Com o fim do suporte estendido do Windows 10 marcado para outubro de 2025, muitos usuários começam a buscar alternativas viáveis para seus sistemas operacionais. Entre as diversas opções disponíveis, o Linux Mint se destaca como uma das distribuições mais amigáveis para quem está migrando do Windows pela primeira vez. Desenvolvido para ser intuitivo, estável e visualmente familiar, o Mint elimina muitas das barreiras que tradicionalmente assustavam os novatos no mundo Linux.
Mas o que exatamente faz do Linux Mint uma escolha tão especial? Além de sua base no Ubuntu (que por sua vez deriva do Debian), garantindo vasta compatibilidade com softwares e drivers, o Mint oferece uma experiência polida, com atenção especial aos detalhes que importam no dia a dia. Desde o gerenciamento de atualizações até a organização do ambiente de trabalho, tudo foi pensado para que o usuário comum possa operar o sistema sem necessidade de conhecimentos técnicos.
Neste guia, vamos explorar não apenas o processo de instalação passo a passo, mas também entender as decisões por trás de cada etapa, preparar o sistema para uso produtivo e oferecer dicas para quem está dando os primeiros passos no ecossistema Linux. Ao final, você terá um sistema completamente funcional, personalizado de acordo com suas necessidades e pronto para substituir com vantagens o seu antigo sistema operacional.
Qual Linux Mint escolher?
Antes de baixar qualquer arquivo ou preparar pendrives, é vale a pena compreender as diferentes versões disponíveis do Linux Mint. A escolha entre elas pode significar a diferença entre uma experiência fluida e frustrações desnecessárias com hardware incompatível ou desempenho insatisfatório.
O Linux Mint está disponível em duas edições principais: a versão padrão baseada no Ubuntu e a LMDE (Linux Mint Debian Edition). Enquanto a primeira oferece maior compatibilidade com drivers proprietários e um ecossistema mais amplo de softwares, a LMDE apela aos puristas por sua base direta no Debian, conhecida por sua estabilidade e filosofia de software livre. Para a maioria dos usuários migrando do Windows, a versão baseada no Ubuntu representa a opção mais segura e com melhor suporte a hardware.
Dentro dessas edições principais, o Mint oferece três ambientes de desktop distintos: Cinnamon, XFCE e MATE. O Cinnamon, desenvolvido pela própria equipe do Linux Mint, é o carro-chefe da distribuição, oferecendo uma interface moderna que combina elegância visual com personalização avançada. O XFCE, por outro lado, é a escolha ideal para hardware mais antigo ou limitado, sacrificando alguns efeitos visuais em prol da eficiência. Já o MATE preserva o estilo clássico do GNOME 2, atendendo especialmente a quem valoriza simplicidade e nostalgia na computação.
Para quem está entrando no mundo do Linux, a escolha mais certeira é o Linux Mint Cinnamon.
Preparando a mídia de instalação
Com a ISO devidamente baixada, é hora de transformar um pendrive comum em uma mídia de instalação. Uma boa forma de fazer isso é pelo BalenaEtcher, um aplicativo que oferece uma interface simplificada, disponível para Windows, macOS e Linux. Caso prefira, existem outras opções de aplicativos.
É importante verificar se o pendrive foi reconhecido corretamente pelo software antes de iniciar o processo de criação da mídia de instalação, evitando a possibilidade (rara, mas catastrófica) de gravação acidental em outro disco conectado ao sistema.
Caso queira apenas testar o Linux Mint de forma não definitiva, sem remover ou causar qualquer interferência no Windows, confira este tutorial!
Configurando o BIOS/UEFI
Antes de iniciar a instalação propriamente dita, muitos usuários encontram seu primeiro obstáculo real: a configuração do firmware da placa-mãe para permitir o boot a partir do pendrive.
Ao acessar o menu de boot (geralmente pressionando F12, ESC ou outra tecla específica do fabricante durante a inicialização), é importante identificar corretamente a entrada correspondente ao pendrive. Em sistemas UEFI, muitas vezes aparecem duas opções para o mesmo dispositivo: uma marcada como “UEFI” e outra sem essa indicação. A escolha da opção UEFI é geralmente preferível, pois permite uma instalação mais moderna e compatível com recursos como Secure Boot.

