O Google está enfrentando um dos maiores desafios de sua história: um processo antitruste nos Estados Unidos que pode forçar a empresa a abrir mão do controle sobre duas de suas plataformas mais icônicas — o Chrome e o Android. A companhia, é claro, não está nada feliz com a ideia e já avisou: se isso acontecer, ambos os produtos poderão ser “destruídos”.
Mas será que o Google está exagerando, ou essa separação realmente traria um apocalipse digital? E por que a OpenAI, criadora do ChatGPT, já está de olho no Chrome como possível comprador? Vamos desvendar esse cabo de guerra jurídico-tecnológico.
O processo que pode desmontar um império
Tudo começou em 2020, quando o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ) e vários estados americanos moveram um processo contra o Google, acusando a empresa de monopólio no mercado de buscas e anúncios online. A principal crítica? O Google faz acordos para que seu mecanismo de busca seja o padrão em navegadores e dispositivos, sufocando a concorrência.
Agora, em 2025, o DoJ avança propondo medidas drásticas:
- Separar o Chrome e o Android do Google, transferindo o controle para outras organizações;
- Forçar a inclusão de outros buscadores (como o Bing, da Microsoft) como opções padrão em dispositivos e navegadores.
Se aprovadas, essas mudanças poderiam redefinir o ecossistema digital como conhecemos. Mas o Google não está disposto a ceder sem lutar.
“Chrome e Android serão destruídos”, diz o Google
Em um post no blog oficial, o Google disparou:
“A proposta do DoJ de separar o Chrome e o Android — que construímos com grande custo ao longo de anos e disponibilizamos gratuitamente — destruiria essas plataformas, prejudicaria os negócios que dependem delas e afetaria a segurança.”
A empresa argumenta que a segurança seria comprometida, já que o Google protege bilhões de usuários com sua infraestrutura. Os custos de dispositivos subiriam, pois fabricantes teriam que arcar com desenvolvimento e atualizações. E a inovação seria prejudicada, especialmente em IA, área onde o Google compete com rivais como a OpenAI e a DeepSeek.
Ou seja, segundo o Google, o remédio proposto pelo governo seria pior que a doença.
E se o Chrome virasse “ChromeGPT”?
Enquanto o Google tenta evitar a separação, a OpenAI já está de olho no pedaço. Nick Turley, diretor de produto do ChatGPT, declarou que, se o Chrome fosse colocado à venda, a OpenAI teria interesse em comprá-lo.
A ideia? Transformar o navegador em uma experiência “AI-first”, integrando o ChatGPT diretamente no browser. Afinal, se o Google criou o Chrome para fortalecer seu mecanismo de busca, por que a OpenAI não faria o mesmo com sua IA?
Rumores indicam que a OpenAI já estaria desenvolvendo seu próprio navegador, mas adquirir o Chrome seria um atalho e tanto. E com o apoio da Microsoft (grande investidora da OpenAI e dona do Bing), a jogada faria ainda mais sentido.
“As pessoas usam o Google porque querem”
Além do argumento da segurança, o Google rebate a acusação de monopólio com uma frase simples:
“As pessoas usam o Google porque querem, não porque são obrigadas.”
A empresa propõe alternativas menos radicais, como permitir que navegadores (Firefox, Safari) e fabricantes de celulares fechem múltiplos acordos com mecanismos de busca. Além de apresentar aos usuários algum tipo de pop-up com a opção de trocar o buscador padrão a cada 12 meses.
A estratégia é clara: flexibilizar sem perder o controle. Mas será que o DoJ vai aceitar?
Esse caso vai além de uma simples disputa corporativa. Se o Google for obrigado a se desfazer do Chrome e do Android, as consequências podem incluir:
- Fabricantes de celulares teriam que buscar alternativas, possivelmente fragmentando o mercado;
- Navegadores concorrentes, como Firefox e Edge, poderiam ganhar espaço, mas também perder receita (já que muitos dependem de acordos com o Google);
- Possivelmente a segurança e privacidade entrariam em xeque, já que o Google alega que seus sistemas são os mais robustos.
Uma coisa é certa: o resultado desse processo pode redefinir a internet como a conhecemos. Resta saber se será para melhor — ou se, como o Google prevê, o mundo digital entrará em caos.
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