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Por que tudo está virando serviço por assinatura?

Você já deve ter percebido que quase tudo hoje em dia é um serviço por assinatura, e se for velho o suficiente, vai lembrar que no início dos anos 2000, o cenário era um pouco diferente, desde filmes, séries, música, jogos, alimentação e até vestuário. É difícil não ter pelo menos uma assinatura, às vezes nem nos damos conta

Quando tudo virou um serviço por assinatura? Por que esse modelo parece funcionar tão bem? Quais são os pontos negativos, quais são os pontos positivos? Será que vamos sair desse modelo em algum momento ou será que essa é a melhor ideia de todas?

Assinando tudo

Pensando bem, existem serviços que estamos acostumados há muito tempo, que nem associamos mais. Desde coisas básicas, como água, luz e até mesmo o aluguel da sua casa, podem ser considerados, de alguma forma, um serviço por assinatura. Ainda tem a assinatura de jornais e revistas, a mensalidade de um clube, da academia, o provedor de internet e por aí vai.

Os modelos de assinatura estão presente desde que o comércio existe, mas claro, há nuances, detalhes diferentes na forma de funcionar, e no mundo moderno, quase tudo vem acompanhado de um aplicativo. Mas quando foi que assinar a Netflix deixou de ser algo que parecia o melhor negócio possível para quem queria assistir filmes e séries e você seria bobo de não usar, para algo que as pessoas questionam se vale realmente a pena, considerando até um luxo?

Serviços por assinatura fazem parte do nosso dia-a-dia desde que existem provedores de serviços, mas existe uma diferença fundamental em um serviço de assinatura de uma caixa de vinhos, para um software ou um serviço de streaming. Quando você recebe a sua caixa de vinhos, os vinhos são fisicamente seus, algo que não acontece com produtos digitais, onde você nunca, realmente, compra os produtos.

Isso pode causar no público algum ressentimento por sentir que tudo o que precisa para trabalhar e se divertir vem uma taxa mensal, que os produtos são incompletos sem elas, que muitas vezes, até produtos que você comprou tem alguma limitação sem uma mensalidade, que você perdeu a opção de poder comprar algo em definitivo, sobretudo na indústria de software.

Claro que softwares open source mudam um pouco esse cenário, se você legitimamente pode ter uma cópia do código-fonte do software, você tem um tipo de posse sobre o software que nenhuma licença de venda única jamais te deu.

O questionamento é, será que a gente tem sentimentos mistos quanto a serviços de assinatura, por que eles são algo inerentemente ruim? Ou será que esse é um sintoma de um mercado saturado que está indo longe demais e anda tentando colocar assinaturas até onde não faz sentido?

Por longe demais, um exemplo é a BMW querendo cobrar um serviço de assinatura para fazer os bancos do carro aquecerem, uma funcionalidade já embutida no carro. Essa é difícil de engolir, tanto que a BWM retrocedeu, mas se eles dessem o produto de graça e cobrassem para aquecer os acentos, pouca gente iria reclamar.

Existe um limite que as pessoas toleram, ainda que a linha seja desenhada em locais diferentes para pessoas diferentes, entender isso é parte da complexidade de ter um serviço por assinatura de sucesso, que faça sentido tanto para quem fornece o serviço, quanto para o consumidor.

Nem no mundo da informática é uma novidade

Quando se fala em software, é fácil associar o conceito de sistemas de assinaturas com vários programas famosos, como a suíte da Adobe e o Office. Quem é mais jovem ou nunca leu sobre a história do mercado de computação, talvez até pense que essa é uma tendência moderna, mas não, o modelo de assinaturas é quase tão antigo quanto a própria computação doméstica e empresarial.

Claro que depende um pouco de como você encara as coisas, mas entre os anos 60 e 70, algumas unidades centrais de processamento ofereciam serviços pelo o que se chamava de modelo de “timesharing”, ou, compartilhamento de tempo, onde os usuários pagariam valores pelo tempo de uso.

Nos anos 70, alguns serviços como o CompuServe e o The Source, ofereciam bancos de dados e aplicações por um sistema de assinaturas. Dos anos 80 em diante, encontramos softwares vendidos em CDs mensalmente, com a suas atualizações chegando dessa forma, ao seu modo, similar com o que a gente tem hoje. Apesar de ser difícil dizer quem começou com essa história de SaaS, ou Software as a Service, muita gente indica a Salesforce, em 1999, como precursora do formato.

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Desde que a internet passou a ser um meio confiável para fazer negócios, o mundo de softwares como serviço explodiu, e as previsões são de ainda mais crescimento até de 2026. Segundo o site statista, nos próximos anos só o mercado de aplicações empresariais deve crescer em mais de 170 bilhões de dólares em todo o mundo, sem considerar os softwares de consumo doméstico.

