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Por que todo mundo está migrando para Linux?

Tem alguma coisa diferente está acontecendo na internet, parece que um monte de gente decidiu começar a usar Linux e está compartilhando as suas experiências aqui no YouTube. Fizemos uma pesquisa por vídeos sobre migração para Linux publicados no último ano, especialmente  de canais pequenos, evitando canais que já falam sobre Linux com frequência, e dando preferência também por vídeos mais recentes.

27 vídeos e 5 horas depois, coletamos dados incríveis sobre o que parece ter feito tantas pessoas testarem Linux nos seus computadores, observando como boa parte delas está lidando com a mudança, quais distros a maioria escolheu e também quais problemas elas enfrentaram.  

Por mais que essas pessoas estejam espalhadas por todo o mundo, várias coisas que elas falaram foram semelhantes. Desconsideramos o Chrome OS, pois ele não foi citado em nenhum dos vídeos, embora tenha uma parcela expressiva do mercado.

Tecnicamente, todos somos usuários de Linux quando usamos uma tecnologia ao nosso redor, mesmo se você usa Windows ou macOS, o simples fato de ter um roteador ou assistir ao YouTube, significa que tem Linux também, mesmo que indiretamente.

Ainda que nem todo o mundo que esteja migrando para Linux no desktop no sentido literal, é notável a quantidade de conteúdos envolvendo essa temática nos últimos meses, especialmente vindos de canais que não costumavam falar sobre Linux com frequência.

Considerando que a maioria das pessoas não tem um canal no YouTube, é de se supor que muito mais gente está testando Linux nos seus computadores também sem fazer um conteúdo sobre isso, apenas expandindo os seus horizontes computacionais, para além do Windows, especialmente.

Por que as pessoas estão migrando para Linux?

Pelo que percebemos, existem basicamente 5 motivos que fizeram as pessoas darem uma chance para o pinguim. O primeiro foi a privacidade, ao que parece, o anúncio de tanta integração com IA no Windows 11 e o Recall foi a gota d’água para muita gente que já estava se sentindo desconfortável com a forma do Windows funcionar:

Muitas pessoas falaram as mesmas coisas nesses vídeos de migração para Linux, como se usar Linux no desktop fosse você dar aquela respirada de ar puro depois de passar por muita fumaça. É uma preocupação a menos, e você ainda pode usar soluções e ferramentas de IA quando quiser, a diferença é que não tem ninguém te forçando a isso, ou colocando alguma forma de IA num produto, ou software, só para poder dizer isso no marketing depois. 

O segundo motivo mais mencionado nesses vídeos foi a segurança. Muita gente está cansada também de ter que se preocupar com a manutenção do sistema e tomar muito cuidado com vírus e coisas desse tipo na hora de baixar e instalar um programa. As pessoas querem um sistema para usar sem se preocupar com alguma segunda intenção. 

Customização também foi algo mencionado algumas vezes, não por todo mundo. Muita gente que fez essas migrações para Linux estava ali simplesmente tentando fazer tarefas simples de navegação na internet e uso de redes sociais. Mas para a parcela de pessoas que gostam de explorar os seus computadores e personalizar as suas experiências, Linux parece ter caído como uma luva.

O quarto item, acredite se quiser, foram os jogos. Games costumavam ser um impeditivo para algumas pessoas, mas a visão de Linux para jogos está mudando consideravelmente. Coisas como o Steam Deck Valve, sem dúvida, abriram os olhos das pessoas para jogos no Linux como nunca antes, ajudando a abrir um pouco o mercado.

Várias pessoas nesses vídeos contaram sobre suas experiências positivas com jogos no Linux, incluindo emuladores de vídeo game, e viram no Linux um paraíso para essas coisas também.

Claro, houve ressalvas quanto a jogos com certos Anti-cheats não serem compatíveis com Linux e com o Proton, mas foi uma minoria que apontou isso como um real problema para os games que gostavam de jogar.

E o quinto motivo que foi constantemente mencionado são os softwares. Mais do que nunca os softwares que as pessoas queriam usar já existiam no Linux ou existiam alternativas boas o suficiente, a ponto de não sentirem tanta falta do Windows ou macOS, além do próprio hábito de usar alguns softwares específicos, para tarefas específicas.

Como grande parte dessas pessoas criam vídeos, se tornou evidente o quanto o DaVinci Resolve foi mencionado, o fato da Blackmagic dar suporte para ele no Linux e o Resolve ter ficado tão popular nos últimos anos, tornou a vida de Youtubers que querem usar Linux muito mais fácil. 

