Quando o assunto é recomendar uma distribuição Linux para quem está começando, certos nomes aparecem com frequência: Linux Mint, Zorin OS e Pop!_OS. Curiosamente, distribuições mais antigas e consolidadas como Ubuntu e Fedora, embora sejam bases para muitas outras, nem sempre são as primeiras indicações. O que explica essa preferência?
A evolução das distros e a mudança de paradigma
O Ubuntu já foi, sem dúvida, a principal recomendação para iniciantes. Por volta de 2014, era quase unânime. Mas o tempo passou, e enquanto ele seguia seu caminho, outras distribuições surgiram com um foco ainda maior em facilidade e experiência do usuário.
Não se trata de o Ubuntu ter piorado, mas sim de que a concorrência elevou o padrão. Hoje, para ajustar certas configurações no Ubuntu, usuários comuns podem precisar recorrer ao terminal – algo que distros como Linux Mint e Zorin OS evitam ao máximo, priorizando interfaces gráficas intuitivas.

Linux Mint: o Ubuntu sem as dores de cabeça
O Linux Mint nasceu como uma resposta às limitações do Ubuntu. Ele mantém a mesma base técnica (sendo baseado no Ubuntu ou no Debian), mas adiciona uma camada de refinamento que faz toda a diferença:
Sua interface Cinnamon foi projetada para ser familiar a quem vem do Windows 7, com um menu iniciar tradicional e organização intuitiva. Além disso, o Mint evita algumas decisões controversas do Ubuntu, como a inclusão forçada do Snap, que pode causar lentidão em alguns sistemas, além de apresentar alguns programas menos funcionais do que eles deveriam ser.

Zorin OS: o Windows que não É windows
Se o Linux Mint é um “Ubuntu aprimorado”, o Zorin OS (que também é baseado no Ubuntu) vai além, criando uma experiência que tenta ser ainda mais amigável possível para quem vem de versões mais recentes do Windows.
Um dos seus maiores trunfos é a possibilidade de mudar o layout do desktop para imitar Windows 7, Windows 10, Windows 11 ou até macOS com um único clique. Isso reduz a curva de aprendizado, permitindo que o usuário mantenha parte de sua “memória muscular” ao clicar em menus e atalhos.
Além disso, o Zorin OS tem um cuidado especial com compatibilidade de fontes e documentos do Microsoft Office, evitando que arquivos fiquem desformatados ao serem abertos em aplicativos Linux. Pequenos detalhes como esse fazem uma grande diferença para quem está migrando.

Pop!_OS: Um Linux com cara de Linux com facilidades
Enquanto Mint e Zorin focam em familiaridade, o Pop!_OS (desenvolvido pela System76) se destaca pela otimização técnica. Ele é mais uma distro baseada no Ubuntu, mas resolve várias dores de cabeça comuns:
Drivers gráficos, especialmente da NVIDIA, já vêm pré-instalados, eliminando um dos maiores obstáculos para usuários iniciantes. O kernel é mais atualizado que o do Ubuntu LTS padrão, melhorando suporte a hardware novo e desempenho em jogos.
Outro diferencial é o sistema de recuperação integrado, que permite reinstalar o sistema sem perder arquivos pessoais, lembrando a praticidade do Windows ou macOS.

Por que Ubuntu e o Fedora não são mais as principais recomendações?
Não é que Ubuntu ou Fedora sejam ruins. Na verdade, tecnicamente, quase tudo que as distros derivadas oferecem pode ser replicado nas originais. A diferença está no trabalho necessário para chegar lá.
No Zorin OS e no Linux Mint, o modo “Windows-like” já vem ativado. No Ubuntu, seria necessário instalar extensões ou mudar o ambiente desktop manualmente. No Pop!_OS, os drivers NVIDIA já estão prontos e todas as configurações que um usuário convencional precisa já vêm preparadas para fazer pela interface gráfica, enquanto no Ubuntu pode ser necessário habilitar repositórios adicionais.
Essas distros derivadas eliminam barreiras que as distros pais deixam como “exercício para o usuário”. Para quem está começando, essa diferença pode ser decisiva entre uma experiência tranquila e uma cheia de obstáculos.
No final, o Linux oferece opções para todos os gostos – e o melhor jeito de escolher é testar as que te chamam mais a atenção e ver qual se adapta melhor ao seu uso.
Este conteúdo é um corte do Diocast! Assista na íntegra ao episódio onde conversamos sobre por que algumas das principais distribuições Linux, como Ubuntu Desktop e Fedora Workstation, não sempre são as escolhas automáticas para quem está começando no mundo do Linux!