GIMP 3: Um passo esperado, mas suficiente?
O GIMP (GNU Image Manipulation Program) é um dos softwares de edição de imagem mais conhecidos do universo de código aberto. Com uma história que remonta a 1995, ele foi lançado em 1996 como uma alternativa gratuita ao Photoshop. Desde então, o GIMP tem evoluído lentamente, acumulando melhorias e atualizações ao longo de décadas. Agora, o tão esperado GIMP 3 está no horizonte, prometendo trazer novidades importantes.
Mas, será que essas mudanças são suficientes para manter o GIMP relevante no competitivo mercado de softwares de edição?
O longo ciclo de desenvolvimento do GIMP 3
O desenvolvimento do GIMP 3 tem sido marcado por atrasos e desafios. A versão 2.10, lançada em 2018, é a edição estável mais recente disponível, mas já acumula mais de meia década de uso. A transição para o GIMP 3 foi anunciada há anos, mas bugs e problemas técnicos continuam atrasando seu lançamento.
Previsto inicialmente para 2023, o GIMP 3 agora deve chegar em 2025, sem uma data exata confirmada. Isso levanta questões sobre o impacto do ritmo de desenvolvimento lento em um mercado que evolui mais rapidamente.
GIMP: Um concorrente para o Photoshop?
Desde sua criação, o GIMP foi anunciado como uma alternativa ao Photoshop. No entanto, ao longo dos anos, o Photoshop se distanciou, consolidando-se como a principal ferramenta para profissionais.
Isso não significa que o GIMP seja irrelevante. Ele é poderoso e pode realizar muitas tarefas que o Photoshop domina, mas as diferenças entre os dois são evidentes:
Versatilidade e recursos
O Photoshop possui um conjunto robusto de ferramentas avançadas, como remoção automática de fundos e regeneração de partes da imagem. Essas funcionalidades são esperadas pelos profissionais modernos, mas ainda estão ausentes no GIMP.
Foco no mercado profissional
O Photoshop é um produto com financiamento significativo, o que permite que a Adobe inove constantemente. Já o GIMP, sem uma fundação ou suporte financeiro substancial, avança de forma mais limitada.
Curva de aprendizado
Muitos usuários do Photoshop enfrentam dificuldades ao tentar migrar para o GIMP devido às diferenças nos atalhos e na interface. Embora existam soluções como o plugin “PhotoGIMP”, que ajusta a interface do GIMP para se parecer mais com o Photoshop, ainda há um caminho considerável para tornar a transição suave.
O que esperar do GIMP 3?
O GIMP 3 está trazendo mudanças importantes, incluindo:
Atualização para GTK3
A interface do GIMP será atualizada para GTK3, abandonando o GTK2 usado na versão 2.10. Isso promete um visual mais moderno e maior compatibilidade com tecnologias atuais. Contudo, essa transição já está defasada, pois o GTK4 já está consolidado no mercado e, até o GIMP atualizar para ele, poderemos já ter o GTK5.
Edição não destrutiva
Um dos recursos mais aguardados é a edição não destrutiva. Essa funcionalidade, há muito presente no Photoshop, permite que os usuários façam alterações em camadas sem modificar permanentemente a imagem original.
Interface mais intuitiva
Pequenos ajustes na interface prometem tornar o GIMP mais acessível, mas sem mudanças radicais.
Embora sejam avanços bem-vindos, essas melhorias não são revolucionárias. Elas corrigem deficiências antigas, mas não introduzem nada que posicione o GIMP como um líder no mercado de edição de imagens.

As limitações do modelo de desenvolvimento do GIMP
O GIMP enfrenta desafios significativos devido à falta de financiamento e recursos. Diferente de projetos como Blender e Krita, que contam com fundações robustas para impulsionar o desenvolvimento, o GIMP opera de forma mais limitada.
Essa ausência de suporte estruturado também afeta a capacidade do GIMP de inovar em ritmo competitivo. Funcionalidades avançadas, como remoção automática de fundos e regeneração de imagens, poderiam ser incorporadas por meio de uma loja de plugins fácil de utilizar. No entanto, essa abordagem ainda não foi adotada, deixando o usuário do GIMP que esteja interessado nessas ferramentas, dependente de instalações complexas.
É possível trabalhar profissionalmente com o GIMP?
Sim, o GIMP pode ser usado profissionalmente, dependendo das demandas do trabalho e do usuário. Designers gráficos que não precisam de ferramentas avançadas, especialmente de IA, podem usá-lo com eficiência. No entanto, em setores onde funcionalidades de ponta são essenciais, o GIMP frequentemente deixa a desejar.
O futuro do GIMP
Embora o GIMP 3 seja uma evolução em relação ao 2.10, ele não representa uma revolução no mercado de edição de imagens. As melhorias são importantes, mas não resolvem problemas fundamentais que limitam seu apelo a novos usuários.
Para realmente se destacar, o GIMP precisa superar desafios como:
- Atrasos no desenvolvimento e defasagem tecnológica;
- Falta de recursos que atendam às necessidades dos profissionais;
- Melhorias na usabilidade para atrair usuários iniciantes e experientes.
O GIMP 3 é um passo importante para um software que já faz parte do fluxo de trabalho de muitos usuários ao longo dos anos, inclusive da equipe Diolinux. No entanto, em um mercado dominado por ferramentas altamente avançadas e bem financiadas, como Photoshop e Affinity Photo, o GIMP ainda luta para se manter relevante e atrair um novo público.
Se você já utiliza o GIMP, o lançamento da versão 3 trará melhorias que irão enriquecer sua experiência. No entanto, para conquistar novos usuários ou competir diretamente com as grandes ferramentas do mercado, o GIMP precisará de mais do que atualizações incrementais.
A verdadeira questão é: o GIMP quer ser um líder no mercado de edição de imagens ou permanecerá como uma alternativa de nicho? O tempo dirá.Este conteúdo é um corte do Diocast. Assista na íntegra ao episódio onde comentamos as principais notícias sobre Linux e tecnologia de 2024!