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O que o Steam Deck significa para os jogos no Linux?

Há muito tempo, dizer que você iria jogar grandes títulos no Linux pareceria uma grande piada, mas cada dia que se passa, Linux vem se tornando uma plataforma viável para jogos, graças aos esforços de grandes empresas de tecnologia.

Uma das empresas que mais apostou no sistema do pinguim foi a Valve, dona da famosa plataforma de jogos “Steam”, que inicialmente trouxe seus jogos autorais e ao longo dos anos, abriu a porta para uma infinidade de títulos através do proton.

Recentemente a empresa anunciou seu novo console portátil o Steam Deck, que trará uma nova versão de seu sistema operacional o Steam OS, que agora será baseado no Arch Linux e contará com a interface Plasma do KDE.

Quer saber os impactos que os jogadores no Linux terão? Então prepare sua bebida favorita, sente-se confortavelmente e vamos falar sobre o Steam Deck.

Valve+Linux, uma parceria e tanto

Há alguns anos, a Valve viu que depender apenas do Windows como sua principal plataforma de distribuição de jogos poderia gerar problemas futuros, dado que ela não tinha poder sobre o sistema operacional.

Bem, o Mac OS da Apple nunca foi um sistema pensado para jogos, tornando o Linux um sistema ideal, já que ele é gratuito e aberto, permitindo que a Valve tenha algum “controle” sobre ele.

A primeira versão da Steam para Linux chegou apenas com os jogos da própria empresa, como o Counter Strike, DOTA, Team Fortress, entre outros. Ao longo do tempo, desenvolvedores de jogos indie começaram a portar  seus jogos para a plataforma, mas, isso não era suficiente, já que algumas desenvolvedoras e publishers não viam motivo para lançar seus títulos neste sistema operacional.

Elevando o nível da jogatina

Para que o Linux se tornasse cada vez mais viável para os jogadores ao redor do mundo, a Valve trabalhou em um projeto para elevar ainda mais o nível da Steam no Linux e em 2018 conhecemos o proton.

De fato, ele trouxe melhorias significativas para sua loja, que passou a suportar vários títulos, com exceção de alguns jogos multiplayer que utilizam anti-cheats. Além da Steam, projetos como o Lutris foram bastante beneficiados, fazendo com que jogos como Overwatch e títulos da Epic Games também rodassem no sistema do pinguim.

Porque investir em um console?

Várias pessoas se perguntam qual o motivo da Valve querer investir em seu próprio console, já que ela domina a venda de jogos global no desktop e é dona de um dos jogos FPS mais jogados na atualidade.

Para manter sua independência a Valve precisava direcionar seu público para outro sistema, o SteamOS.

Porém, a taxa de usuários interessada em utilizar o SteamOS era inicialmente muito pequena e as Steam Machines surgiram com o propósito de tentar emplacar o sistema, para que mais desenvolvedores vissem Linux como uma plataforma viável para portar e criar seus jogos.

Steam machines, um projeto “fracassado”

A Valve já investiu no mundo do hardware há algum tempo com as famosas Steam Machines. Os “consoles” da empresa vinham com o SteamOS instalado por padrão e tinham como um belo diferencial seu controle.

Você deve estar se perguntando o porque nunca viu alguma Steam Machine em lan-houses, casas de amigos, grandes varejistas, etc. Isso se deve ao fato destes consoles serem extremamente caros, com preços que variavam de US $460 e US $5 mil.

Segundo dados da empresa, as Steam Machines venderam menos de meio milhão de unidades, enquanto consoles como Xbox e Playstation vendiam bem mais que essa quantia em pouco tempo após seu lançamento.

Conheça o Steam Deck

A Valve ainda quer investir no mercado de hardware e após analisar o fracasso de vendas que as Steam Machines foram, resolveu apostar em um portátil, com um preço razoável e uma nova versão de seu sistema.

