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O Linux Lux da Lenovo é bom, ou é melhor evitar?

Graças a um inscrito do canal, finalmente tivemos acesso ao LUX, um sistema operacional baseado em Linux criado pela Lenovo. O LUX vem instalado em computadores da Lenovo, muitos tem uma configuração bacana, mas será que isso quer dizer o LUX é um sistema interessante também?

Após ver coisas como o Satux e o Linux Gutta circulando por aí, é inevitável suspeitar que o LUX seja só mais um nessa fila de sistemas operacionais baseados em Linux, que mais atrapalham do que ajudam. O Satux mesmo, que era usado em computadores da CCE e da Lenovo, talvez tenha ensinado a eles algumas lições e sido fonte de aprendizado.

É por isso que hoje, dosando ceticismo com otimismo, a gente descobrirá juntos o que é o Linux LUX e se vale a pena você usar, um vídeo importante, além de curioso, para quem está pensando em comprar um desses computadores.

Aliás, o inscrito do canal que enviou a imagem de instalação para a gente, conseguiu ela com o suporte da Lenovo. Ele não quis ter seu nome divulgado, mas fica aqui o muito obrigado e você sabe quem é. Não conseguimos encontrar essa ISO do LUX em nenhum outro lugar para baixar, como geralmente ocorre com as distros Linux tradicionais, o que já não é um bom sinal.

Primeiras impressões com o Linux Lux da Lenovo

Achávamos que o LUX iria fazer mais suspense sobre quem ele realmente é, mas não, logo na primeira tela após dar boot na ISO ele já entrega o ouro: por trás da máscara temos o Debian.

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Essa tela dá bastante informação para a gente, o que não é uma coisa ruim, pelo contrário. “Lux by Lenovo”, é inevitável pensar no sabonete, logo ao lado dele temos o nome “Debian GNU/Linux 11”, codinome Bullseye. Pelo menos dessa vez a gente já não vai completamente cego para usar um novo sistema operacional, ponto positivo.

A questão é que o Debian atualmente está na versão 12, a versão 11 na qual o LUX é “baseado”, foi lançada em agosto de 2021. Tecnicamente, essa é uma versão do Debian ainda em manutenção de segurança, apesar de não receber mais atualizações maiores em seus softwares. Apesar de não ser o melhor dos cenários, isso não é tão ruim, significa que até 2026, quem estiver usando o LUX ainda terá um sistema com manutenção.

Ainda nessa tela a gente pode ver que essa imagem de instalação que mandaram para o nosso inscrito formatar o computador dele foi criada em agosto de 2023. O Debian 12 foi lançado em junho de 2023, ou seja, eles realmente poderiam ter feito uma compilação baseada em tecnologias mais recentes, mas optaram pela versão anterior.

Se a gente olhar os metadados da ISO, da para ver que além da ISO ter  7,1 GB, bastante grande, ela foi criada usando o “live-build” do Debian, que muitas distros usam para fazer remasterizações e derivados.

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Isso chamou a atenção, por que é ISO tão grande, se o sistema não vem com muito mais aplicações do que uma distro normal?  Se a gente olhar a ISO cheia de softwares para instalação offline do Debian 12 não chega nem a 4 GB. A reposta pra isso é bem interessante, mas para responder ela, primeiro a gente precisar terminar de instalar o sistema.

Instalando o Lux da Lenovo

Felizmente o processo de instalação é bem simples, a gente pode entrar no modo live ou ir direto para o instalador. Ao dar boot no sistema temos uma animação até bem feita, e ao chegar no desktop, uma opção de instalar usando o Calamares, um instalado popular entre várias distros hoje em dia.

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O Instalador deixa bem claro mais uma vez que se trata do Debian, tem até o logo na distro no canto superior esquerdo. O procedimento é o que qualquer um esperaria de uma instalação com o Calamares, dado o tamanho da ISO, tem muitos arquivos para se copiar, então pode demorar um pouco mais do que o Debian normal. Ao terminar, é só reiniciar o computador, tirar o pendrive bootável e pronto, no reboot estamos na nova instalação do Lux.

