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O novo Chrome OS Flex virou uma distro Linux de vez?

Quem não acompanha o mundo do ChromeOS pode ter uma impressão completamente errada dele, a cada atualização, ele se torna um sistema operacional mais robusto. 

O Google continua evoluindo e adicionando recursos ao Chrome OS Flex também, a versão do Chrome OS para computadores tradicionais, tornando ele viável não só para computadores mais fracos, já que o ChromeOS é muito leve, mas também versátil para quem quer fazer algo mais do que simplesmente navegar na internet.

Um meio de instalação mais tradicional

Uma das maiores reclamações do Chrome OS Flex na época que ele foi lançado era o fato de não ter uma imagem do sistema para você baixar e criar um pendrive bootável ou algo assim. Era necessário usar um utilitário do Google Chrome que só estava disponível para Windows e macOS, o que poderia ser bem inconveniente, já que uma imagem de instalação realmente não tem nada de especial.

Agora você pode baixar um arquivo diretamente do site, ele vem no formato .bin, com quase 8GB, podendo ser usado com qualquer aplicativo de criação de pendrives bootáveis, como o Balena Etcher por exemplo.

Caso o arquivo não seja reconhecido pelo aplicativo de criação de unidades bootáveis, tente trocar o .bin no final do arquivo para .img ou .iso, por aqui funcionou.

A instalação do sistema é muito simples, com poucos passos, facilitando para que usuários com pouco conhecimento técnico façam o procedimento, mas podendo chatear usuários mais avançados. Ainda não tem como fazer particionamento manual, dual boot ou mesmo escolher em qual unidade você quer instalar o sistema.

O que há de novo no Chrome OS Flex?

Quanto ao sistema, o Chrome OS Flex atual não mudou tanto em termos de recursos se comparado ao último vídeo que a gente fez sobre o Chrome OS.

A diferença mais significativa do ChromeOS que vem num Chromebook de verdade e a versão Flex que a gente pode instalar em qualquer computador, é sem dúvida a presença da Google Play, a versão Flex não tem esse suporte infelizmente. O FydeOS, um sistema semelhante ao Chrome OS, conseguiu contornar esse problema, e como o Chrome OS Flex é do Google, provavelmente o único impeditivo é a vontade deles mesmo.

O lado bom do Chrome OS Flex é justamente poder ser instalado em um hardware mais parrudo, instalamos num notebook com 16GB de RAM, SSD de 1TB e um Core i7 da 12a geração. Não existe nenhum modelo de Chromebook vendido no Brasil que chegue perto disso.

A versão mais recente do Chrome OS recebeu um upgrade na gestão de janelas, inspirado talvez no Windows 11, ou no macOS. Ao deixar o cursor do mouse sobre o ícone de maximizar, agora temos algumas funções de tiling, podendo deixar as janelas lado a lado divididas de forma igual, ou com uma um pouco maior que a outra, em tela cheia, com um painel superior, como no macOS, ou flutuante.

O novo Chrome OS Flex virou uma distro Linux de vez?

Com o aumento da popularidade do sistema em empresas, um novo aplicativo com toda a cara de escritório foi adicionado por padrão, ele permite gerir filas de impressão, não muito emocionante, mas certamente útil. O Aplicativo que mostra os atalhos do sistema recebeu uma repaginada também, e pode ser uma boa você passar por lá para aprender a usar mais recursos do sistema, como os desktops virtuais.

Parece que o Chrome OS está ganhando muita atenção no meio empresarial, já que ele pode ser gerenciado pelo Google Workspaces, um verdadeiro sonho de consumo para quem quer organizar vários parques de máquinas diferentes, ao menos termos de facilidade.

Para quem for fazer uso pessoal, tem algumas coisas novas boas, alguns problemas antigos, mas principalmente, tem um futuro muito interessante pela frente com um projeto chamado “Lacros”, acrônimo para “Linux and Chrome OS”.

Um Debian no Chrome OS

Chrome OS Flex sem a Google Play parece pouca coisa até você começar a usar o subsistema Linux que existe nele. Por padrão, ao ativar o Linux no seu Chrome OS Flex (que já seria um Linux também), você terá um Debian 11, não é a versão mais recente do Debian, mas dá para fazer uma graça, inclusive, ele tem repositórios backport ativos.

O interessante é que está contido num formato de contêiner, onde você pode instalar qualquer programa do repositório do Debian no Chrome, gráfico ou não, incluindo suporte a Flatpak, aumentando muito as possibilidades de você rodar softwares mais recentes, incluindo o próprio Steam.

Instalamos diversos programas dessa forma, incluindo o Firefox para gente fazer benchmarks. Softwares como o GIMP, Steam, VLC e vários outros funcionam tranquilamente, se instalar o Bottles, dá para rodar até alguns aplicativos do Windows através do Wine também.

