O mundo do código aberto nunca fica parado, e desta vez a mudança veio com um sabor amargo para o Redis. O Arch Linux, conhecido por sua filosofia bleeding-edge e aderência aos princípios do software livre, anunciou que está substituindo o Redis pelo Valkey em seus repositórios oficiais. Mas o que levou a essa decisão? E o que isso significa para os usuários do Arch — e, quem sabe, para toda a comunidade open-source?
Redis vs. Valkey
Tudo começou em março de 2024, quando a Redis Inc. decidiu mudar a licença do seu banco de dados em memória de um modelo BSD (permissivo e amplamente aceito) para um esquema de licenciamento duplo: Redis Source Available License (RSALv2) e Server Side Public License (SSPLv1). O objetivo declarado? Impedir que grandes provedores de nuvem, como AWS, Google Cloud e Azure, oferecessem o Redis como serviço sem contribuir financeiramente para o seu desenvolvimento.
Parece justo, certo? Bem, a comunidade open-source não achou. A mudança efetivamente tirou o Redis do rol de softwares verdadeiramente livres, e a reação foi imediata. Gigantes como Amazon, Google e Oracle não perderam tempo: criaram um fork do Redis chamado Valkey, mantendo a licença BSD original e garantindo que o projeto continuasse sendo desenvolvido de forma comunitária.
E assim, enquanto o Redis se tornava cada vez mais “fechado”, o Valkey surgia como a alternativa preferida para quem ainda acredita no espírito colaborativo do código aberto.
Arch Linux toma uma decisão
O Arch Linux, sempre alinhado com os princípios do software livre, não ficou de fora dessa movimentação. No dia 17 de abril de 2025, os mantenedores do Arch anunciaram que o Valkey substituirá o Redis no repositório [extra].
Os usuários tem um período de 14 dias desde aquela data para migrar suas configurações antes que o Redis seja oficialmente removido dos repositórios oficiais e enviado para o Arch User Repository (AUR) — onde, diga-se de passagem, ele não receberá mais atualizações oficiais.
A mensagem é clara: se você usa Redis no Arch, é hora de começar a pensar em Valkey.
A boa notícia é que a transição não deve ser dolorosa. O Valkey foi criado para ser compatível com a maioria dos comandos do Redis, o que significa que muitos aplicativos podem simplesmente trocar uma dependência pela outra sem grandes modificações.
Além disso, backups criados no Redis podem ser importados para o Valkey sem complicações. Se você tem scripts ou serviços que dependem do Redis, provavelmente só precisará reinstalar o pacote e reiniciar os processos.
Mas e se algo der errado? Bom, aí você sempre pode recorrer ao AUR e manter o Redis rodando por um tempo — mas lembre-se: sem atualizações de segurança, essa não é uma solução viável a longo prazo.
O que isso significa para o futuro do Redis?
A mudança do Arch Linux é só mais um capítulo em uma história que vem se desenrolando desde o ano passado. Várias distribuições Linux já estão adotando o Valkey, e o fato de o Arch — uma distro influente no mundo dos desenvolvedores — ter tomado essa decisão só reforça a tendência.
A pergunta que fica é: o Redis vai sobreviver a isso?
Por um lado, a mudança de licença pode ter garantido à Redis Inc. um fluxo de receita mais estável. Por outro, perder espaço nas principais distribuições Linux significa perder visibilidade.
Se o Valkey continuar ganhando tração, é possível que o Redis acabe se tornando uma opção “enterprise”, enquanto a comunidade migra em massa para alternativas verdadeiramente abertas.
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