A migração de uma distribuição como o Ubuntu para outra como o Manjaro pode ser um pouco complicada para iniciantes, então vamos fazer aqui um guia completo com todas as informações que você precisa para poder fazer a troca de sistema ser ter muito impacto na sua produtividade.
O Manjaro é uma distribuição Linux baseada do Arch Linux, mas ao contrário da distribuição em que se baseia, o Manjaro procura trazer para o usuário final uma série de recursos e ferramentas para facilitar a configuração do sistema e a sua utilização.
Atualmente o Manjaro possui três versões “oficiais”, por assim dizer, e mais uma série de versões comunitárias, sendo que as versões “oficiais” são as com interface XFCE, KDE, além da versão de instalação mínima.
Veja: Confira a review do Manjaro XFCE.
Para darmos sequência ao nosso guia, vamos utilizar a versão com KDE do Manjaro, isso porque considero que os recursos presentes do KDE, sua aparência e funcionalidade, tornem ao ambiente um pouco mais próximo do Ubuntu com Unity do que a versão com XFCE, além disso, particularmente gostei mais desta versão do que a com XFCE, entretanto, boa parte das dicas que serão dadas neste guia poderão ser utilizadas em qualquer versão do Manjaro.
Então fique ligado(a)!
Fazendo o download do Manjaro Linux
O Manjaro está disponível com várias interfaces gráficas diferentes, como eu já havia comentado, temos versões de 32 e 64 bits disponíveis atualmente também, se você tem hardware modesto, a recomendação é utilizar o XFCE, ele vai ser mais leve para o seu computador, se você gosta de um desktop com um design rebuscado e com mais recursos, a versão com KDE talvez seja uma opção melhor. Claro que isso é muito relativo ao seu gosto, mas são alguns sugestões prévias que eu posso lhe dar.
– Página de download do Manjaro Linux.
Observe que você tem também a opção de baixar por torrent, que é inclusive a forma que eu recomendo que você baixe a ISO, assim você descarta praticamente qualquer possibilidade de baixar uma imagem corrompida. Essa dica vale para qualquer sistema que você for baixar, não só para o Manjaro.
Criando um Pen Drive ou DVD Bootável do Manjaro Linux
Essa parte é simples, se você já fez a instalação do Ubuntu, não haverá qualquer problema, pois o processo é idêntico. A iso do Manjaro KDE que eu baixei tem pouco mais de 2GB.
Para criar o pen drive bootável do Manjaro você pode usar o Etcher ou o Unetbootin, tanto no Windows, quanto em qualquer outra distribuição.
A instalação do Manjaro Linux
A instalação do Manjaro não é mais complicada que a do Ubuntu, ambas são realmente muito simples, então, você que está acostumado com o Ubuntu e quer migrar para o Manjaro não deve ter muita dificuldade quanto a isso.
Mesmo assim, vamos mostrar aqui o processo de instalação. Depois que você der boot, você verá uma tela como esta:
Na primeira tela que aparece você já tem uma série de opções, mas vamos nos limitar a duas, idealmente visando usuários iniciantes, que são em sua maioria o público do Ubuntu.
Isso deixa as nossas escolhas ainda mais simples, por via das dúvidas, você sempre pode ir diretamente na primeira opção “Start Manjaro Linux”, outra opção que você pode utilizar é a segunda, “Start (non-free drivers)”, essa segunda opção permite que sejam usados drivers proprietários contidos no Manjaro no modo live do sistema, isso pode ser útil no caso de você estar usando uma placa de vídeo muito nova, com eles provavelmente a resolução da sua tela ficará correta, no entanto, na maior parte dos casos a primeira opção funcionará perfeitamente.
Observe a parte inferior da tela também, você pode ver o menu de ajuda pressionando “F1” e até mesmo mudar a linguagem do instalador pressionando “F2”, pressionando “F4” você pode alterar algumas configurações na inicialização do Kernel, essa opção é destinada somente a usuários mais avançados, onde você poderá desabilitar alguns recursos como o ACPI, por exemplo.
