rodando num setup mais simples, confira o PC baratinho com Linux que montamos para um dos redatores do Diolinux trabalhar e jogar!