Quais são as vantagens para uma empresa manter um serviço por assinatura?

Receita mais previsível

Esse é um dos pontos de maior destaque para o formato, assinaturas provém uma receita contínua e de alguma forma previsível para o futuro da empresa, facilitando planejar o futuro.

Uma barreira menor para conseguir novos clientes

É muito mais fácil conseguir clientes se a barreira de entrada para o produto é um valor mensal muito mais baixo do que o valor total de um produto. Se você cobra um valor único, nele é preciso colocar toda a potencial despesa com atualizações e suporte para esse produto. Se esse valor for alto demais, menos pessoas vão se interessar.

Escalabilidade

Um sistema de assinatura pode se adaptar com maior facilidade às necessidades de mudança do negócio. Os usuários, por exemplo, podem assinar níveis diferentes de um mesmo produto conforme a sua necessidade ou preferência, isso faz com que você consiga ter clientes em faixas diferentes do mercado, desde que os que pagam pouco, mas exigem pouco de você, até os que vão exigir muito, pagando bem.

Aumenta o engajamento com os clientes

Para qualquer empresa, é importante manter o contato com o seu próprio público, a recorrência na assinatura pode reforçar esses laços, permitindo a coleta de feedback para melhorar os produtos de uma forma mais direta.

Inovação contínua

Se você é da área de desenvolvimento, já deve ter ouvido falar em continuous integration e continuous delivery, modelos de assinatura são a força motriz por trás disso. Este modelo de negócios coloca o incentivo de manter o desenvolvimento dos produtos ativo, afinal, para os clientes continuarem pagando as mensalidades, as coisas precisam permanecer funcionando e melhorando.

Reduz a pirataria

A pirataria nunca vai acabar, em alguns cenários, ela é até uma ferramenta social para informação, mas do ponto de vista de negócio, pode ser um problema se alguém está distribuindo de graça o produto que você gastou muito tempo e dinheiro.

Assinaturas não acabam com a pirataria, mas reduzem os seus efeitos, já que muitos softwares disponíveis dessa forma dependem de conexões com os servidores oficiais. Se pensar em música e vídeo, por mais imperfeitos que sejam, serviços como Spotify e Netflix ofereceram comodidade para muita gente.

E as vantagens para o consumidor?

Baixo custo de entrada

Assinaturas reduzem o investimento financeiro inicial necessário para acessar um conteúdo ou software, fazendo com que o acesso de produtos premium para indivíduos e negócios com caixa reduzido seja uma realidade.

Sempre atualizado

Softwares como serviços tendem a sempre receberem atualizações de segurança e melhorias com novidades que podem tornar o dia-a-dia dos seus usuários mais produtivo.

Flexibilidade

O fato de você poder, por exemplo, hospedar um site por menos de 10 reais por mês é um atrativo, é bem mais barato do que comprar um hardware de servidor, pagar luz, internet, refrigeração e manutenção, para colocar o seu próprio site no ar.

Portabilidade

Com softwares como serviços por assinatura, o consumidor não depende mais de guardar um código serial, não precisa guardar discos de instalação, fazendo do software mais portátil.

Risco de arrependimento reduzido

Assinaturas permitem testar produtos premium pelo tempo que quiser, pagando quantias, com a possibilidade de cancelar o serviço a qualquer momento. Se tivesse comprado o produto, teria gasto um valor maior, mesmo que deixasse de usar o software.

Esses são apenas alguns benefícios, apesar disso, é importante notar que nem tudo no mundo das assinaturas é vantagem, não só para os consumidores, mas para as empresas também. É justificável que, diante de certos tipos de produtos, você queira ser o dono legítimo de algo, ou até ter uma licença vitalícia para evitar pagar recorrentemente por algo.

Quais os pontos negativos de adotar o modelo de assinatura de softwares?

Alta taxa de rotatividade

Ainda que assinatura provenha um modelo de receita mais previsível, afinal, nunca se sabe se as vendas de um produto vão ser fracas em um mês, assinaturas também adicionam rotatividade de clientes nas empresas, algo que se não for bem gerido, pode levar ao efeito contrário, a imprevisibilidade financeira. Para evitar a rotatividade, o software precisa estar em constante melhoria e se tornar o cerne do projeto dos seus clientes.

Competição

Especialmente por que existe muita competição em qualquer segmento hoje em dia, praticamente todas oferecendo condições de assinatura diferentes, a ponto de que oferecer um produto de compra única, como a Blackmagic Design faz com o DaVinci Resolve, em comparação com o modelo de assinatura da Adobe, por si só tornar o produto interessante.

