Sistema operacional para jogos pode significar coisas diferentes para cada pessoa, mas algo em comum que eles devem entregar, é um bom desempenho durante a jogatina. O Bazzite deriva do projeto Universal Blue, com várias características interessantes que gostaríamos de compartilhar, especialmente para quem gosta da parte técnica. Ele é um sistema imutável, que usa tecnologias usadas no Steamdeck da Valve e tem até integração com o Android.

Começemos pelo “o que importa”

Instalamos o Bazzite no nosso laptop de testes, utilizado para avaliar vários outros sistemas operacionais que costumamos mostrar, para termos um parâmetro fixo de comparação. Já adiantamos que, na maior parte, o Bazzite ficou na média, sem se destacar.

Em navegação pela internet com o Firefox, é a primeira vez em mais de 50 testes que bate mais de 1000 pontos, 1036 mais especificamente, pode ser alguma otimização da distro, mas também a nova versão 118 do navegador. Independentemente disso, fato que é que foi um resultado surpreendente.

Nos testes com games, o sistema teve uma contagem média de FPS muito próxima do melhor resultado que já tivemos com Counter Strike, o mesmo se pode dizer do teste em Shadow of the Tomb Raider, ainda que ele tenha ficado dramaticamente para trás em Universe Sandbox.

O Bazzite funciona bem, deve rodar os seus jogos como praticamente qualquer outra distro Linux, com algumas exceções em alguns casos, como costuma ocorrer pelos motivos mais aleatórios possíveis.

Se desempenho é tudo o que você busca, isso já resume um pouco do que o Bazzite pode oferecer, considerando apenas esse fator, provavelmente ele não é muito melhor que o sistema que você já usa. Porém, esse não é o único fator interessante sobre o Bazzite, entendamos do que se trata esse sistema, quais os seus diferenciais.

Por que o Bazzite é um sistema operacional para jogos?

Bazzite é um projeto baseado no Fedora Silverblue, um sistema operacional com código aberto, do projeto Fedora, com tecnologias que o tornam imutável. A comunidade do Fedora Silverblue é ampla, parte dela reside em um projeto chamado Universal Blue, que cria várias imagens para usar como base do sistema, voltadas a atividades diversas ou usando interfaces diferentes.

O nome do Bazzite inspira-se no mineral de cor azulada, referência ao Fedora e ao fato dele ser “imutável como uma rocha”. Provavelmente, é um projeto que cria imagens de sistemas para serem usadas no seu Desktop ou Steam Deck, uma alternativa de sistema operacional para o console/pc da Valve.

Este é um sistema operacional para jogos de PC, o que significa que ele tem várias modificações e utilitários para facilitar a vida de quem joga num PC Gamer, com várias ferramentas do mundo Linux, quase tudo pré-configurado.

Por exemplo, você pode baixar o Bazzite já com:

• Drivers da NVIDIA pré-instalados;
• Aceleração de hardware para o codec H264, útil para quem faz lives ou grava as gameplays;
• Suporte para ROCM e OpenCL/HIP da AMD;
• Drivers para controles de Xbox;
• Elementos do MangoHUD para exibir dados na tela;
• Wallpaper Engine;
• Suporte para o distrobox;
• O Scheduler da System76;
• Aplicativos para você fazer overclock nas suas GPUs;
•  Waydroid para rodar alguns aplicativos Android;
• OpenRGB para controlar as luzes do seu setup;
• Drivers para mouse Razer e Logitech.

Além disso, o sistema usa o KDE Plasma por padrão, com o visual do SteamOS da Valve, para uma maior imersão em todo o ambiente de jogos. A ferramenta de maior destaque do sistema se chama Bazzite Portal, disponível depois da instalação.

O processo de instalação é relativamente simples, o mesmo do Fedora. Após instalado, o Bazzite Portal deve se abrir, se não abrir, você encontra o aplicativo no menu. O sistema vem basicamente sem nenhum aplicativo, algo que deve agradar os gamers.

No Bazzite Portal, você tem um utilitário para te ajudar a configurar algumas coisas no sistema, instalar alguns aplicativos, especialmente voltados para gamers, além de algumas ferramentas de trabalho.

Uma das coisas que o sistema faz é instalar o chamado Bazzite Arch, que usa o Distrobox, para criar uma instalação do Steam com base Arch Linux, semelhante ao ambiente do SteamOS da Valve.

