O Ubuntu 25.04 “Plucky Puffin” chegou com seu charme habitual e uma série de atualizações que prometem melhorar a experiência do usuário. Mas será que essa versão consegue resolver os problemas crônicos que têm afastado muitos usuários?
Primeiras impressões: o que há de novo?
Ao iniciar o Ubuntu 25.04, a primeira coisa que chama atenção são os novos wallpapers — porque, convenhamos, todo mundo gosta de um visual renovado. Mas as mudanças vão muito além da estética. O sistema vem com o GNOME 48, que traz algumas funcionalidades interessantes, como:
- Controle de bem-estar digital: Agora você pode ver exatamente quanto tempo passou no computador e até definir limites diários. Ótimo para quem promete “só mais cinco minutos” e acaba virando a noite no PC;
- Notificações agrupadas: Finalmente, aquela enxurrada de alertas do Slack ou Telegram não vai mais ocupar metade da sua tela;
- Triple buffering dinâmico: Melhorias na fluidez das animações, especialmente em hardwares mais modestos.
E sim, o Xorg ainda está lá, mesmo que o Wayland seja o padrão. A Canonical parece entender que nem todo mundo está pronto para abandonar o velho conhecido.
Kernel 6.14 e suporte a hardware moderno
Sob o capô, o Ubuntu 25.04 roda o Linux 6.14, que traz melhorias significativas para quem usa hardware recente:
- Suporte a NPUs em chips Ryzen AI: Se você tem um laptop com processador AMD moderno, o sistema agora reconhece e utiliza melhor a unidade de processamento neural;
- NTSYNC para melhor desempenho em jogos via Wine: Uma boa notícia para gamers que dependem da camada de compatibilidade com Windows
- Suporte à tecla Copilot em alguns laptops: Porque, não é legal ter uma tecla que não serve para nada.
Os drivers gráficos também foram atualizados, com NVIDIA 570 e Mesa 25 para Intel/AMD. Se você tem uma placa de vídeo recente, as coisas devem funcionar melhor — pelo menos em teoria.
O problema que não quer calar: os Snaps
Aqui chegamos ao grande elefante na sala: os Snaps continuam sendo um problema. A Canonical insiste nesse formato, mesmo quando a comunidade já escolheu o Flatpak como padrão de fato para aplicativos desktop.
Alguns dos problemas mais irritantes:
- A Snap Store ainda é lenta e confusa: Tem até aplicativos marcados como “descontinuados — não use”. Ótimo, obrigado pelo aviso, mas por que eles ainda estão lá?
- Atualizações automáticas obrigatórias: Não dá para desativar. Se uma atualização de um Snap quebrar, você só descobre quando já é tarde;
- Falta de suporte oficial de muitos desenvolvedores: Enquanto no Flathub você encontra versões oficiais de softwares como OBS Studio, Discord e GIMP, na Snap Store muitos são empacotados por terceiros.
O mais irônico? Instalar Flatpaks no Ubuntu melhora a experiência drasticamente. Em poucos minutos, você pode ter acesso a uma loja de aplicativos mais completa, com atualizações centralizadas e versões oficiais dos programas.
Parece que a Canonical está tão focada em manter os Snaps que esqueceu de olhar para o que realmente funciona no desktop Linux hoje.
Será que o Ubuntu ainda é “Linux para seres humanos”?
Há uma década, o Ubuntu era a porta de entrada para muitos no mundo Linux. Hoje, porém, outras distribuições como Fedora, Zorin OS, Linux Mint e Pop!_OS oferecem experiências mais polidas e menos cheias de obstáculos artificiais.
O Ubuntu 25.04 é uma versão sólida tecnicamente, mas fica difícil recomendá-lo como a melhor opção para iniciantes quando:
- Você ainda precisa instalar Flatpaks manualmente para ter acesso aos melhores aplicativos;
- A experiência com Snaps continua sendo inferior à dos concorrentes;
- A fragmentação na gestão de atualizações (uma parte no Ubuntu Software, outra no Discover) é desnecessariamente confusa.
Vale a pena atualizar?
Se você já está no Ubuntu 24.04 LTS, provavelmente não há motivos urgentes para migrar. A versão LTS ainda é a mais estável e com suporte prolongado.
Mas se você gosta de ficar na crista da onda e testar as novidades antes de todo mundo, o Ubuntu 25.04 é uma boa maneira de ver o que a Canonical está preparando para o futuro. Só não espere milagres — especialmente no que diz respeito aos Snaps.
E se você está começando no Linux agora em 2025, talvez valha a pena dar uma olhada em outras distros antes de decidir pelo Ubuntu. Afinal, o mundo do software livre está cheio de opções incríveis — e nenhum sistema deve ser intocável quando se trata de críticas construtivas.
