O mundo do Linux está de luto – ou pelo menos deveria estar. O Arco Linux, uma distribuição baseada no Arch com foco educacional, anunciou seu fim após anos de existência. E, como já aconteceu com tantas outras distros (lembram do Kurumin e do Conectiva?), o projeto simplesmente decidiu que era hora de encerrar as atividades.
A notícia pode não ter causado tanto alvoroço quanto se fosse o Ubuntu ou o Fedora desaparecendo, mas levanta questões importantes sobre o ciclo de vida das distribuições Linux e o desafio de manter projetos independentes vivos.
Por que o Arco Linux está “fechando as portas”?
O Arco Linux não foi vítima de falta de usuários ou de uma crise financeira – afinal, estamos falando de software livre. O motivo foi muito mais humano: seu criador, Eric Dubois, está chegando aos 60 anos e decidiu que era hora de se aposentar.
Em um mundo onde muitas distribuições são mantidas por comunidades ou empresas, o Arco Linux era um projeto liderado essencialmente por uma única pessoa. Dubois não apenas desenvolvia a distro, mas também produziu mais de 5.500 vídeos tutoriais sobre Linux e software livre. Isso mesmo: 5.500 vídeos. Se você assistisse um por dia, levaria mais de 15 anos para ver todos.
Mas, como ele mesmo explicou, preferiu encerrar o projeto “enquanto ainda estava no topo”, em vez de deixá-lo definhar sem energia para mantê-lo.
O legado educativo do Arco Linux
Diferente de muitas distros que tentam ser “o Ubuntu, mas um pouco diferente”, o Arco Linux tinha um propósito claro: ensinar. Ele era uma das muitas derivações do Arch Linux que surgiram para facilitar o acesso a um sistema conhecido por sua complexidade.
Enquanto o Arch tradicional exige que o usuário configure quase tudo manualmente, o Arco Linux vem com:
- Um instalador gráfico simplificado;
- Ferramentas pré-configuradas para quem quer aprender sem ter que quebrar a cabeça;
- Documentação e tutoriais detalhados, muitos deles criados pelo próprio Dubois.
Ou seja, é uma distro que não apenas entrega um sistema pronto, mas também ensinava como ele funcionava.
Por que distros como o Arco Linux desaparecem?
O Arco Linux não é o primeiro projeto do tipo a encerrar suas atividades, e certamente não será o último. Algumas razões para isso incluem:
A dependência de poucos ou um único mantenedor
Muitas distribuições menores nascem da paixão de uma única pessoa. Quando essa pessoa cansa, o projeto morre. Sem comunidade forte, não há continuidade.
A concorrência das “distros gigantes”
Distros menores são menos atraentes para muitas pessoas, considerando que Ubuntu, Fedora e Linux Mint oferecem suporte robusto e documentação abundante.
O custo de manter um projeto
Desenvolver uma distro pode não custar dinheiro, mas exige tempo, energia e paciência. E, após anos, muitos mantenedores simplesmente esgotam esses recursos.
E agora, para onde vão os usuários do Arco Linux?
A boa notícia é que, no mundo do software livre, nada morre de verdade. O código do Arco Linux continuará disponível, mas os usuários podem migrar facilmente para outras distros baseadas no Arch, como:
- EndeavourOS (uma das mais amigáveis para iniciantes no Arch Linux);
- Manjaro (se quiserem algo mais polido);
- O próprio Arch Linux (caso se sintam prontos para o desafio, que, a propósito, não precisa ser tão grande assim).
Além disso, os 5.500 vídeos de Eric Dubois continuarão por aí, ajudando novos usuários a aprenderem Linux.
O desaparecimento do Arco Linux serve como um lembrete: projetos open-source dependem de pessoas. Se ninguém estiver disposto a assumir a liderança quando o criador original se afasta, mesmo as melhores ideias podem desaparecer.
Enquanto isso, resta aos fãs da distro agradecer a Eric Dubois pelo trabalho incrível e seguir em frente – afinal sempre há uma alternativa.
Este conteúdo é um corte do Diocast. Assista na íntegra ao episódio onde conversamos sobre o inevitável fim de todos os softwares e projetos, pequenos ou grandes, mesmo do seu site ou distro favorita!