Selecionado a primeira opção nós iremos para a próxima etapa da instalação.
Após aguardar alguns instantes você deverá chegar até à área de trabalho do Manjaro, que neste caso é o com o ambiente gráfico KDE Plasma. Logo na chegada você verá esta tela que se apresenta ao centro da imagem acima, este o é novo “Hello”, o antigo “Manjaro Welcome”, uma aplicação remodelada, com outro nome, porém com a mesma função da antiga.
Através dela você conseguirá acessar várias informações que podem ser importantes para você, como um usuário do sistema. Existem fóruns e canais oficiais para você tirar as suas dúvidas sobre o Manjaro, assim como você tem no seu Ubuntu, a grande diferença talvez seja a documentação online feita pelos próprios usuários, o Ubuntu, até por ser um sistema mais antigo, possui diversos tutoriais espalhados pela internet, o Manjaro também tem, mas em menor número, porém, seguindo o nosso guia e com um pouco de sorte você não precisará se preocupar com isso. 😄
Repare que nesta tela existe a opção de “Iniciar a instalação” do sistema, se você fechar essa janela você também encontrará o instalador pelo menu, então aproveite o modo Live para testar tudo o que você quiser no seu Manjaro.
Quando se sentir pronto ou pronta, clique na opção de instalar, ela vai abrir o instalador do Manjaro, assim como o Ubiquity do Ubuntu, ele é todo gráfico e muito intuitivo, seu nome é Calamares.
A primeira coisa que você tem a fazer nesta tela é selecionar o seu idioma preferencial, clique na cortina de opções ao lado da palavra “Language” e selecione o idioma de sua preferência, no meu caso é o bom e velho Português do Brasil.
Automaticamente o instalador é traduzido para o idioma selecionado, podem haver algumas coisas não completamente traduzidas, mas isso não deverá te atrapalhar, observe o painel do lado esquerdo, nele você poderá acompanhar em que passo do processo de instalação você está.
Depois de selecionar o idioma clique no botão “Próximo“.
Nesta etapa você deve selecionar a sua localização, lembrando que caso você esteja dentro do fuso horário de São Paulo (o mesmo de Brasília) é importante que você clique no “mapinha” antes de avançar, caso contrário o idioma do sistema continuará em Inglês, ainda que, como você vai ver mais tarde, mudar o idioma não seja algo muito complicado.
Se preferir mudar manualmente, basta clicar nos botões “Mudar…” que aparecem na tela, depois de tudo configurado à gosto, clique no botão “Próximo“.
A próxima etapa da instalação é onde você definirá o layout do seu teclado, você que está acostumado com o Ubuntu sabe que o instalador do sistema da Canonical normalmente configura automaticamente o seu teclado assim que você seleciona o idioma, no entanto, isso não acontece no Calamares do Manjaro, por isso, observe na lista da esquerda os idiomas, procure por “Portuguese (Brazil)“, provavelmente o seu teclado será o padrão, mas por via das dúvidas, você pode usar campo que fica abaixo deste painel de seleção para digitar algumas teclas cabais, como o “Ç”, acentos, etc. e ver se o teclado responde corretamente.
Caso o seu teclado seja diferente, você pode selecionar um outro formato de teclas nas opções do painel da direita ou ainda na caixa de seleção superior, onde você pode escolher por modelos específicos, veja a imagem que aparece no topo, ela vai te ajudar a encontrar um layout que “bata” com o teclado que você usa caso seja necessário.
Depois de tudo configurado, mais uma vez clique no botão “Próximo“.
A tela seguinte da instalação é uma das mais importantes, é onde você fará o particionamento do seu sistema operacional, é o local onde você irá fazer o dual boot também, caso seja esta a sua intenção.
A seta vermelha indica uma função também presente no instalador do Ubuntu que permite que você criptografe a sua pasta home no Manjaro, abaixo desta opção você verá o particionamento atual do disco e logo abaixo você pode ver como ele irá ficar caso você use a opção que está selecionada na parte superior da tela.
