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Querem adiar o fim do Windows 10, mas não é a melhor solução

Se é desagradável imaginar ter que trocar um computador perfeitamente funcional apenas por que a Microsoft decretou o fim do Windows 10 em prol de seu sucessor, imagina uma empresa com dezenas, ou até milhares de PCs. PIRG, Public Interest Research Groups, uma instituição sem fins lucrativos dos EUA e do Canada que visa proteger os diretos dos consumidores, fez a seguinte petição:

Prezado Satya Nadella, CEO da Microsoft

Não mande para o lixo milhões de computadores. A decisão da Microsoft de encerrar o suporte para o Windows 10 pode causar o maior descarte de computadores da história, e tornar impossíveis as metas de sustentabilidade da empresa. A nova visão sobre o hardware requerido para rodar o novo Windows 11 pode resultar em 40% dos PCs deixando de funcionar.

A decisão da Microsoft de deixar de manter milhões de computadores ainda funcionais que rodamos em nossos hospitais, empresas e lares é um mau negócio para os consumidores que esperam que os seus dispositivos caros durem por bastante tempo.

Todo software chega a um ponto onde ele não pode ser mais receber suporte, mas quando as consequências para o nosso ambiente são tão grandes, nós não devemos aceitar.

A intenção é boa, mas, ao mesmo tempo, pode estar atacando o problema errado, algo que, eventualmente, voltará a dar problema. São perfeitamente compreensíveis as motivações de querer que o Windows 10 permaneça por mais tempo, isso tem tudo a ver com movimento “Right to Repair” que a PIRG também promove.

O Right to Repair, ou direito de consertar, ganhou bastante força nos últimos tempos, escancarando técnicas de obsolescência programada em produtos de todo tipo, especialmente eletrônicos, tentando criar a responsabilidade de fornecimento de informações e peças para reparos de dispositivos. Uma causa nobre e justa. 

A raiz da questão

De fato, não há ponto negativo para o consumidor em manter o Windows 10 por mais tempo, desde que a Microsoft consiga manter a segurança do sistema. Porém, atentemos que a própria Microsoft, anunciou o plano de aposentadoria do Windows 10 para outubro de 2025 ainda em 2021, 4 anos antes do encerramento derradeiro do suporte. Pode não parecer tanto à primeira vista, mas considerando que o Windows 10 foi lançado em 2015, são 10 anos, a mesma média que cada versão do Windows costuma ter, fazendo com que o anúncio do encerramento do suporte ocorra ainda na metade da vida do sistema operacional.

É evidente que o problema não é o encerramento do Windows 10 em si, o próprio texto da petição evidencia isso, mas que para muitos desses computadores, não há como atualizar para o Windows 11 por questões de requisitos de hardware.

notebook com Windows 10

É neste ponto que vemos que o foco da petição está errado, ainda que as consequências do que eles afirmam que vai acontecer, com milhões de computadores sucateados, seja plausível. Seria melhor pedir para a Microsoft tratar o Windows 11 ou o que quer que venha de depois, permitindo atualizar essas máquinas antigas.

Digamos que a Microsoft atenda esse pedido, e adicione mais 2 ou 3 anos de suporte a atualizações de segurança, mais tarde a gente esbarraria basicamente no mesmo problema. Adiar é diferente de resolver.

Windows 10 não é Windows 11

Vamos à outra hipótese, permitir atualizar o sistema operacional. Ainda assim, haveria problemas, o Windows 11, comparado ao Windows 10, é uma máquina de dados para a Microsoft, tanto quanto o Android é para o Google, além de ser uma plataforma de inteligência artificial, para vender serviços e muito mais.

Enquanto para o usuário doméstico, consumidor desses serviços, isto pode não ser um problema, dependendo de como cada um encara essas coisas relacionadas a privacidade, em locais onde os computadores são utilizados num aspecto mais operacional, como hospitais e empresas, o Windows 11 é uma tralha desnecessária, pois, no fundo, não é o Windows que essas empresas e hospitais usam, mas algum software que roda nele.

Qual o verdadeiro problema?

O real problema não é a Microsoft encerrar o suporte ao Windows 10 em 2025 ou o Windows 11 ser carregado de coisas questionavelmente, mas que as pessoas deixaram as suas empresas e hospitais, conforme o exemplo da PIRG, dependendo de um software que eles não têm o menor controle. Pensando em sustentabilidade, sabe que outra possibilidade existiria para esses milhões de computadores não virarem sucata?

Já demos diversos exemplos sobre como resgatar computadores fracos e antigos usando Linux, é uma solução mais do que óbvia para boa parte desses problemas, ainda que admitidamente, não para todos.

Fazer uma pedição desse tipo para a Microsoft, só reforça o poder que a empresa exerce sobre o seu trabalho e de milhões de pessoas, o que por si só é uma constatação do óbvio. E se, em paralelo, fosse iniciada uma campanha para fazer com que softwares usados em empresas e hospitais fossem independentes das vontades da Microsoft, sendo compatíveis com Linux?

Isto pode gerar soluções específicas e de menor custo para cada um desses mercados, podendo funcionar indefinidamente, abandonando o suporte para certos hardwares apenas quando eles ficarem completamente obsoletos do ponto de vista técnico, e não por conta de uma mudança de gerações de sistema operacional visando o mercado em detrimento à sustentabilidade.

Para ter uma ideia, só em 2022 o Kernel Linux perdeu suporte para processadores i486, lançados no início da década de 90! Um prazo incomparável.

Diversifique o risco

Diversas distribuições Linux atuais funcionam bem na maior parte desses computadores que arriscam virar lixo eletrônico com o fim do Windows 10. Em muitos casos, basta as pessoas quererem usar, porém, em outros, pode existir alguma limitação de software.

Nesta situação, a postura ideal é remediar como possível, não se deixa algum sistema de hospital sem funcionar porque o software necessário não roda no Linux, precisa-se fazer o que for preciso para manter funcionando, nem que signifique comprar computadores novos e instalar o Windows 11 ou continuar rodando o Windows 10 mesmo sem suporte.

Querem adiar o fim do Windows 10, mas não é a melhor solução
Um computador sem suporte ao Windows 11

Porém, esse problema que o PIRG se manifestou é cíclico, daqui a pouco é o Windows 11 que fica sem suporte, depois o Windows 12, e assim por diante. Quando é o momento de tomar alguma ação que garanta sustentabilidade de longo prazo? 

Basta ver o gráfico de participação de mercado das versões do Windows e comparar o Windows 10 com o 11 para perceber que não importa as maravilhas que o Windows 11 conseguiu trazer para o desktop, ainda parecem não justificar a atualização em massa.

Querem adiar o fim do Windows 10, mas não é a melhor solução 3

Ainda existem muitas pessoas que não tem a noção dos riscos de usar um sistema operacional defasado e sem suporte ou que não se importam com o que está rodando no computador, desde que cumpra seu fim.

Conscientizar as pessoas sobre isso e sobre as possibilidades que existem com Linux e com software open source é importante para uma tecnologia mais sustentável, um futuro onde a Microsoft possa continuar sendo uma grande provedora de software extremamente lucrativa, mas que não a única alternativa viável.

Felizmente as coisas mudaram muito na última década quanto à percepção das pessoas sobre a utilização de software, buscamos fazer a nossa parte por aqui, divulgando tecnologias de todos os tipos. Você que compartilha o nosso conteúdo também colabora com essa causa, por isso, saiba que, embora o caminho seja longo, caminhamos para algo significativo.

Confira um exemplo de como o Linux pode salvar computadores órfãos do Windows 10!

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