Anunciado há alguns dias, o Steam Deck é o novo PC portátil da Valve que trará um preço competitivo em suas três versões:

  • 64 GB eMMC por US $399
  • 256 GB SSD NVMe por US $529
  • 512 GB SSD NVMe por US $649

Todas as versões possuem uma entrada para cartão SD, para que os usuários possam aumentar o armazenamento do dispositivo (afinal, muitos títulos consomem no mínimo 10 GB de espaço em disco.

Com valores tão “baixos”, não sabemos se a Valve realmente pretende lucrar com a venda destes dispositivos, já que nem mesmo a Sony e a Microsoft conseguem obter muito vendendo seus consoles, mas sim com os serviços como Playstation Plus e Xbox Game Pass.

Um SteamOS melhorado

Embora o Steam Deck seja muito impressionante, nem mesmo o melhor hardware do mundo terá sucesso  sem um bom software. E pensando nisso, a Valve começou a trabalhar na versão 3.0 do seu sistema operacional, o SteamOS.

O novo SteamOS não será mais baseado no Debian e nem contará com a interface GNOME. A versão 3.0, utilizará a base Arch Linux e contará com a interface Plasma do KDE.

Não sabemos  o motivo desta mudança, mas certamente fará uma grande diferença, já que o Arch sempre possui os pacotes mais recentes, mantendo os drivers Mesa e complementos como o Vulkan e ACO sempre atualizados.

Uma boa escolha?

O que me preocupa em relação ao novo SteamOS ser baseado no Arch Linux, é que ele no geral não será utilizado por pessoas que conhecem Linux, mas, por entusiastas de games. E por mais que seja voltado para jogos, o Steam Deck pode ser utilizado como um PC comum, onde podemos instalar programas, acessar a internet e até mesmo trabalhar.

Bem, todos sabemos que o Arch é um projeto incrível, mas não é muito recomendado para iniciantes. Resta saber se a Valve pensou nisso, adaptando algumas soluções como um gestor de pacotes e atualizações, diminuindo o risco do sistema se quebrar após o usuário tentar realizar uma atualização ou simplesmente tentar instalar um navegador de internet.

Compatível com ainda mais jogos

Atualmente, um dos fatores que impossibilitam a Valve de dar acesso a todos os seus jogos para Linux são os anti-cheats em títulos multiplayer como o Fall Guys, PUBG, Destiny e vários outros que podem ser encontrados na plataforma.

Como isso pode prejudicar as vendas do Steam Deck, a Valve está trabalhando em conjunto com empresas de anti-cheats como o EAC e Batle Eye para compatibilizá-los com o Proton.

Segundo a empresa, até o lançamento oficial a grande maioria dos jogos que utilizam anti-cheats serão compatíveis com o SteamOS 3.0 e quem sabe sistemas baseados em Linux no geral.

O futuro dos jogos no Linux

Jogar no Linux já foi um mito muitos anos atrás, mas, desde que a Valve resolveu apostar suas fichas no sistema do pinguim, o jogo virou de forma considerável.  Atualmente, temos compatibilidade com cerca de 18 mil jogos no Linux segundo o SteamDB.

Além da própria Steam, temos projetos como o Lutris e o Wine, que podem rodar muitos títulos após algumas configurações, através de tecnologias como o DXVK e o próprio Vulkan, que vem tornando a tarefa de portar jogos para Linux mais fácil para diversos desenvolvedores de jogos.

Um ótimo exemplo é a Hanoi Studios, um estúdio indie de games brasileiro que recentemente criou um Bundle na Steam, com alguns jogos que foram portados para Linux, incluindo o título Hanoi Puzzles desenvolvido pelo estúdio.

Esperamos que assim como a Hanoi Studios, cada vez mais desenvolvedores possam trazer seus lançamentos para sistemas baseados em Linux através do Vulkan ou até mesmo do próprio Proton.

Mas, e você? O que achou da novidade da Steam? Quais jogos você espera ver em breve no Linux? Deixe sua opinião nos comentários e até o próximo artigo!

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Olá pessoas, me chamo Carlos Augusto e desde meus 6 anos sou apaixonado por tecnologia, principalmente por computação. Além de tentar ser um projeto de redator, no tempo livre gosto de fazer algumas manutenções e gambiarras!
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