O modo mais simples é formatar o disco todo, basta selecionar a primeira opção e avançar, porém, isso vai apagar qualquer arquivo que esteja no seu computador, então faça backup dos seus dados antes de usar esta opção.
Se você quer fazer você mesmo as suas partições, selecione a opção “Particionamento manual” e avance clicando no botão “Próximo“.
Nesta tela você poderá criar as partições como bem entender, o utilitário de particionamento do Calamares lembra muito o funcionamento do Gparted, esse parte pode ser considerada um pouco mais avançada, então se você não sabe muito bem o que são sistemas de arquivos, e palavras como MBR, GPT, ponto de montagem e coisas do tipo são estranhas para você, vale a pena dar uma estudada antes, especialmente se você possui partições com dados no seu computador que não podem ser perdidas. Lembra do Backup, né?
As imagens acima refletem um sistema que tem um disco vazio ou formatado, abaixo você vê o exemplo de opções que surgem quando você já tem um sistema instalado, no caso, nós temos o Windows 7 como exemplo, você pode fazer dual boot facilmente selecionando a primeira opção, pode substituir uma partição existente, como a do Windows ou de qualquer outro sistema, ou ainda um “disco D” ou partição extra que você tenha, além das opções que já apareciam anteriormente.
Caso você deseje fazer o dual boot, marque a primeira opção e clique na primeira barra verde para indicar a partição que você deseja diminuir o espaço para instalar o Manjaro, logo após o seu clique, a barra que fica embaixo permitirá um redimensionamento, você pode escolher o tamanho que a partição terá simplesmente deslizando o controle para direita ou para esquerda.
Independente do método que você escolha para particionar, após fazer as seleções e configurações de sua preferência, tudo o que nos resta é avançar para próxima etapa da instalação.
Clique no botão “Próximo“.
Nesta etapa é onde criamos o usuário do nosso Manjaro, ela é bem parecida a que você está acostumado no Ubuntu, mas tem uma pequena diferença, por isso vou explicar cada um dos elementos, vamos lá?
1 – Digite o seu nome, este nome é o que aparece na tela de login do sistema e também no menu do KDE Plasma, pode escrever como você quiser.
2 – Este é o nome de usuário que o sistema “enxerga”, portanto ele deverá ser com caracteres minúsculos para facilitar o seu manuseio, além disso, ele pode ser diferente do seu nome de usuário definido no passo 1, porém lembre que o sistema fará a associação entre os dois nomes, então se você colocar como seu nome “João Carlos Silva Santos” e colocar o seu usuário como “joao”, o sistema associará os dois, um respondendo pelo outro, obviamente você poderá mudar o seu nome depois nas próprias configurações do sistema, como qualquer outro sistema, mas fica aí a dica. Eu gosto de deixar o mesmo nome em ambos.
3 – A terceira opção define o nome do computador para a rede, aqui você pode colocar qualquer nome também, por padrão o Manjaro pega o seu nome de usuário, acrescenta um hífen e coloca “pc” posteriormente.
4 – Aqui você deve definir a senha que será usada para logar no sistema operacional, é necessário digitar duas vezes a mesma senha para que haja confirmação. Atenção, esta não é, teoricamente a senha que você usa para instalar programas, como sudo ou como root. Entenda melhor à seguir no item 6.
5 – A opção, se marcada, faz com que você entre diretamente no sistema sem precisar digitar senha, ou seja, você não verá a tela de login do Manjaro marcando essa opção, obviamente é mais seguro para os seus dados ter um tela de login ativa, mas isso é algo puramente pessoal, então você deve escolher o funcionamento da forma que achar mais conveniente.
6 – Aqui temos um diferencial para a instalação convencional do Ubuntu. Por padrão o Ubuntu adiciona o seu usuário ao arquivo “sudoers”, fazendo com que você possa usar a sua senha de usuário para fazer funções de root sem te questionar, ainda que o usuário root não tenha senha definida por padrão.
