O Deepin é uma distribuição Linux reconhecida pelo seu visual diferenciado, pela tentativa de oferecer uma experiência de desktop moderna e por ser a primeira a tentar integrar alguma forma nativa de IA. Com o anúncio do Deepin 25, ainda em fase de desenvolvimento e sem previsão oficial de lançamento, a distribuição chinesa busca, mais uma vez, se reinventar.
Solid: uma nova base para o sistema
Uma das principais mudanças no Deepin 25 é a introdução do framework Solid, desenvolvido para reforçar a segurança e a confiabilidade do sistema. Não confunda com o framework para javascript, nem com os cinco princípios da programação orientada a objetos, este Solid é algo aparentemente específico do Deepin, embora não apresente características exclusivas. Essa tecnologia tem o princípio de fazer diretórios essenciais somente leitura, dificultando alterações não autorizadas ou acidentais. Além disso, as atualizações agora são atômicas, o que significa que qualquer problema durante o processo pode ser revertido automaticamente para a versão funcional anterior.
Principais características do Solid segundo o Deepin:
- Arquivos de sistema somente leitura: Reduzem o risco de corromper o sistema;
- Rollback automático: Uma garantia de estabilidade para o usuário;
- Atualizações incrementais: Menor uso de banda e mais eficiência;
- Snapshots rápidos: Permitem backups instantâneos, economizando tempo e espaço em disco.
Embora essas ideias sejam promissoras, sua implementação prática ainda precisa de mais tempo e testes para comprovar a eficácia.

DDE: refinando a interface gráfica
O Deepin Desktop Environment (DDE) continua sendo um dos principais atrativos da distribuição, e no Deepin 25 ele passou por diversas melhorias. O Centro de Controle e as Notificações foram reestruturados usando QML, tornando-os mais modernos e interativos. Entre as principais novidades estão:
- Notificações globais aprimoradas: Melhor gestão de mensagens do sistema;
- Configurações regionais automáticas: Ajustes baseados em localidade, como moeda e formato de data;
- Efeitos visuais personalizáveis: Permite ajustes no nível de transparência e animações.
Apesar das melhorias visuais, a falta de uma localização mais abrangente e um suporte adequado para o português continuam sendo obstáculos para a adoção da distribuição em países como o Brasil. O foco predominante no mercado chinês ainda é evidente.

Treeland: novo motor gráfico
Outra novidade do Deepin 25 é o novo compositor gráfico para Wayland, o Treeland, baseado no wlroots e no QtQuick, projetado para oferecer transições mais suaves e melhor suporte para multitarefas. Ele promete uma experiência de desktop mais responsiva, mas apresenta dificuldades em ambientes específicos, como máquinas virtuais, onde é necessário ativar a aceleração 3D para usufruir totalmente das funcionalidades.
Embora seja um avanço técnico interessante, sua usabilidade em hardware mais modesto ou fora de configurações ideais ainda precisa ser avaliada mais a fundo.
Ainda assim, em testes com a distro instalada em máquina virtual com aceleração 3D, o terminal do Deepin apontou que o sistema estava utilizando o X11.

Mas e a IA?
O Deepin 25 segue investindo em recursos baseados em inteligência artificial (IA) para tornar o sistema mais dinâmico. Segundo as notas de lançamento, a integração foi aprofundada. Na prática, em nossos testes, conforme nossa realidade, o que facilitou é a possibilidade de utilizar em “modo de teste”, sem a necessidade de criar uma conta utilizando dados chineses.
Ainda assim, toda resposta fornecida pela IA ocorre no idioma estrangeiro, tornando a interação quase impossível.

Ele também conta com o Deepin Assistant, que, provavelmente, deve fornecer dicas sobre o sistema. Para utilizar é necessário fazer uma instalação seguindo o passo a passo fornecido.

Ao testar, ele sugere perguntas em inglês a serem feitas, ainda assim, às vezes a resposta vem em inglês, outras, em chinês.

Em termos de design, a localização do assistente de IA mudou para o lado esquerdo da tela, onde encontraríamos o “menu iniciar” no Windows 10 ou no Linux Mint. O botão apresenta um logo que parece uma mistura de ChatGPT com Windows Copilot.
Embora não seja tão empolgante para o público ocidental, pode-se considerar que houve evolução, afinal ao menos é possível, de alguma forma, utilizar a IA do Deepin.
Apelo à tradução e à internacionalização
A esta altura, você já deve ter percebido que o Deepin não está bem localizado para o Brasil, e para o ocidente como um todo. E os desenvolvedores sabem disso. Na área de trabalho há um ícone com o título “Apelo à tradução internacionalização”. Clicando nele, fomos redirecionados a uma página da web pedindo ajuda à comunidade para refinar a tradução da distro. Se você gosta do projeto e quer contribuir com sua popularização, eis uma boa oportunidade.

Conclusão
O Deepin 25 demonstra o esforço da distribuição chinesa em apresentar novidades e melhorar a experiência do usuário. Contudo, problemas históricos, como a localização limitada continuam a dificultar sua adoção em regiões como o Brasil.
Além disso, vale ressaltar que o Deepin 25 ainda está em desenvolvimento, sem cronograma ou previsão oficial de lançamento. Para quem deseja utilizar a distribuição no dia a dia, a versão Deepin 23 segue sendo a recomendada. Testar a preview do Deepin 25 pode ser interessante para curiosos e entusiastas, mas ainda não é uma opção viável para ambientes de produção.
O futuro do Deepin 25 dependerá do sucesso em equilibrar suas inovações técnicas com uma abordagem mais global, atendendo a um público mais diverso e exigente.Você ama tecnologia e Linux? Mostre ao mundo: visite nossa loja e vista a camisa do pinguim!