Falando em softwares, uma reclamação interessante fala sobre alguns plugins de terceiros vendidos a parte, que até funcionariam nos softwares que rodam no Linux. Mas por eles serem vendidos com um instalador automático que geralmente é um .exe de Windows ou um dmg de mac,

No geral, muitos desses usuários em seus relatos contam estar cansados de ter que lutar contra o sistema operacional que usam nos seus computadores. Cansados pela da falta de controle sobre o sistema que roda nas máquinas que eles compraram, cansados de propagandas no sistema operacional, cansados de ter que fazer debloat de algo que deveria já ser funcional logo de fábrica.

Por fim, outro tópico que apareceu algumas vezes foi o das pessoas quererem usar o seu hardware pelo tempo que elas quiserem e não serem forçadas a atualizar. Ou mudar de equipamento só para acomodar uma nova versão do Windows que tem restrições para rodar em determinados hardwares mais antigos ou sem algum tipo de chip, uma atualização do Windows por vezes, cujas novidades a maioria nem queria no sistema.

Quais foram as distros preferidas? 

Houve quem tentou migrar e conseguiu, e quem tentou, teve problemas e ainda está tentando se adaptar ou voltou para o Windows por hora, mas com planos de migrar para o Linux assim que for possível, quando uma distro acomodar suas necessidades. Um padrão bem claro que apareceu nessas histórias de migração é que três distros Linux foram as mais mencionadas como a porta de entrada para o mundo Linux: o Pop!_OS, o Linux Mint e Zorin OS, distros que costumamos recomendar também para iniciantes.

Sistemas que tem um visual estilo Windows, tipo o Zorin OS e o Linux Mint, além de distros como o Kubuntu, com o KDE Plasma, pareceram fazer mais sucesso do que o Pop!_OS, que segue mais a linha do Mac. O visual e o Workflow relativamente semelhante ao Windows parece ter facilitado esse primeiro contato e de longe o Linux Mint foi a distro mais mencionada e recomendada em todos esses vídeos.

A parte mais legal foi ver várias pessoas tentando fazer as suas tarefas do dia a dia no Linux Mint pela primeira vez e não só conseguindo, mas descobrindo novas formas interessantes de aproveitar os seus próprios computadores.

Várias pessoas se mostraram surpresas com o quanto, especialmente o Linux Mint, já vem pronto, tudo funcionava corretamente. Ficaram surpresas com o fato de alguns hardwares que elas tinham e não funcionam bem no Windows, funcionarem bem no Linux, como impressoras.

Quais foram os principais problemas encontrados entre quem migrou para o Linux?

O primeiro é sobre equipamentos que não tem drivers, isso não parece ter atrapalhado a maioria, mas incomodou um pouco alguns. Apesar de existirem soluções open source e do hardware geralmente funcionar no computador com Linux, alguns periféricos e hardware requerem um software companheiro deles para fazer algumas configurações, como o caso de alguns mouses, ou softwares para fazer o upgrade de firmware de câmeras, por exemplo.

Outro problema dentre os mais comentados são softwares ausentes da plataforma, especialmente a suite da Adobe para produzir conteúdo, e não conseguem migrar para as alternativas devido ao trabalho. Ou simplesmente continuam em processo de aprendizado, tipo o caso de mudar do Premiere para o Resolve, ou do Illustrator para o Inkscape.

Nessa mesma categoria temos pessoas falando sobre jogos específicos, que não tem compatibilidade com Linux ainda, como os jogos da Riot Games e alguns jogos da Steam, onde o anti-cheat não é compatível, obrigando as pessoas a usarem o Windows para essas tarefas.

E a solução?

Uma parte mencionou que trabalha em dual boot, e só liga o Windows para essas coisas ou pra rodar algum game, outros mencionaram que uma máquina virtual com Windows resolveu o problema também, já que eles só precisavam fazer algumas atividades mais esporádicas usando softwares que só rodam no Windows. 

Nessa série de vídeos alguém até comentou algo nas linhas de:

Já percebeu que o macOS tem basicamente as mesmas limitações do Linux? Tirando a suíte da Adobe talvez, e ele roda muito menos jogos do que o Linux; mesmo assim as pessoas que usam macOS sobrevivem, então, provavelmente você vai conseguir sobreviver no Linux também, especialmente se não depender de Adobe.

