Se por um lado não temos o costume de ler os termos de contrato de softwares, por outro, cada vez mais nos demonstramos preocupados com nossa privacidade digital conforme percebemos o quanto nossos computadores e celulares sabem sobre nós. Parece que o Microsoft Recall é mais uma ferramenta que põe à prova esse tipo de contradição.
Seu computador te monitorando
No último dia 20 de maio, a Microsoft publicou uma série de novidades vindas com sua IA assistente pessoal, o Copilot. Entre informações sobre cuidados com a segurança e privacidade dos usuários, a eficiência energética em termos de processamento, novas ferramentas para edição de imagem, música, texto e vídeo, uma novidade um tanto controversa.
O Microsoft Recall é a sua “memória fotográfica’ virtual. Ele te ajuda a lembrar sobre tudo o que faz no computador, permitindo retornar atividades e resgatar informações facilmente. Como faz isso? Capturando sua tela a cada poucos segundos, armazenando as imagens localmente e utilizando seu computador para processar tudo.
Segundo a empresa, tudo ocorre no seu computador, nenhuma informação é enviada para fora. Conforme os dados vão sendo capturados, seu copilot é treinado para entender seus gostos, o que você faz no computador, sua forma de navegar, os programas que utiliza.
Você pode apagar manualmente as capturas e, se quiser, desativar o recurso. Mas por padrão, vem ativado junto ao Copilot e você pode determinar um limite de armazenamento reservado ao recurso.
Toda a sua navegação é capturada, incluindo senhas, dados de cartão de crédito, redes sociais e sites sensíveis. Mas se quiser, pode criar exceções, filtrando sites e aplicativos para não serem monitorados. Ao entrar numa aba anônima com um navegador baseado em Chromium, ela não será capturada, mas a filtragem por sites durante a navegação padrão só funciona para o Edge. Conteúdos protegidos por DRM não são capturados.
Por que o Microsoft Recall é polêmico?
Sendo tudo processado localmente e com um contrato que parece garantir a privacidade, o Microsoft Recall não deveria ser um problema, não é mesmo? Todo novo software potencialmente contém brechas para invasores. Se alguém pôr as mãos em seus dados do Recall, terá um rastreio completo sobre seu uso do computador.
Se você acha ruim ter seu chefe monitorando o uso do computador no trabalho, pior ainda um hacker que conseguiu assumir o controle dos dados coletados ou até mesmo interagir com o Recall.
Outro problema é que, de tempos em tempos, empresas que oferecem serviços de tecnologia mudam seus termos de uso. Se você não leu o primeiro, ficará atento ao segundo? Talvez uma IA que leia, compare contatos e exponha pontos-chave ao usuário seja uma boa ideia também.
Força no ARM
Outra novidade muito interessante trazida pela Microsoft são informações sobre estarem investindo ainda mais na arquitetura ARM. Segundo a empresa, travaram parceria com a Qualcomm e desenvolvedores para trazer mais experiências nativas à arquitetura. O trabalho abrange toda a suíte Office, além de aplicações de terceiros, como Chrome, Spotify, Zoom, WhatsApp, Adobe Photoshop, Adobe Lightroom, Blender, Affinity Suite, DaVinci Resolve e Slack. Segundo a postagem, os aplicativos que as pessoas gastam em média 87% do tempo usando já tem uma versão nativa em ARM.
Parece que a Microsoft está investida para o lançamento dos novos Snapdragon X Elite!
