O Alpine Linux, uma das distribuições consideradas mais leves e seguras do universo Linux, está enfrentando uma crise que pode afetar milhões de usuários ao redor do mundo. Tudo devido a uma decisão da empresa de hospedagem Equinix. E, como se não bastasse, o Flathub, outro gigante do ecossistema Linux, também está em apuros.
O que aconteceu com a Equinix?
A Equinix, antes conhecida como Packet, foi por anos um dos principais pilares de infraestrutura para projetos open source como o Alpine Linux. Eles forneciam servidores bare-metal de alto desempenho, essenciais para manter os espelhos (mirrors) do Alpine Linux funcionando sem problemas. Mas, em junho de 2026, o serviço Equinix Metal será descontinuado. A empresa decidiu focar em outras áreas, como colocation e interconexão, deixando muitos projetos open source na mão.
Para o Alpine Linux, isso significa perder três serviços de armazenamento que sustentam a infraestrutura de espelhamento T1, dois servidores para integração contínua (CI) e uma caixa de desenvolvimento dedicada. Em resumo: é como se o Alpine fosse a estrela de um show, mas estivesse sem palco. E, sem um novo palco, a distribuição pode enfrentar sérios problemas para manter seus serviços estáveis e seguros.
O que o Alpine Linux precisa?
A equipe do Alpine Linux está em busca de ajuda para substituir a infraestrutura que será perdida com o fim do Equinix Metal. Eles precisam, principalmente, de duas coisas: espaço de colocation e servidores bare-metal. O ideal é que esses recursos estejam localizados próximo aos Países Baixos (Holanda), para facilitar a manutenção e o acesso por parte dos voluntários.
Os servidores bare-metal são essenciais para suportar a infraestrutura de espelhamento T1, que consome cerca de 800 TB de banda por mês. Além disso, máquinas robustas são necessárias para os runners de CI, que testam e constroem pacotes para as arquiteturas x86_64 e x86. Se servidores bare-metal não forem uma opção, máquinas virtuais com capacidade adequada de armazenamento, processamento e rede também podem ser uma solução.
E, claro, dinheiro. Manter um projeto open source dessa magnitude não é barato. Por isso, o Alpine Linux agora está no Open Collective, uma plataforma que permite doações transparentes para cobrir custos de infraestrutura. Se você ou sua organização puderem ajudar, seja com recursos de hospedagem ou contribuições financeiras, é hora de entrar em ação.
E o Flathub? Também está em apuros?
Parece que o azar gosta de andar em grupo. O Flathub, o principal repositório de aplicativos Flatpak, também depende da Equinix Metal para sua infraestrutura de compilação. E, assim como o Alpine, eles têm até o final de abril de 2025 para reconstruir tudo do zero. A situação é tão crítica que Bart Piotrowski, o “Flathub Fixer”, descreveu o momento como uma “tempestade perfeita”.
Além do problema de infraestrutura com a Equinix, o Flathub está migrando para uma nova arquitetura de compilação, abandonando o Buildbot (que já estava cheio de remendos) e adotando soluções mais modernas, como GitHub Actions e GitLab CI. A ideia é tornar o processo mais confiável e eficiente, mas isso não será fácil. A equipe está literalmente correndo contra o tempo para garantir que as compilações continuem funcionando sem interrupções.
E como você fica nessa história?
Se você é um usuário de Linux, especialmente do Alpine e derivados, ou de aplicativos Flatpak, essa crise pode afetar você diretamente. Sem uma infraestrutura robusta, o Alpine Linux pode enfrentar problemas para distribuir pacotes e atualizações, enquanto o Flathub pode ter dificuldades para construir e disponibilizar aplicativos.
Além disso, essa situação serve como um alerta para a comunidade open source. Projetos como o Alpine Linux e o Flathub são mantidos por equipes pequenas e dependem fortemente de doações e patrocínios. Se não houver apoio suficiente, a qualidade e a disponibilidade desses serviços podem cair repentinamente.
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