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Qual a diferença entre uma distro Linux LTS ou Rolling Release?

Entre uma distro Linux LTS e uma Rolling Release, qual você escolheria? Existem centenas de distros Linux diferentes, cada qual com características únicas, e pode ser extremamente desafiador conseguir entender e navegar por esse universo de opções sem ao menos dedicar algum tempo de estudo, o que, claro, requer tempo, algo que nem todo mundo tem à disposição.

Não conhecer a diferença entre LTS, Rolling Release e os outros tipos de sistemas que existem, pode acabar se tornando um grande problema, onde uma escolha errada pode gerar uma experiência ruim, além de limitar o seu poder de escolha.

O que é uma distro Linux LTS?

Muitas pessoas que estão só conhecendo o mundo Linux, ouviram esse termo “LTS” devido ao Ubuntu, mas ele não é atrelado a este sistema diretamente, LTS é um termo usado no mercado de software em geral. LTS é uma sigla para “Long-Term Support”, que em português quer dizer “Suporte de Longo Prazo”.

Você pode pensar nele como um tipo especial de um software, projetado para ter suporte por um período maior do que o normal. Esse é exatamente o caso do Ubuntu LTS, uma edição do sistema que sai a cada dois anos e tem suporte inicial de 5 anos, que pode ser estendido para até 12 anos atualmente, ao contrário dos outros lançamentos não-LTS do Ubuntu, que tem suporte por apenas 9 meses. Mas o que exatamente significa “suporte”, nesse caso?

Softwares LTS recebem atualizações de segurança e correções de bugs por um período mais extenso, mesmo após o lançamento de novas versões. Isso significa que os usuários podem ter a certeza de que o software continuará estável e seguro por um longo tempo.

Como se sabe, desenvolvimento de um software nunca realmente acaba, mesmo após o seu lançamento, os desenvolveres continuam sempre corrigindo bugs, aplicando correções de segurança e lapidando.

Não é difícil de entender porque softwares que tem suporte LTS são os queridos do mercado, especialmente de empresas e organizações que precisam de um ambiente computacional estável confiável no longo prazo. Ter um software LTS é o mais próximo possível de ter previsibilidade.

Teoricamente, versões LTS de softwares são projetadas para serem mais confiáveis, com menos bugs e problemas de que versões regulares. São blindadas contra problemas de segurança por mais tempo, não te obrigando a atualizar ou migrar para uma nova solução para se manter seguro. 

Apesar das atualizações existirem em softwares LTS, elas costumam ser menos invasivas e priorizar a estabilidade e operação contínua, o que pode reduzir o tempo de inatividade, por exemplo, de uma empresa. No caso do Ubuntu, não somente a distro que você instala, mas grande parte do repositório de pacotes do sistema fica sob esse guarda-chuva de LTS.

Então imagine que você está criando um negócio onde você um software roda perfeitamente no Ubuntu 24.04 LTS. Considerando os 5 anos padrão, mais os 5 anos extras de Ubuntu PRO, mais os 2 anos extra sob pagamento especial, você pode rodar por 12 anos, até 2036, sem precisar atualizar o sistema operacional. Ele continuará seguro, e conforme o tempo passa e bugs são corrigidos e o sistema é lapidado, ficando mais e mais estável.
Uma curiosidade, se você acessar o site do Kernel Linux, repare que ao lado dos números das versões, temos alguns kernels “longterm”, eles são LTS, e o suporte nesse caso é feito pelo próprio time do Linux.

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O tempo varia com as versões, elas costumavam ter 6 anos de suporte, mas as mais recentes tem apenas 3 anos de suporte. Curioso também observar que o Kernel 6.8 não é uma versão LTS por parte dos desenvolvedores do Linux, mas esse é o Kernel contido no Ubuntu 24.04 LTS, o suporte de longo prazo para ele é feito pela Canonical.

Como distros Rolling Release funcionam?

Rolling Release é basicamente o contrário do modelo de lançamentos do Ubuntu, não tem a ver com LTS exatamente, tem a ver com a forma com que o software é desenvolvido e a maneira coma as atualizações chegam para os usuários.

Em português, lançamento contínuo, é um modelo de desenvolvimento de software onde as atualizações são feitas de forma frequente e incremental, ao invés de serem lançadas em grandes ciclos com versões numeradas e especiais. Isso significa que os usuários estão sempre usando a versão mais recente do software, com as últimas correções de bugs e recursos.

Um ótimo exemplo de software que é rolling release são os principais navegadores de internet. O Google Chrome, por exemplo, recebe atualizações constantes a cada 2 ou 3 semanas, e atualizações maiores a cada 4, pelo menos no canal estável. Algo que é bem-vindo num software como esse, já que está em constante contato com a internet e pode se tornar vetor de ataque rapidamente, se as correções não forem constantes.

Eventualmente, alguma atualização grande que traz novos recursos acontece, mas elas têm mais funções de marketing do que de desenvolvimento, afinal, é um ciclo contínuo e uma vez com o Chrome instalado, você simplesmente vai atualizando, provavelmente sem nem perceber. Rolling Release é um modelo de lançamento onde o software nunca realmente tem uma versão final, ele simplesmente segue atualizando.

Aplicando a distribuições Linux, provavelmente o Arch Linux é o exemplo mais famoso de todos. Não existem versões do Arch Linux, tanto que você nunca vê manchetes como “foi lançada uma nova versão do Arch Linux”, justamente porque elas nunca lançam, você instala ele uma vez, e simplesmente vai atualizando.

