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Harmony OS, o sistema da Huawei que quer substituir o Windows

A Huawei fez sua jogada mais ousada no mundo dos sistemas operacionais com o lançamento do Harmony OS para PCs, uma aposta arriscada que pretende desafiar a hegemonia do Windows e macOS. Enquanto a Microsoft e a Apple dominam o mercado global há décadas, a gigante chinesa está construindo seu próprio ecossistema, livre das amarras tecnológicas ocidentais. Mas será que o Harmony OS tem o que é preciso para competir com esses gigantes?

A resposta não é simples. O Harmony OS não é apenas mais um sistema operacional – é uma peça fundamental no plano da Huawei para se tornar completamente independente dos Estados Unidos. Desde as sanções impostas em 2019, a empresa foi forçada a buscar alternativas, e o resultado é um sistema que promete unificar smartphones, tablets, wearables e agora computadores.

O que levou a Huawei a criar seu próprio sistema operacional?

A história do Harmony OS começa com um conflito geopolítico. Em 2019, o governo dos EUA colocou a Huawei em sua lista negra, restringindo o acesso a tecnologias americanas. Isso significava que a empresa não poderia mais licenciar o Android com serviços Google nem o Windows para seus dispositivos.

Para uma empresa que dependia desses sistemas, a situação era crítica. Sem o Google Play Services, seus smartphones perderam atratividade no mercado internacional. E sem o Windows, seus laptops ficariam limitados a um nicho. A solução? Desenvolver um sistema operacional próprio que pudesse rodar em todos os seus dispositivos, desde smartwatches até computadores.

Assim nasceu o Harmony OS, anunciado inicialmente como um sistema leve e modular, capaz de se adaptar a diferentes tipos de hardware. A primeira versão ainda usava o kernel Linux e componentes do AOSP (Android Open Source Project), mas a Huawei já deixava claro que seu objetivo era a independência total.

Harmony OS NEXT

Em 2025, a Huawei deu um passo ainda mais ousado: lançou o Harmony OS NEXT, uma versão que supostamente eliminou qualquer vestígio de código ocidental.

O Harmony OS NEXT introduziu um microkernel monolítico próprio, substituindo o Linux. A Huawei afirma que essa arquitetura é mais segura e eficiente, especialmente para dispositivos com recursos limitados. Além disso, o sistema agora roda aplicativos nativos no formato .app, compilados pelo Ark Compiler, uma ferramenta desenvolvida internamente.

Outra grande mudança foi o abandono completo do suporte a aplicativos Android. Enquanto versões anteriores permitiam a instalação de APKs, o Harmony OS NEXT exige que os desenvolvedores criem software especificamente para sua plataforma.

A interface

Qualquer pessoa familiarizada com o Deepin Linux (uma distribuição chinesa conhecida por sua interface chamativa) vai notar uma semelhança impressionante com o Harmony OS.

Harmony OS, o sistema da Huawei que quer substituir o Windows (1)

A interface do Harmony OS para PCs lembra muito o Deepin Desktop Environment (DDE), com sua dock centralizada, menus flutuantes e efeitos visuais suaves. Até mesmo o posicionamento dos widgets de IA é quase idêntico.

A Huawei nunca confirmou se usou código do Deepin, mas a coincidência é grande demais para ignorar. Seja como for, o resultado é um sistema visualmente atraente, com animações fluidas e uma experiência que tenta rivalizar com o macOS e com o Windows 11.

O ecossistema de aplicativos

Um sistema operacional só é viável se tiver software relevante. E aqui está o maior obstáculo do Harmony OS.

No momento, a Huawei está focada em aplicativos chineses, como o Wukong Image Editor (uma alternativa ao Photoshop) e suítes de produtividade locais. A empresa também está incentivando desenvolvedores a portar seus programas para o formato .app, mas a adoção ainda é lenta.

Harmony OS, o sistema da Huawei que quer substituir o Windows (2)

Para usuários fora da China, a falta de suporte a ferramentas populares como certas suítes office, Adobe Creative Cloud e Steam é um grande empecilho. Enquanto o Harmony OS não conseguir oferecer alternativas convincentes, será difícil convencer usuários comuns a migrar.

Harmony OS em PCs

Os primeiros MateBooks com Harmony OS já estão à venda na China, e as impressões iniciais são mistas.

Pontos fortes

O sistema é rápido e bem otimizado, especialmente em hardware ARM. A integração com smartphones Huawei é um diferencial interessante, permitindo continuidade de tarefas e sincronização de dados semelhante ao que a Apple oferece entre iPhone e Mac.

Além disso, os recursos de IA embutidos – como tradução em tempo real e assistente de produtividade – mostram que a Huawei está investindo em inovação.

Pontos fracos

A maior limitação ainda é a falta de software essencial. Se você depende de programas como AutoCAD, Photoshop, GIMP ou até mesmo algum pacote Office específico, o Harmony OS não é uma opção viável no momento.

Outro problema é o ecossistema fechado. A Huawei controla rigidamente sua loja de aplicativos, o que pode limitar a liberdade do usuário.

Uma ameaça real ao Windows?

A Huawei claramente tem ambições globais, mas o sucesso do Harmony OS dependerá de alguns fatores críticos.

Até agora, o sistema está disponível principalmente no mercado chinês. Para competir com Windows e macOS globalmente, a Huawei precisará:

  • Garantir suporte a mais idiomas;
  • Firmar parcerias com desenvolvedores internacionais;
  • Oferecer compatibilidade com software profissional.

Se outras fabricantes chinesas (como Xiaomi e Oppo) adotarem o Harmony OS em seus dispositivos, o sistema ganhará tração mais rapidamente. Caso contrário, ele pode ficar restrito aos produtos Huawei.

No fim das contas, o sucesso do Harmony OS depende de pessoas estarem dispostas a abandonar Windows e macOS. E convencer o público a mudar para um sistema novo, desconhecido e ainda com poucos aplicativos não será fácil. As coisas poderiam ser mais simples se eles simplesmente adotassem o Linux.

Talvez o Harmony OS NEXT seja só um Linux oculto sob uma camada de outros softwares, um pinguim mascarado. Isso não significa que ele é necessariamente um software ruim, embora possa ter implicações legais. Mas diferente de você, ele certamente não entraria na Diostore para vestir a camisa do pinguim!

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Sobre o autor
Redator, além de estudante de engenharia e computação.
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