No Manjaro, assim como no Fedora com o instalador Anaconda, você pode definir na própria instalação senhas diferentes para o usuário root e para o seu usuário. Marcar a opção indicada pelo número 6 fará com que o comportamento do Manjaro seja como o do Ubuntu e neste caso ele vai usar a mesma senha que você digitou no passo 4. Caso você queira usar uma senha diferente para o root, deixe DESMARCADA essa opção.
7 – Esta opção só aparece caso você não tenha marcado a opção indicada do item 6 da nossa lista, assim a senha que você colocar aqui pode ser diferente da senha da sua conta de usuário, essa será a senha que você usará para instalar programas no seu Manjaro e fazer alterações que envolvam o root, então escolha com sabedoria e não esqueça ela!
Depois de configurar o seu usuário, clique no botão “Próximo” para avançarmos.
Na tela que se apresenta na sequência, você verá o resumo das configurações que fez até agora, dando a você uma chance de ter a certeza de que configurou tudo como queria, caso algo esteja errado, você pode clicar no botão “Voltar” para retroceder as etapas até achar as opções que você deseja reajustar, ou simplesmente clicar no botão “Cancelar” para fechar o instalador e começar tudo novamente.
Se tudo estiver do seu agrado, vamos avançar para a instalação, clique no botão “Próximo” uma vez mais.
À partir de agora você só precisa aguardar a instalação, assim como no Ubuntu, alguns slides vão mostrar detalhes interessantes sobre o Manjaro, então tome um café, uma água, e aguarde alguns minutos.
Depois da instalação ser completada, você pode fechar o instalador e continuar testando no modo live, ou marcar a caixa que diz “Reiniciar agora” e clicar no botão de “Sair” para reiniciar o computador para poder usar o seu Manjaro instalado diretamente do HD/SSD.
Dica: Lembre de remover a unidade bootável do computador, seja pen drive ou DVD, caso contrário você vai acabar voltando para a tela de instalação.
Depois da instalação, vamos para a parte onde você vai conhecer alguns dos recursos particulares do Manjaro, vai aprender a instalar alguns programas, e também aprender a usar o terminal na sua nova distro.
O que fazer depois de instalar o Manjaro
Em alguns aspectos o Manjaro se parece mais com o Linux Mint do que com o Ubuntu, por exemplo, não há necessidade de você instalar codecs comuns para reprodução de mídia, o próprio sistema já o carrega por si.
De agora em diante, é bom que você entenda que estamos utilizando a interface KDE Plasma, então algumas coisas podem ser diferentes, variando de interface para interface, vide novamente o vídeo review sobre o Manjaro com XFCE que você encontra no início do artigo. Um exemplo destas diferenças é o programa Octopi, esse “fantasminha camarada” que você pode ver na barra do Plasma, no XFCE você encontrará um programa chamado PAMAC para as mesmas funções, ambos são gerenciadores de pacotes semelhantes ao Synaptic.
Assim como o Ubuntu, o Manjaro já vem com programas para praticamente todas as funções básicas e até alguns mais avançados que não fazem parte do Ubuntu por padrão, como o Krita e o Inkscape, então explore as categorias de programas no menu do sistema para conhecer melhor as ferramentas que você tem à sua disposição na instalação padrão antes de correr para instalar aplicações.
Assim como eu sempre falo nos tutoriais de pós instalação do Ubuntu, não é porque o sistema acabou de ser lançado que não existem atualizações, no mundo Linux isso acontece em todas as distros, então no Manjaro não é diferente, especialmente pelo fato do Manjaro ser Rolling Release, isso significa que não existem versões diferentes do sistema, apenas evoluções, instando o sistema uma única vez, em tese, basta ir atualizando para ter sempre as novidades, esse tipo de modelo tem vantagens e desvantagens, como já comentei neste vídeo.
Dependendo da “idade” da ISO que você baixou, você terá muitas atualizações para serem feitas, então é bom começar agora, não é?