Utilizando o Linux Lux

Logo ao iniciar o sistema, recebemos uma notificação para fazer uma atualização, os upgrades são gerenciados pela GNOME Software, a loja de aplicativos, e foi necessário reiniciar para aplicar as atualizações.

Apesar dos pesares, ficamos positivamente surpresos por coisas simples, como atualizações do sistema, funcionarem perfeitamente. Mais frequentemente do que não, esses Linux colocados em computadores para baratear o preço do equipamento ou simplesmente para não vender sem sistema operacional, já que a lei brasileira não permite, costumam ser muito mais quebrados do que isso.

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Com o sistema atualizado, vejamos como a Lenovo preparou o LUX para a gente usar, ele tem esse wallpaper customizado, a customização é o logo por cima só ali no canto o papel de parede em si já vem com o Debian padrão, mas foi até uma boa escolha.

O ambiente gráfico é o GNOME Shell, mas claramente não é o GNOME padrão, já que a gente pode ver a extensão Dash to Dock sendo usada no canto esquerdo para exibir os ícones das aplicações. O símbolo com o logo do LUX é o menu do sistema.

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Como a gente pode ver, o sistema vem com um grupo completo de aplicativos, suíte office, utilitários variados, navegador de internet Firefox, e até alguns joguinhos de cortesia. 

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Nas configurações do sistema, notamos que o tema do sistema está diferente do GNOME padrão, e diferente do GNOME, nesse caso na versão 3.38.5, o LUX tem os 3 botões de controle nas janelas, o GNOME padrão usa apenas o de fechar.

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Se abrirmos o aplicativo de extensões, da para ver que somente a Dash to Dock está ativa de fato, desligando ela a gente tem o comportamento padrão do GNOME 3.38.5, como era antes das atualizações mais recentes.

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Pelo aplicativo de ajustes, notamos o tema usado é o Marwaita Alternative, e o tema de ícones se chama “Lux” e convenhamos que eles são bem feios.

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Felizmente dá para trocar, o tema Adwaita do GNOME fica melhor do que o tema padrão do LUX, questão de gosto claro, mas já está embutido no sistema. Aliás, olha só, se a gente trocar o papel de parede, tirar os botões de minimizar da janela e remover a Dash do Dock, a experiência é praticamente o Debian 11 puro.

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Abrindo o terminal, encontramos uma customização no visual do Bash, parece que alguém realmente colocou um pouco de esforço em ajustar o sistema. Ao rodar um comando para atualizar os repositórios, dá para ver que as URLs são do próprio Debian, não existem repositórios espelho na Lenovo ou qualquer outro servidor alternativo. É o Debian, puro e simples, com uma customização por cima e o nome Lux em alguns lugares, onde deveria ser o Debian, tipo na página sobre.

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Isso é até meio confuso, porque você tem um sistema já antigo e consagrado, vendido como se fosse outro sistema operacional. É um Debian configurado de uma forma que pode até ajudar no primeiro contato de novos usuários, mas com algumas escolhas duvidosas, como o tema de ícones.

Se fosse apenas o Debian poderia ser melhor

Um dos principais problemas para quem compra computadores com sistemas Linux assim é justamente encontrar qualquer tipo de documentação para poder entender como fazer algumas coisas. O Debian é uma das distros mais bem documentadas que existe, um sistema extremamente sólido e estável, e apesar de não realmente esconder muito do que se trata, qual é a vantagem de chamar o Debian de LUX ao invés de Debian?

Ao menos os mais leigos iriam pesquisar no Google “como instalar meu software favorito no Debian” e não “como instalar meu software favorito no LUX”. As respostas para essas preguntas podem ser bem diferentes, embora devessem ser iguais.

Eles poderiam apenas customizar coisas como a opção de ativar o suporte para os repositórios non-free, isso permitie rodar certas mídias no Debian e faz ele suportar certos hardwares que requerem licenças proprietárias em seus softwares. Talvez a Lenovo só não quisesse ter que lidar com alguma eventual questão de licenciamento, mas nesse caso, é um ajuste que caiu sobre o próprio usuário fazer.

