Na última semana, o mundo das distribuições Linux foi sacudido por uma proposta polêmica: o Fedora 44 poderia abandonar o suporte a arquiteturas i686 e bibliotecas de 32 bits. A ideia, sugerida por Fabio Valentini do Fedora Engineering Steering Committee (FESCo), gerou reações tão intensas que fizeram a comunidade parecer um enxame de marimbondos.
O principal alvo de preocupação? Os jogos. Com Wine e Steam dependendo fortemente de bibliotecas de 32 bits, a proposta ameaçava quebrar a experiência de gaming no Fedora e seus derivados.
A retirada da proposta
Diante de centenas de comentários inflamados – incluindo ameaças de migração em massa para outras distros – Valentini decidiu recuar. Em seu comunicado, ele admitiu que o timing para Fedora 44 era prematuro, mas manteve um tom que oscilava entre a frustração e a resignação.
Como bem destacou Valentini, a proposta visava resolver problemas técnicos reais enfrentados pelos mantenedores de pacotes, não arruinar deliberadamente a vida dos gamers.
O cerne da questão é simples: manter suporte a arquiteturas antigas tem um custo. Com cada vez menos projetos oferecendo suporte a sistemas de 32 bits, distribuições como o Fedora se veem em uma encruzilhada. Continuar dando suporte significa gastar recursos escassos em uma tecnologia em declínio; abandoná-la pode alienar parte da base de usuários.
Curiosamente, o Fedora se tornou vítima do próprio sucesso ao priorizar software atualizado. Enquanto distribuições mais conservadoras podem ficar anos com versões LTS de pacotes, o Fedora está sempre na vanguarda, o que significa lidar primeiro com problemas como esse.
Apesar do recuo, Valentini deixou claro que o problema não vai desaparecer magicamente. Mais cedo ou mais tarde, o suporte a 32 bits terá seu fim. Mas pelo menos não será no Fedora 44. Enquanto isso, a bola está no campo da comunidade: se alguém tiver uma solução melhor para equilibrar progresso técnico e compatibilidade, agora é a hora de apresentá-la.
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