Falando em Secure Boot, esse mecanismo de segurança desenvolvido pela Microsoft pode às vezes interferir com a inicialização de sistemas Linux. Embora o Linux Mint tenha suporte oficial ao Secure Boot, em alguns hardwares específicos pode ser necessário desativar temporariamente essa função nas configurações do UEFI. Essa alteração, quando necessária, é facilmente revertida após a conclusão da instalação.
O processo de instalação
Com o sistema inicializado a partir do pendrive, o usuário se depara com o ambiente live – uma versão completa e funcional do Linux Mint que roda diretamente da mídia removível, sem necessidade de instalação. Essa funcionalidade não apenas permite testar o sistema antes de comprometer o disco rígido, como também serve como ferramenta de recuperação para sistemas danificados.

Ao iniciar o instalador propriamente dito (ícone na área de trabalho), a primeira decisão importante envolve a seleção do idioma.

A configuração do teclado merece atenção especial. O layout padrão é o ABNT2 (com a tecla Ç), automaticamente selecionado para usuários brasileiros, mas quem utiliza teclados internacionais ou de outros padrões deve tomar cuidado para escolher a opção correta durante esta etapa. Um teste rápido na caixa de texto fornecida pode evitar frustrações posteriores ao digitar senhas ou caracteres especiais.

Na etapa seguinte, é importante deixar selecionada a caixa de “Instalar codecs multimídia” para que sites e arquivos de mídia, como vídeos, músicas e fotos funcionem corretamente.

Particionamento do disco
Talvez a etapa que mais intimida os novatos seja o particionamento do disco. O instalador do Linux Mint oferece duas abordagens principais: a opção automática “Apagar disco e instalar o Linux Mint” e o particionamento manual avançado.

Para a maioria dos usuários que desejam substituir completamente seu sistema operacional existente ou não tem nenhum sistema operacional instalado no computador, a opção automática é perfeitamente adequada. Ela cria uma estrutura de partições lógica, incluindo uma partição raiz (/) para o sistema e uma partição swap (memória virtual), otimizada para o hardware detectado. Entretanto, é importante lembrar que esta opção apagará irreversivelmente todos os dados no disco selecionado, ou seja, faça um backup de arquivos importantes.
Usuários com necessidades específicas – como preservação de dados, dual boot com outro sistema operacional ou configurações especiais de criptografia – devem optar pelo particionamento manual. Essa abordagem permite definir tamanhos personalizados para cada partição, selecionar sistemas de arquivos alternativos (como ext4 ou btrfs) e configurar pontos de montagem adicionais como /home separado, o que pode facilitar futuras reinstalações sem perda de dados pessoais.
Localização
Uma decisão mais importante do que pode parecer. Escolher a localização não se trata de rastreamento, mas de configurar o sistema para mostrar corretamente o horário, unidades numéricas e moedas.

Configuração do usuário e segurança básica
A criação da conta de usuário principal parece simples, mas envolve decisões que afetarão a experiência diária com o sistema. Além do nome de usuário e senha (que devem seguir as boas práticas de segurança), o instalador oferece duas opções frequentemente mal compreendidas:
A primeira diz respeito ao login automático. Embora conveniente para computadores pessoais em ambientes seguros, essa funcionalidade compromete a segurança física do sistema, permitindo que qualquer pessoa com acesso ao hardware visualize arquivos pessoais. Em laptops ou máquinas em espaços compartilhados, é altamente recomendável manter a solicitação de senha no login. Além disso, com o login automático, o computador passará a pedir a senha em diversos momentos, como ao abrir aplicativos com privilégios mais profundos, por exemplo, o Google Chrome.

Outra opção importante é a criptografia da pasta pessoal. Quando ativada, todos os arquivos do usuário são criptografados usando a senha da conta como chave. Isso oferece proteção contra acesso não autorizado em caso de perda ou roubo do dispositivo, mas vem com uma advertência importante: a perda da senha significa a perda irreversível dos dados. Usuários que optam por esta proteção devem garantir que possuem um método confiável para lembrar ou armazenar com segurança sua senha. Em geral, para usuários domésticos, não é necessário ativar a criptografia.
Primeira inicialização e configurações pós-instalação
Com a instalação concluída e o sistema reiniciado (não esquecendo de remover a mídia de instalação), o Linux Mint apresenta seu assistente de boas-vindas – uma ferramenta que guia o usuário através das configurações iniciais mais importantes.
O gerenciador de drivers propõe a instalação de drivers proprietários quando disponíveis, especialmente para placas de vídeo NVIDIA e adaptadores Wi-Fi que requerem firmware adicional. Essa etapa pode significar a diferença entre um sistema com desempenho gráfico ideal e um que sequer consegue usar a resolução nativa do monitor.

A pós-instalação do Linux Mint pode definir o quão simples será utilizar o sistema a partir de agora. Confira nosso guia para tornar a distro tão simples e eficiente quanto possível!