Observe mais uma vez o ícone do “fantasminha” que fica ali na sua barra do Plasma, ele chama-se “Octopi” (pelo nome, talvez seja um polvo?), você encontra ele também no menu do seu sistema sob o nome de “Adicionar/Remover programas”.
Na barra, clique nele com o botão direito do mouse e clique na opção “System Upgrade“, se houverem atualizações, você pode fazer à partir da tela que vai se abrir. Você também pode gerenciar as atualizações através da interface do Octopi.
Ah sim! Você deve ter percebido que eu já mandei você direto para um programa que não tem uma interface tão intuitiva quanto uma Central de Aplicativos, como você está acostumado no Ubuntu, isso acontece porque o Manjaro em si não disponibiliza nativamente uma aplicação do tipo, mas o interessante é que você não precisa obedecer esta regra, o projeto KDE possui uma central de aplicativos que funciona com os repositórios padrões do Manjaro, ela se chama “Discover“, você pode instalar ela à partir do Octopi.
Procure pelo “Discover” no campo de busca, clique com o botão direito no pacote e selecione a opção de “Instalar“, depois de marcado para a instalação, clique no ícone de “certo“, confirmando a instalação, esse ícone fica ado lado da cabeça do “alien” que fica ao lado da barra de pesquisa, siga as instruções na tela para efetuar a instalação, será necessário informar a sua senha para poder instalar a aplicação.
Depois de instalado, o Discover será encontrado no menu do sistema, você pode usar ele para instalar, remover e atualizar aplicações que estejam nos repositórios normais do Manjaro, não funciona para o AUR, infelizmente, aliás, já, já eu falo dele.
A instalação de programas no Manjaro
Acho que você já deve ter percebido mais ou menos como funciona a instalação de pacotes no Manjaro, apesar de você poder usar uma interface mais bem acabada visualmente como o Discover, o “mestre dos magos”, ao menos na versão com KDE, é o Octopi.
A coisa que mais causa estranheza para usuários do Ubuntu é que quando você vai até um site como do Google Chrome, Dropbox, WPS Office, Caixa, Steam, etc, você não encontra nem sequer uma menção ao Manjaro, da mesma forma que você encontra referências ao Ubuntu, fazendo você imaginar que o acesso a estes programas no Manjaro seja limitado ou inexistente.
Esse tipo de coisa está diretamente relacionada à popularidade no mercado da distro, mas tenha em mente que isso não quer dizer que você não terá acesso a estas aplicações por utilizar o Manjaro Linux, inclusive, o instalador da Steam vem com o próprio Manjaro, verifique no menu do sistema a sessão de games e você vai encontrar uma forma fácil de instalar a Steam por lá.
Quando se trata de outros programas que não estão no repositório padrão do Manjaro, você poderá encontrar praticamente todos através AUR (Arch User Repository), para pesquisar dentro deste repositório você precisará no bom e velho Octopi, bastando clicar no “Alien” para poder pesquisar dentro dele, você verá que a variedade de pacotes é grande.
Então, usando este recurso, você pode instalar vários programas que serão de seu interesse. Particularmente falando (ou escrevendo), eu encontrei quase todos os pacotes de programas que eu uso, só alguns é que não consegui encontrar, vou falar deles depois.
Então aproveite o Octopi e o AUR para instalar alguns programas:
– Dropbox
– Spotify
– VMWare
– MegaSync
– GIMP 2.9
– OnlyOffice
– WPS Office
Todos os processos são semelhantes, mas vou usar como exemplo a instalação do Google Chrome, um software que é absolutamente essencial para o meu trabalho. O Chrome está no AUR para que você possa instalar, pesquise por ele digitando “chrome” na caixa de busca, clique com o botão direito e clique em instalar, depois confirme a instalação.
