Se há algo mais assustador do que ver um morto-vivo por aí, é descobrir que mais empresas estão usando o CentOS 7 (já morto) do que o RHEL (vivo e atualizado). Pode parecer piada, mas os dados do 2025 State of Open Source Report confirmam: o CentOS 7, oficialmente descontinuado há nove meses, ainda domina servidores mundo afora.
E o pior? Ele não está sozinho nessa festa — versões antigas como CentOS 6 e 8 também continuam em uso, mesmo sem suporte. Mas por que as empresas insistem em correr esse risco?
CentOS 7: O Fantasma Que Não Quer Ir Embora
O CentOS 7 foi lançado em 2014 e se tornou um dos sistemas mais confiáveis para servidores corporativos. Mas, em junho de 2024, a Red Hat oficialmente encerrou seu suporte, deixando milhões de máquinas vulneráveis a ataques.
Ainda assim, 34,59% das empresas pesquisadas pela TuxCare ainda usam CentOS, sendo que 80% delas rodam especificamente o CentOS 7. Isso significa que mais servidores estão rodando um sistema morto do que seu equivalente vivo, o RHEL (Red Hat Enterprise Linux), atualizado e pago.
Por que ninguém quer migrar?
“Migrar é Caro e Doloroso”: Trocar de sistema operacional em uma frota de servidores não é como atualizar um aplicativo no celular. Requer testes, ajustes em scripts, adaptação de ferramentas e, claro, tempo offline. Para empresas com centenas ou milhares de servidores, isso significa milhares de horas de trabalho e possíveis falhas críticas.
“Se Funciona, Pra Que Mudar?”: Muitos administradores de sistemas têm configurações estáveis há anos e temem que uma migração traga instabilidade. Como diz o ditado: “Ninguém é demitido pelo sistema que utiliza, mas pelos resultados do trabalho” .
“Terceirizamos o Problema”: Algumas empresas contratam suporte estendido (como o TuxCare) para continuar recebendo patches de segurança sem migrar. Outras simplesmente ignoram o risco — 12,98% dos usuários de CentOS admitem que não têm nenhum suporte.
Alternativas ao CentOS:
Se o CentOS está morto, para onde as empresas estão migrando? O relatório mostra que:
- AlmaLinux (29,55%) e Rocky Linux (18,18%) são as principais escolhas, por serem clones gratuitos compatíveis com RHEL;
- RHEL (22,73%) também cresceu, mas ainda perde para as alternativas gratuitas;
- Ubuntu e Debian aparecem como opções, mas a compatibilidade com RHEL ainda é um fator decisivo.
O desastroso movimento da Red Hat
Em 2021, a Red Hat anunciou o fim do CentOS como clone estável do RHEL, substituindo-o pelo CentOS Stream (uma versão rolling-release menos estável). O resultado? As empresas fugiram do CentOS Stream, que caiu de 34,69% para 19,18% de adoção.
Pior ainda: a Red Hat dificultou o acesso ao código-fonte do RHEL, forçando projetos como AlmaLinux e Rocky Linux a criarem alternativas independentes.
João Correia, da TuxCare, resume:
“É irônico a Red Hat dificultar a vida de outros players nesse espaço, quando foi justamente o ecossistema em volta do RHEL que o manteve relevante.”
O que esperar do futuro?
Enquanto 41,98% das empresas planejam migrar para outras distros e 41,98% contratam suporte estendido, uma coisa é certa: o CentOS 7 ainda vai assombrar os data centers por anos.
Em resumo, tudo isso envolve custo, inércia e um toque de “se não está quebrado, não conserte”.
Mas, cedo ou tarde, a falta de patches de segurança vai cobrar seu preço. E quando isso acontecer, talvez as empresas descubram que “barato” pode sair caro.
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