Alguns aplicativos enfrentam problemas, como o OBS Studio, que reclama por estar rodando num contêiner. Isso pode ser devido à limitação de aceleração gráfica por GPU num ambiente virtualizado, ou mesmo pelo software que faz a gestão gráfica do ChromeOS ser o Freon, em vez de algo que o OBS tenha suporte no Linux, como o Xorg ou o Wayland. Por isso o projeto Lacros é tão importante.

O futuro do Chrome OS

O Chrome OS é um sistema altamente integrado atualmente, e não no ótimo sentido. A tela de login, o Ash, que é o Window Manager, o Freon que é o Display Manager e o próprio navegador Chrome são uma única coisa, um único binário.

A ideia do Google é separar o sistema operacional do Navegador em pelo menos dois binários diferentes, então o navegador Chrome, do Chrome OS será basicamente o mesmo Chrome do Linux, enquanto o sistema segue independente, e focando no suporte em Wayland também.

Isso pode ter boas repercussões para o Chrome OS e para as demais distribuições Linux, como o que ocorre com a Valve e o SteamOS, acarretando melhorias em drivers de vídeo e na parte gráfica, além do suporte a periféricos no Linux.

O Google Chrome do Chrome OS ser o mesmo do Linux tradicional, significa mais atenção e suporte para a qualidade do navegador no sistema do pinguim. A mudança de foco para o Wayland, não só pode trazer melhorias para o protocolo para todos os sistemas, como torna o Chrome OS mais atrativos. Talvez com uma mudança assim, o próprio OBS Studio possa funcionar, os games da Steam possam rodar melhor no Chrome OS e assim por diante.

É natural pensar que uma virtualização de ambiente assim geraria perda de desempenho, será que é verdade?

Como está o desempenho do Chrome OS Flex?

Quando o Debian 12 foi lançado, fizemos testes nele usando o mesmo laptop onde instalamos o Chrome OS Flex agora. O Chrome OS Flex usa o Debian 11 com Backports no seu container Linux, apesar de não ser o mesmo, é uma aproximação interessante, lembrando que o Debian 12 foi testado com o GNOME como interface.

No teste de renderização de cenas com o Blender, praticamente não existe perda em usar o Chrome OS Flex dessa forma, em uma das cenas ele até foi melhor que o Debian 12 instalado na mesma máquina, ficando ligeiramente atrás nas outras duas.

Blender 3.xClassroomMonsterJunkshop
Debian 1218,5741,7525,87
Chrome OS Flex 11518,0443,3924,39

O Teste com a Unigine Superposition não foi possível de ser realizado, assim como o OBS, esse foi outro software que reclamou de estar rodando num container.

Mas o Geekbenck rodou sem problemas, tanto em single core, quanto em multicore o Chrome OS ficou atrás do Debian 12, mas dadas as circunstâncias, os resultados foram bons.

GeekbenchSingle CoreMulti Core
Debian 1215695320
Chrome OS Flex 11514585165

Ironicamente, o Firefox no Chrome OS Flex fez muito mais pontos de desempenho do teste de Web Basemark do que o Firefox no Debian, o Chrome, nativo do sistema, fez 1062 pontos, em comparação.

FirefoxWeb Basemark
Debian 12789,06
Chrome OS Flex 115957,41

Instalar a Steam e os jogos funcionaram são coisas diferentes, dentro dos games que geralmente testamos, não tivemos sucesso com nenhum, alguns chegaram até a abrir, mas fechavam em sequência, o único game que funcionou dentre os que testamos, foi o clássico Penumbra, da Frictional Games.

Mas o Google entende a importância dos games, do Steam e também o papel do Linux e do Proton nesse mercado, especialmente depois do lançamento do SteamDeck. Atualmente, o Steam para Chrome OS está em Beta, funcionando de uma forma um pouco diferente.

Dependendo das atividades que você faça no computador, o Chrome OS cai como uma luva, e o Chrome OS Flex, sem a Google Play, pode funcionar para muitos casos também, ainda mais com o suporte de aplicativos Linux e repositórios de software como o Flathub.

Talvez o único problema é que, para usar o Flathub, ou tirar pleno proveito dos contêineres Linux do Chrome OS você precise ser um usuário com um pouco mais de habilidade. Se o Chrome OS aceitasse Flatpaks por padrão, seria ótimo, mas infelizmente não é o caso, e você precisa mexer nas configurações e usar a linha de comando para fazer as coisas acontecerem.

Se para você isso não é um problema, ótimo, o Chrome OS acaba não sendo tão diferente assim de uma distro tradicional, e com o projeto Lacros, talvez a distância entre as duas coisas diminua ainda mais.

Espera, você também ama o Linux? Mostre isso ao mundo com alguma das nossas estampas!

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