Normalmente um terminal vai ser abrir para que você confirme a instalação, nele você verá uma série de informações relacionadas ao PKGBUILD responsável por instalar o Chrome no seu Manjaro, você não precisa editar ele normalmente, então pode pressionar “n” para não editar e prosseguir com a instalação, quando o terminal pedir para você continuar a instalação do pacote você pode confirmar pressionando “y” ou “s”, dependendo do idioma selecionado, depois das perguntas para confirmação, é só pressionar “enter” para dar início a instalação.
Dica: Sempre leia com atenção o que o terminal está lhe pedindo, depois que você se acostumar com o processo, isso vai ficar muito mais rápido, mas os questionamentos feitos pelo Manjaro são diferentes dos feitos pelo Ubuntu, então leia, leia e leia.
Depois de instalada, cada aplicação deverá aparecer no menu, como no Ubuntu, nisso não há qualquer diferença.
Sim, convenhamos que esta não é uma interface bonita e pode acabar afastando usuários domésticos, mas é muito funcional, quanto a isso não há como discordar.
Como eu comentei, existem alguns programas que eu não consegui encontrar para o Manjaro que são importantes para mim, como o StorageMade Easy, um programa para gestão e agregação de serviços em nuvem. Muitos pacotes que eu precisava e que eu não estava encontrando no AUR na “versão” passada no Manjaro, eu acabei encontrando na versão 17 (a mais recente na época deste post), como o Warsaw para acesso a bancos, InSync para sincronia com o Google Drive, e até o editor de imagens Pixeluvo, que eu gosto muito.
O AUR é bem completo em termos de pacotes, acho que a única coisa que realmente falta é uma interface mais “gráfica” e amigável a todos os tipos de usuários, já que o Discover ou o Gnome Software não trabalham com ele direito. Ouvi falar que o Antergos, outra distro baseada no Arch e com um objetivo semelhante ao do Manjaro, estaria desenvolvendo um projeto que atualmente é conhecido como “Poodle”, que seria exatamente algo do tipo, uma central de programas gráfica com suporte para o AUR, mas já fazem alguns anos que eu vi as primeiras imagens dele a até o momento não temos nada do tipo, infelizmente.
Fica a dica até, se você é desenvolvedor e gosta da base Arch, este é O PROGRAMA para se desenvolver, iria ser uma divisão de águas no mundo Arch/Manjaro.
Manjaro Settings Manager
Agora vamos falar de outra ferramenta incrível que o Manjaro dispõe, esta talvez seja a única ferramenta construída especialmente para o Manjaro, além dos temas de desktop, ela vai te ajudar a configurar diversas coisas no sistema.
Você encontra o MSM diretamente na barra da interface KDE Plasma ou você pode encontrá-lo pelo menu do sistema.
Você também encontra as opções do Manjaro Settings Manager no painel de controle do KDE, repare a primeira sessão.
Existem várias ferramentas interessantes ali, algumas mais do que outras, vou dar destaque a 3 que eu considero mais interessantes.
Instalação de Drivers no Manjaro
O Manjaro também possui um instalador de drivers gráficos, assim como o Ubuntu, por ele você conseguirá instalar todos os drivers que quiser no seu sistema, com um diferencial bacana, ele também te mostra a versão dos drivers de outros dispositivos, como os de Serial Bus, não quer dizer que você vá mexer neles, mas é uma informação que eu considero válida.
Além disso, para pessoas menos experientes, existe um botão de “Auto Instalar” para os drivers proprietários, assim o próprio utilitário se encarrega de fazer o trabalho para você.
No Manjaro Settings Manager você também encontra uma ótima ferramenta para fazer manuseio de Kernel.
Este recurso nativo do Manjaro é algo que você só consegue no Ubuntu instalando este utilitário, tudo bem, mudança de Kernel não é algo destinado a usuários domésticos, mas é um recurso muito interessante, te dando acesso até a versões RC do Kernel para que você possa testar.
O Kernel Manager do Manjaro é muito intuitivo, acredito que você não terá dificuldade para entender como funciona a instalação e remoção de uma versão do Linux que você estiver usando, mas fica também a dica, se você não entender o que uma mudança dessas significa, evite de alterar uma parte tão sensível do sistema quanto o Kernel.