É nesse ambiente que o seu cliente Steam rodará, já com drivers e bibliotecas mais recentes, avisamos que, ao menos por aqui, essa configuração demorou bastante tempo para ser concluída, mas foi automaticamente. Quem gosta de linha de comando, pode ver esse contêiner usando o podman no terminal.

Também temos opções legais, como habilitar o autologin, especialmente útil se você estiver rodando em algum dispositivo onde usará só um controle, tipo um PC ligado numa TV, evitando digitar as suas credenciais.

Além disso, temos:

• Greenlight, ferramenta para acessar os games do Xbox Cloud Gaming sem precisar do navegador;
• O gerenciador de pacotes do Nix, para quem quiser ainda mais opções para gerenciar pacotes;
• Oversteer, para configurar volantes da Logitech, basta marcar tudo o que quiser e mandar instalar.

O sistema usa Flatpaks e Appimages, principalmente para as aplicações, significando  que qualquer distro pode receber esses aplicativos facilmente, é mais uma questão de praticidade na instalação.

Mais adiante, temos outras aplicações para escolher, o Bazzite já vem com o Firefox, mas podemos instalar outro navegador, mais aplicativos relacionados a jogos no Linux como o lançador para a Epic Games, o Lutris, Itch.io, Discord, GeForce Now, Remote Play para PlayStation, lançadores de Minecraft, Steamlink e até alguns jogos com código aberto.

Tem toda uma sessão de emuladores para uma sessão de nostalgia dos jogos que marcaram a sua infância.

Para quem for fazer transmissão dos jogos, dá para instalar o OBS e um software para controlar o Streamdeck da Elgato, Spotify, mais outros para ouvir uma música enquanto joga. Além disso, temos vários programas de produtividade e trabalho que podemos instalar opcionalmente, afinal, o dinheiro para comprar jogos tem que vir de algum lugar. Por fim, temos alguns utilitários para o sistema, incluindo os gestores de RGB, mixers de áudio e maisi.

Lembrando que podemos voltar para estas configurações a qualquer hora, basta procurar pelo Bazzite Portal no menu do sistema. Claro que também temos a loja de aplicativos, por onde podemos instalar qualquer coisa também.

Por padrão, o sistema vem com o Waydroid, uma forma de rodar um sistema Android dentro do Linux. Ele se apresenta pré-instalado, mas não configurado, é importante consultar a documentação do Waydroid sobre os passos necessários para configurar dentro do Fedora Silverblue.

O Bazzite também vem com 3 aplicativos utilitários incomuns de encontrar instalados por padrão em outras distros:

• GDDC CONTROL, para configurar alguns parâmetros de monitor, como o Brilho da tela; 
• Input Remapper, para remapear teclas e funções do seu mouse ou controle, basicamente um aplicativo de macros;
• ROM Properties Page Shell Extension, um utilitário para manejar arquivos de ROMs de jogos antigos, integrado ao gestor de arquivos do sistema.

Para quem é o Bazzite?

Este sistema operacional para jogos pode ser um atalho interessante para quem tem pouco conhecimento técnico e quer instalar algumas ferramentas e aplicativos relacionados a games e simplesmente começar a jogar.

Porém, não só vários processos do Bazzite poderiam ser simplificados, incluindo as várias sessões e design do Bazzite Portal, que talvez seja o principal aplicativo do sistema, como a existência de algo assim, mostra que existem espaço para melhoria nas lojas de aplicativos. Basicamente, tudo o que a gente instala e configura no Bazzite Portal, pode ser instalado pela loja de aplicativos também.

Grande parte do belo trabalho feito nesse sistema, poderia ser substituído por uma sessão de “games” na loja das distros, com esses aplicativos listados como se fossem o “pacote para jogar no Linux”, essa curadoria, seria bem interessante.

Quanto as melhorias por baixo do capô, ao menos no nosso hardware de testes, não oferece nada tão especial em termos de desempenho que tenha impressionado. Sendo um projeto comunitário, mantido por voluntários nas horas vagas, vem a sensação de que é melhor usar um projeto com mais tempo de estrada e simplesmente instalar essas coisas. Talvez para alguns jogadores, o Bazzite seja um sonho realizado. Nos conte pelos comentários o que achou do Bazzite, é um projeto que faz sentido para você?

A gente falou sobre muitos assuntos novos e complexos da tecnologia, vários deles foram abordados na playlist “Linux do futuro”, confira para aprender mais sobre Linux!