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Com o mercado de serviços por assinatura saturado, é mais difícil se destacar, muitas empresas acabam perdendo o controle de gestão quando isso acontece, e acabam usando táticas de preço e marketing agressivas, que acabam vendendo ilusões.

Pressão no desenvolvimento

Se a manutenção do seu cliente depende de inovação constante, isso vai aumentar a responsabilidade do desenvolvimento do software. A necessidade de constantemente lançar novas versões do software, com novos recursos e atualizações para justificar a assinatura dos clientes coloca pressão nos desenvolvedores.

20 reais por mês numa assinatura não paga nem o café da equipe, é preciso ter quantidade de usuários, logo, o produto precisa ser e se manter interessante.

Você pode ser substituído facilmente

Apesar de existirem alguns poucos players no mercado que podem ficar tranquilos quanto a sua posição de liderança, para grande parte dos envolvidos no jogo dos serviços, é um deus nos acuda. Serviços de assinatura mal desenhados, com preços mal construídos, podem ser facilmente o motivo de problemas de crescimento e também pela irritação dos poucos clientes que deram uma chance para o serviço, sobretudo se o desespero te fez criar taxas escondidas, criar dificuldades para cancelar o produto, e assim por diante.

E as desvantagens para o consumidor

Custo de longo prazo

Se a barreira de entrada é baixa, o custo de longo prazo pode ser mais alto do que seria o produto comprado num preço completo. Parece que a gente sempre tem que renunciar a algo, um mês de Office para um usuário é 30 reais, mas e 10 anos?

Some a isso o fator de que o usuário pode ter ou depender de vários serviços de assinaturas diferentes, 30 reais por mês por 10 anos não dá um valor tão alto assim, mas e se você assina vários produtos do tipo? 

Especialmente com os preços sempre mudando e sendo corrigidos pela inflação, com o tempo a conta pode ficar grande, é inevitável pensar que se você tivesse pago uma quantia fixa, o valor seria o mesmo para sempre.

Você não é realmente o dono do software

Usuários nunca são realmente os donos dos programas em um modelo de assinatura, dependem de continuar pagando mensalmente pelo acesso e funcionalidade dos softwares, um aluguel de recursos. Isso pode se tornar inconveniente em alguns meios, especialmente se quem oferece o serviço teve algum tipo de downtime, ou se os preços mudarem muito drasticamente.

Vendor Lock-in

Uma das táticas mais predatórias de alguns serviços de software por assinatura é o chamado vendor lock-in, onde trocar de provedor de serviços é impossível, já que a estrutura é toda diferente, fazendo você arriscar perder dados ou ter o progresso do seu negócio amarrado.

Provedores de Cloud são ótimos em vários sentidos, mas todos eles têm as suas próprias ferramentas, e migrar entre AWS, Google Cloud, Oracle Cloud ou Azure, não costuma ser fácil.

É muita assinatura para gerenciar!

O mercado saturado de serviços de assinatura pode causar uma fadiga mental para a gestão de tantas coisas assim, com tantos serviços disponíveis, não é de se admirar que muitas pessoas já comecem a pensar duas vezes antes de assinar um novo serviço.

A falta de gestão das suas assinaturas pode trazer uma alta conta no cartão de crédito no final do mês, e pessoas que tem dificuldade de gerenciar finanças, podem se ver em situações complicadas. Obviamente, a solução aqui é ser melhor em gerenciar a sua própria vida, não colocar a culpa nos outros, mas não deixa de ser um problema.

Essa fadiga em relação a assinaturas é ruim para empresas também, afinal, se os clientes estão exitantes, pode causar a perda de oportunidades de negócio, mais esforço para conversão, e assim por diante.

Qual o futuro dos serviços por assinatura?

Apesar de serviços por assinatura serem, até certo ponto, uma porta de entrada acessível para muitos, não podemos deixar de considerar as pessoas que não tem acesso pleno a internet para usar determinados serviços, ou que não tem uma receita constante, algo que podem limitar a capacidade delas de participar desses modelos de assinatura.

Enquanto para alguns modelos de negócio e para consumidores, serviços por assinatura parecem ser a melhor forma possível de criar uma relação saudável e sustentável entre empresa e consumidor, parece que neste momento, as coisas passaram um pouco do ponto.

O mercado tende a se autorregular, se os consumidores pararem de ver vantagens em assinaturas e empresas começarem a ofertar algo mais atraente, é possível que novos segmentos ganhem força novamente.

Mesmo assim, serviço de assinaturas não devem deixar de existir, especialmente porque esse modelo de negócios existe “desde sempre”, ainda que em formatos diferentes, ele só foi intensificado pela tecnologia, tanto para produtos físicos, quanto digitais. 

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