Outro recurso encontrado no Manjaro Settings Manager é a ferramenta para instalar pacotes de idioma e garantir que tudo esteja no seu idioma de preferência.
Aqui você consegue instalar ou remover pacotes de idioma do sistema de forma individual ou por grupos, é muito prático também, basta selecionar a opção que você desejar e clicar no botão “Instalar Pacotes“.
Outras coisas úteis para o seu dia a dia
Já falamos sobre a instalação de programas, sejam os que estão no repositório do Manjaro, sejam os que estão no AUR, falamos também sobre as configurações do sistema, você aprendeu a instalar drivers, mudar o Kernel e também a instalar os pacotes de idiomas na sua nova distro.
Mas como se instala uma impressora no Manjaro?
Neste caso você tem duas alternativas, se compararmos com o Ubuntu que concentra a configuração das impressoras do aplicativo “Impressoras”, o Manjaro também possui esse mesmo aplicativo mas também já trás o utilitário HPLIP para impressoras da HP, que é uma interface específica para manusear as impressoras da marca.
Eu tenho uma impressora multifuncional da HP e francamente, não vejo diferença entre usar uma ou outra aplicação na prática, acho até a opção da imagem acima mais simples de utilizar (é a mesma do Ubuntu e da maior parte das distros), visto que elas são apenas interfaces, os drivers são os mesmos.
Em resumo, para você que usa o Ubuntu, a instalação de impressoras é exatamente a mesma no Manjaro.
Temos até um vídeo te ensinando a fazer isso utilizando Linux Mint, que por sua vez é igual do Ubuntu também. Esse processo é praticamente o mesmo em todas as distros Linux, na verdade.
Dica adicional: Para você que gosta de ler documentações, o Manjaro te traz um arquivo chamado “Documentation for Beginners” ou “Documentação para iniciantes”, que você pode acessar através do próprio menu (repare na imagem acima) ou através do Manjaro Hello, aquela tela que aparece na inicialização do sistema normalmente.
Em termos de gráficos, o Manjaro não possui uma interface gráfica própria, ele ajusta e customiza interfaces da comunidade, como o KDE e o XFCE, então se você já usava uma destas interfaces em outra distro, em linhas gerais, isso não deverá te atrapalhar no Manjaro, a sua experiência com KDE, XFCE em qualquer outro sistema irá, na verdade, ajudar-te na adaptação.
Como estou dando enfoque no KDE, recomendo que você veja o manual do KDE Plasma que nós fizemos no canal utilizando o Kubuntu, o funcionamento da interface é exatamente a mesmo no Manjaro:
Comandos no Terminal do Manjaro
Quem gosta de trabalhar com o terminal no Ubuntu vai sentir aqui talvez a maior diferença, nada de “apt, apt-get qualquer coisa”. Todos os comandos o Linux, independente da distro são iguais em quase todos os casos, o que muda normalmente são os comandos relacionados ao gerenciador de pacotes e por instância, a forma com que você “conversa” com ele para instalar/remover/atualizar programas, além disso, distros diferentes podem conter “alias” diferentes para comandos mais completos e arquivos de configuração ordenados de forma diferente eventualmente, com nomes diferentes e alguns casos, até diretórios diferentes.
Vamos aqui ao básico do Arch/Manjaro/Antergos para você poder instalar e manusear os programas do seu sistema.
Obs: No Ubuntu, quem dita as regras para instalação, remoção e atualização de softwares é normalmente o apt, no Manjaro quem “dá as cartas” é o Pacman, ou Package Manager, ele serve para o repositório convencional, para trabalhar com o AUR normalmente usamos o Yaourt.
