GNOME mostra nova proposta para o gerenciamento de janelas
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GNOME mostra nova proposta para o gerenciamento de janelas

Um paradigma antigo na computação é o comportamento do gerenciamento de janelas, até hoje, o padrão é basicamente a primeira solução criada há 50 anos: uma pilha de janelas flutuantes retangulares organizadas por qual foi usada mais recentemente.

Na prática, você não se preocupa muito com as janelas abertas, geralmente apenas com uma de cada vez em tela cheia, no máximo, deixa duas ou três dividindo espaço.

Essa solução pode funcionar bem enquanto o número de programas abertos é reduzido, mas se sua rotina exige muitos programas abertos ao mesmo tempo, as janelas se sobrepõem e a organização se complica. Não é porque estamos acostumados com os antigos problemas dessa abordagem, que eles não existem.

Em estudos realizados pela equipe do GNOME, principalmente com crianças e idosos, a tarefa de arrastar e redimensionar janelas pode não ser tão óbvia, requer certa precisão e coordenação motora. Basicamente é um problema promovido pelo sistema para o usuário resolver, quando teoricamente as coisas deveriam seguir o caminho inverso.

Já existe uma alternativa popular, os tiling window managers, que evitam a sobreposição de janelas ajustando-as no espaço livre da área de trabalho, o que nem sempre é o ideal, uma vez que cada aplicativo tem sua proporção ideal e desviar completamente disso pode causar problemas de visualização. Além disso, o ajuste automático dos tiling window managers frequentemente não é o ideal, tal como a solução clássica, põe à prova, a coordenação motora e capacidade organizacional do usuário.

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Tiling window manager. Imagem: GNOME

Não é a primeira vez que o GNOME promove uma alternativa ao gerenciamento de janelas

Desde o GNOME 3, o gerenciamento de janelas tem sido um misto de pilha de janelas com os tiling window managers. Na verdade, há bastante tempo as principais interfaces gráficas já utilizam uma abordagem mista. 

Você pode arrastar as janelas para os cantos e elas se encaixam, ou então pode gerenciá-las com atalhos do teclado. Contudo, isso traz algumas limitações, por ser um processo muito manual, com a responsabilidade toda no usuário, organizações complexas de janelas podem ser inviáveis, as janelas não se redimensionam conjuntamente. Além disso, nada conversa bem com as múltiplas áreas de trabalho, deixando essa ferramenta muito mais como um extra, do que parte do fluxo.

Após muito debate entre seus desenvolvedores, eles podem ter encontrado uma proposta que promete ser o estado de arte do gerenciamento de janelas. Um novo padrão que, apesar de demandar um pouco de boa vontade de todos os desenvolvedores de aplicativos, pode aprimorar o fluxo de trabalho de muitas pessoas. Ele se adequa a uma realidade onde telas de alta resolução se popularizam, abundância de memória RAM aliado à boa capacidade de processamento paralelo permitem dispositivos abrirem múltiplos programas sem travar.

Mosaico, uma nova forma de gerenciar janelas

O mosaico ainda não é uma realidade, ele continua em desenvolvimento e no final, pode não ser exatamente como descreveremos. A ideia é que ele se torne a nova forma padrão de utilizar o GNOME e para isso, ele deve ser bom o bastante para a maioria das pessoas não querer retornar ao modo anterior.

Ele mantém a ideia de unir o melhor dos dois mundos, mas de maneira ligeiramente diferente. Seus objetivos são:

  • Automaticamente fazer o que os usuários provavelmente querem, para evitar que precisem ajustar alguma coisa;
  • Integrar as múltiplas áreas de trabalho ao uso cotidiano;
  • Conscientizar os desenvolvedores a fornecer os metadados necessários para tudo funcionar corretamente.

Para tudo funcionar, a área de trabalho será organizada entre três camadas, o mosaico, o tiling window manager e as janelas flutuantes. Mas como tudo isso ornará?

O mosaico será o comportamento padrão do gerenciamento de janelas. Você abre uma janela e ela fica centralizada no tamanho que mais faz sentido para ela, algo que pode variar. Enquanto um navegador combina mais com a tela cheia, um aplicativo de despertador organizado numa única coluna, pode ser um retângulo vertical.

Conforme for abrindo mais aplicativos, eles vão se organizando no espaço livre, mas sem escapar do tamanho e proporção ideal. Você pode trocá-los de lugar e tudo vai se reacomodando inteligentemente, mas se algo não couber, será transferido para uma nova área de trabalho ao lado.

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No mosaico, cada janela ao seu modo. Imagem: GNOME

Claro que o usuário será livre para retirar uma janela da organização em mosaico para deixá-la flutuando e, quem sabe, acumular uma atrás da outra, além disso, elas poderão ser organizadas manualmente sem necessariamente respeitar o tamanho ideal, tal como nos tiling window managers. Mas como o sistema saberá o tamanho ideal de cada programa? A resposta disso está nos metadados.

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Organize suas janelas conformes sua preferência. Imagem: GNOME

Os desenvolvedores de aplicativos precisarão cooperar

Para as ideias do mosaico se encaixarem na prática, os desenvolvedores de aplicativos também precisam cooperar. Atualmente, muitos os programas já oferecem, ou deveriam oferecer em seus metadados, informações sobre sua resolução mínima, ou sobre algum tamanho fixo para operar, mas para o mosaico funcionar, isso precisa ir um pouco além.

Você já abriu em tela cheia, num monitor de alta resolução, algum aplicativo que claramente não foi feito para aquilo e toda a sua interface fica concentrada num pequeno espaço e o restante fica vazio? E já deixou uma janela tão pequena, que os elementos começam a se sobrepor e você não enxerga mais nada?

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Certamente esse aplicativo não foi feito para ser exibido dessa maneira. Imagem: GNOME

Para evitar situações como essas, os desenvolvedores do GNOME pedem para os criadores de aplicativos informarem também qual é o tamanho máximo e qual é o tamanho ideal para as suas criações. Esse tipo de dado permitirá que a interface organize os programas abertos de maneira agradável, sem distorcer nada, valorizado as aplicações e a experiência do usuário.

Além disso, esses metadados poderão ajudar outras interfaces gráficas a evoluir como organizam suas janelas.

De toda maneira, o mosaico pode demorar a dar as caras no GNOME, ainda não há um roteiro para o seu desenvolvimento e ele certamente não estará no GNOME 45, talvez no 46. Protótipos estão sendo feitos e o seu exato funcionamento está por definir. Quem quiser contribuir, está convidado para implementar ao menos partes do comportamento do mosaico e extensões para testar e aprimorar as interações. 

Afinal, qual será a recepção do público ao mosaico? Conte o que você pensa sobre o assunto nos comentários e interaja com a comunidade do fórum Diolinux Plus, onde você também pode acompanhar as últimas notícias do mundo da tecnologia e do Linux.

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