Nem todos os softwares contidos num sistema operacional de comportam da mesma forma, se você instalou o Chrome no Ubuntu e instalou o Chrome no Arch, ele atualizará na mesma cadência em ambos os sistemas. 

Outros softwares, como a interface GNOME, funcionam diferente. Atualmente o Ubuntu 24.04 LTS foi lançado com a versão 46 do GNOME, o mesmo GNOME 46 pode ser usado no Arch Linux. Porém, o Ubuntu 24.04 LTS provavelmente continuará usando essa versão do GNOME durante toda a sua vida útil, no Arch Linux, assim que o GNOME 47 sair, os usuários deverão receber essa atualização tão logo quando for possível. O mesmo vale para praticamente todos os pacotes do repositório do Arch Linux.

Rolling Release só diz respeito a forma com que os updates são entregues, o termo não fala sobre a versão dos softwares. Se você tem atualizações constantes e não requer a reinstalação ou mudança de versão do software para receber os updates, isso faz de você um sistema ou software Rolling Release.

Qual a diferença entre Rolling Release e Bleeding Edge no Linux?

Muita gente associa o termo Rolling Release com usar sempre as últimas versões de pacotes e tecnologias, muito provavelmente porque é comum disso acontecer em distros Linux, mas, na verdade, essa condição de ser sempre muito atualizado recebe outro nome, Bleeding Edge.

O Arch Linux é Rolling Release e Bleeding Edge também, o Manjaro, uma distro Linux famosa baseada no Arch, é Rolling Release, mas não é Bleeding Edge, ao menos não tanto quanto o próprio Arch, já que os updates chegam umas 2 ou 3 semanas depois no Manjaro. O SteamOS da Valve, baseado no Arch, é rolling Release, mas não é bleeding Edge também, já que a Valve retém as atualizações e só lança após testes mais cuidadosos.

Bleeding Edge recebe esse nome não a toda, em desenvolvimento de software, quando você usa as últimas versões de tudo, você sempre está usando softwares menos testados, especialmente se comparar com a versão LTS de algum software que já está sendo debugada há alguns anos.

Uma abordagem desse tipo tem vantagens e desvantagens, do lado bom, você tem um software sempre atualizado, recebe novos recursos com maior velocidade e algumas correções de bugs mais cedo. Do lado não tão bom, tem uma potencial instabilidade, já que os softwares tiveram menos tempo para serem testados: ao mesmo tempo que bugs conhecidos foram fechados, as atualizações constantes podem gerar novos bugs também.

Além disso, softwares muito bleeding edge pode ter problemas de compatibilidade com outros programas que ainda não foram atualizados. Ao contrário de softwares LTS, é mais difícil prever o funcionamento do software ou do sistema ao longo prazo, já que um update pode quebrar algo que estava funcionando, deixando você na mão e obrigando manutenção ou intervenção manual.

Sistemas Linux híbridos entre LTS e Rolling Release

Alguns projetos podem se beneficiar de receber atualizações mais cedo, enquanto outros, querem ser absolutamente o mais estável e imutável possível. É assim que nascem modelos híbridos, onde certas partes do sistema tem lançamentos fixos ou até são LTS, e outras são Rolling Release.

Você pode ter um Ubuntu Server LTS, com 12 anos de suporte, rodando um contêiner Docker de qualquer software com atualizações constantes, ou o Ubuntu Desktop com 10 anos de suporte, onde o Firefox em Snap será rolling release.

A Valve se beneficia dos updates constantes do Arch Linux para poder ter acesso às novidades e escolher o que virá para o SteamOS e em que momento, o Plasma 6 ainda não chegou ao desktop do SteamOS, por exemplo, mas os drivers de vídeo novos já chegaram. E mesmo numa instalação de Arch Linux, você pode optar por usar o Kernel Linux LTS, em vez do Bleeding Edge, criando um sistema híbrido também.

Existem diferentes tipos de Rolling Release e LTS

Nem todo Rolling Release ou LTS é igual, podendo significar algo ligeiramente diferente em sistemas diferentes, e lançamentos fixos podem ter tempos diferentes de suporte em cada no projeto. Uma versão não-LTS do Ubuntu tem suporte de 9 meses, um lançamento do Fedora, tem suporte para 1 ano, o Ubuntu lança um LTS a cada 2 anos, o Fedora não tem versão LTS, a menos que você considere o Red Hat Enterprise Linux como o LTS do Fedora.

Com tantas opções, detalhes e diferenças, é inevitável perguntar, qual seria a melhor opção? Existe um tipo de distro ou modelo de software que é melhor? Qual eu deveria usar? Tudo se resume a gosto e necessidade e tudo tem seus prós e contras.

Num sistema LTS você tem uma base de software mais estável, mas que permanecerá na mesma versão por mais tempo, mesmo que novos lançamentos ocorram.  Numa “Rolling Release Bleeding Edge”, você vai ter os updates mais cedo, que te darão acesso a novas tecnologias e recursos, mas também pode acabar tendo que lidar com bugs e regressões que podem ocorrer em softwares recém lançados, e que foram debugados por menos tempo se comparados as versões LTS, que não vão ter esses recursos novos, mas estão mais estáveis.

Outros dois termos que é importante saber na hora de escolher qual distro Linux utilizar, são os sistemas imutáveis ou atômicos. Entenda o que são e as diferenças entre eles.

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