Vamos para as equivalências para você entender melhor:
– Atualizar repositório em busca de novos pacotes:
Ubuntu: sudo apt update
Manjaro: sudo pacman -Syy
– Atualizar o sistema
Ubuntu: sudo apt upgrade ou sudo apt dist-upgrade (veja a diferença aqui)
Manjaro: sudo pacman -Syu
– Atualizando o repositório e o sistema ao mesmo tempo
Ubuntu: sudo apt update && sudo apt upgrade (ou dist-upgrade)
Manjaro: sudo pacman -Syyu
– Pesquisando por um pacote dentro do repositório
Ubuntu: apt search [nome do pacote]
Manjaro: pacman -Ss [nome do pacote]
– Ver dependências e informações do pacote
Ubuntu: apt show [nome do pacote]
Manjaro: pactree [nome do pacote]
– Instalando pacotes
Ubuntu: sudo apt install [nome do pacote]
Manjaro: sudo pacman -S [nome do pacote]
E aqui vamos fazer uma outra breve, porém necessária, explicação, este comando acima serve apenas para pacotes já contidos no repositório oficial e não no repositório da comunidade (AUR), caso o pacote que você queira instalar esteja no AUR o comando será assim: yaourt -S [nome do pacote]
Para saber os nomes dos pacotes ou saber mais informações você pode consultar a versão online do AUR através de qualquer navegador. Se você quiser fazer apenas uma pesquisa por um pacote dentro do AUR sem precisar usar um navegador, o comando é praticamente idêntico, basta não usar o parâmetro “-S”. Desta forma: yaourt [nome do pacote]
O mesmo exemplo da imagem acima usando o pacote gimp-git.
É razoavelmente simples, não?
Para atualizar os pacotes que você baixou do AUR: yaourt -Syua
Vamos continuar…
– Removendo pacotes
Ubuntu: sudo apt remove [nome do pacote]
Manjaro: sudo pacman -R [nome do pacote]
– Removendo Cache
Neste caso existem algumas variações entre o apt e o pacman:
No Ubuntu:
sudo apt autoremove – remove pacotes que não são mais necessário, como versões antigas do Kernel instaladas.
sudo apt autoclean – remove pacotes .deb que foram baixados usado o apt mas que já foram atualizados ou instalados, ou seja, limpa o cache de aplicações já baixadas.
sudo apt clean – faz uma limpeza até mais profunda que o “autoclean”, eliminando pacotes que estão dentro de /var/cache/apt/archives/ e /var/cache/apt/archives/partial/, exceto os arquivos de trava.
No Manjaro:
sudo pacman -Sc – limpa o cache de forma semelhante ao “autoclean”.
sudo pacman -Scc – limpa o cache de forma semelhante ao “clean”.
Acho que isso resume as principais atividades de um usuário “comum” no terminal, mas você pode ler muito mais sobre as funções, tanto do PACMAN, Yaourt e até mesmo do APT consultando os manuais deles no próprio terminal.
pacman -h
yaourt -h
apt -h
Por mais que eu tenha mostrando uma série de comandos aqui, lembre-se, tudo isso pode ser feito de forma gráfica usando o Octopi ou outro utilitário gráfico, como o PAMAC ou o PacmanXG. Além disso, quero deixa para você aqui algumas sugestões de leitura para entender melhor como funciona o gerenciamento de um sistema como o Manjaro:
Lembre-se que a própria documentação do Arch Linux pode ser útil para você, ela é muito vasta e abrange vários assuntos, vale a pena ser consultada.
Com isso chegamos ao final de um guia para você quer quer deixar de usar o Ubuntu, Fedora, Mint ou qualquer outra distro e se aventurar no mundo do Arch/Manjaro.
Ao final, minha recomendação é que caso você seja iniciante no Linux, o Manjaro ainda não é a melhor opção, Linux Mint, Ubuntu e até mesmo Deepin serão muito mais simples e não exigiram certos conhecimentos, porém, se você já entende um pouco de Linux, é um usuário intermediário, por assim dizer, o Manjaro poderá lhe atender completamente.
E para você que está pensando em mudar do Windows para o Linux, consulte também o nosso guia de migração para o Ubuntu (Do Windows para o Ubuntu), ele pode lhe ser útil também.
Até a uma próxima!