Por que o arquivo de instalação do Lux é tão grande?

O sistema é relativamente leve, tão leve quanto um GNOME 3.38 poderia ser na época, hoje o GNOME está bem mais otimizado, se a base do LUX fosse o Debian 12, por exemplo, vários benefícios extras iriam aparecer.

Após instalar, o sistema em si tem menos de 12 GB, mesmo com todos esses programas, está dentro do padrão de distros Linux quanto ao tamanho. Mas se a gente abrir um utilitário para analisar o uso do disco e escanear o sistema a partir da raiz, encontremos o grande culpado da ISO ter 7 GB, existe uma partição de recuperação de 3,9 GB.

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Dentro dessa partição, há um arquivo de kernel, um arquivo de Init, daqueles que vão carregar para RAM e literalmente uma imagem completa do sistema. Isso, na verdade, é uma ótima ideia, especialmente em computadores vendidos com o sistema, já que você pode reparar a instalação sem precisar fazer o download de nada.

Funciona assim, a gente pode reiniciar o Lux, e quando que o bootloader carregar, o qual é o GRUB nesse caso, repare que existe uma opção chamada “Lux Recovery”.

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Ao entrar nela, temos uma mensagem de que estamos no modo de recuperação do sistema e para continuar, precisamos pressionar S. Curioso é que esse parece ser um texto específico para o mercado nacional, parece que o LUX não é usado fora do Brasil.

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Para a gente, a recuperação não funcionou, talvez porque fizemos a instalação usando MBR em vez de GPT, instalando no modo BIOS Legacy, mas teoricamente ele deveria formatar o computador para você.

Apesar de ser uma boa ideia, é uma implementação simples, que pode ser aprimorada, um exemplo disso é a forma com que o Pop!_OS lida com essa questão.

Se formos ao painel de controle do Pop!_OS, que é uma distro Linux baseada no Ubuntu, vendida com computadores da Sysmte76, mas que assim como o Lux e o Debian, você pode instalar em qualquer PC, há uma sessão de atualização do sistema e reparos.

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Nessa sessão de recuperação, temos um botão que permite atualizar a imagem do sistema a ser usada, assim você não precisa retornar para uma versão mais antiga do que a que você está usando.

Essa atualização pode ser feita manualmente e ao fazer o reparo, por conta do particionamento, ele consegue reparar o sistema sem apagar os dados do usuário, o que aparentemente aconteceria com o LUX.

Ou seja, uma ótima ideia a do Lux, não tão bem implementada, ainda assim, o sistema funciona minimamente bem, dá para instalar programas sem problemas, ainda que sejam as versões mais antigas de alguns deles, contidas no repositório do Debian 11, e claro, dá até para adicionar suporte a flatpak.

Isso permitiria que o Lux pudesse usar softwares mais recentes, além de ter acesso há vários aplicativos populares que não estão nos repositórios padrões do sistema, com o Spotify, o Steam em Flatpak, entre vários outros. Flatpak é algo que poderia vir pré-instalado com o Lux, para o usuário final seria muito conveniente.

Qual o nosso veredito sobre o Linux Lux?

No fim das contas o LUX não é tão ruim assim, ele é só um Debian antigo, mas que ainda pode ser bem funcional e até surpreendentemente rápido. Dada as versões mais antigas dos seus pacotes, o lado bom é que ele é muito estável.

O curioso é que por mexer muito pouco no sistema e entregar um Debian quase puro, a Lenovo acertou consideravelmente no Lux, muito mais do que costumamos ver em outros sistemas pré-instalados por aí.

Para a gente, os pontos desnecessários ou ruins ainda são o tema de ícones padrão, precisar configurar os repositórios proprietários e o flathub, e alguns detalhes no acabamento, como usar mais algumas extensões, tipo a do Desktop ativo e dos indicadores, além de usar uma versão mais antiga do Debian do que o ideal.

Coisas essas que transformariam o Debian no Ubuntu praticamente, mas sem os pacotes snaps. LUX da Lenovo, você não é tão ruim assim, tem coisas bem mais esquisitas por aí, como o Linux Gutta, distribuído pela Acer.

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