Como foi a experiência com o terminal?

Alguns desses usuários foram pesquisar sobre como fazer algumas coisas e acabaram caindo em fóruns e tutoriais que explicavam como fazer certas coisas pelo terminal. Foi muito interessante como muitos deram comandos e testaram coisas com entusiasmo, sem apontar isso como algo negativo, mesmo sem entender muito bem o que estavam falando.

Conhecer o sistema a fundo e não ter medo da linha de comando é algo que sem dúvida deve ser incentivado, mas também é importante existirem guias que não consideram o uso do terminal como a única forma de fazer algo, especialmente porque ele não é.

Esse é um trabalho que a gente vem fazendo há mais de uma década no Diolinux: mostrar que o terminal é incrível, mas para aqueles que não querer usar ele, sempre existem opções para resolver praticamente tudo via interface gráfica, especialmente se a distro que a pessoa estiver usando, for voltada para o uso doméstico.

O terminal está presente mesmo no Windows e no macOS sempre que você tentar fazer algo fora do convencional, muita gente acha até divertido usar ele nesses outros sistemas e se sente um hacker. No Linux, por algum motivo ainda tem esse estigma, onde alguns veem o uso do Terminal como negativo.

Linux está crescendo

Fazia muito tempo que não via tanta gente falando sobre migrar para Linux. Com a Microsoft criando algumas polêmicas recentemente, ela tem sido um dos melhores garotos propaganda para o sistema do pinguim dos últimos anos, a brincadeira do “ano do Linux no desktop” vai ficando mais séria.

A boa notícia é que o Linux no desktop não precisa passar o Windows para causar um impacto e atrair atenção de mais empresas e trazer melhor suporte a certos softwares e jogos: só precisa crescer um pouco mais.

Segundo o Statcounter, atualmente Linux teria quase 4% dos desktops globais, enquanto o macOS tem quase 15%. Isso não é muito em números percentuais, mas são milhões e milhões de computadores.

Considerando o fato do Chrome OS ser um Linux também, além da sessão de sistemas ‘desconhecidos” acumular uma boa quantidade de Linux também, talvez o pinguim já chegue próximo de 10% em termos de desktop, numa previsão bem otimista.

Se aproximando mais do macOS, já começa a ser mais difícil ignorar a presença de potenciais clientes no mercado que usam Linux. A gente sente a diferença agora, então é de se imaginar o que aconteceria se sistemas com base Linux passarem o macOS.

O Windows claramente vem num declínio ao longo dos anos, em 2009 o sistema da Microsoft tinha 95% do mercado de desktops. Aquele era o auge do Windows 7, hoje o Windows tem menos de 75%, com algumas quedas um pouco maiores ao longo do caminho e depois se recuperando.

É muita coisa ainda e provavelmente o Windows não deixará de ser o sistema líder nos desktops por muitos anos ainda, mas sistemas com base Linux não dominar o mercado, só ganhar uma fatia um pouco maior, e isso é factível.

Atualmente, quase 70% dos computadores rodando Windows tem o Windows 10, que está prestes a perder o seu suporte, com muita gente preocupada com o futuro por causa disso. Quando isso acontecer, aposto que apesar de grande parte dos usuários tenderem a migrar para o Windows 11 ou qualquer que seja a versão disponível no momento, muita gente também tentará outros ares.

No Brasil mesmo, especialmente nesse ano, muita gente parece estar voltando para o Windows 10 porque não gostou da experiência com o 11. Na enquete que fizemos com alguns milhares de votos, o Windows 10 parece ser realmente o querido da maioria.

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Não há nenhum problema em gostar do Windows ou continuar usando o sistema porque precisa, ele á uma ferramenta como qualquer outra, por vezes excelente para algumas atividades. Esperamos que as pessoas insatisfeitas com o Windows, possam encontrar algo que se encaixe melhor com o que elas esperam dos seus computadores, e se for gratuito e open source, melhor ainda.

Fato, Linux não é para todo mundo, mas é para muito mais gente do que se imagina, e várias pessoas estão se dando conta disso agora, cada dia mais. Isso começa com alguns dos adeptos, que pelo menos sabe formatar o próprio computador, e gradualmente vão trazendo usuários mais simples.

Confira nossas dicas para configurar o Linux Mint para algum parente seu, que não entende muito de computador, consiga utilizar, fazer tudo o que ele precisa e se manter seguro online!

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