O universo digital está em polvorosa com a notícia de que Jason Citron, cofundador e rosto público do Discord desde seus primórdios, está passando o bastão de CEO para Humam Sakhnini (sim, ele é humano), veterano da Activision Blizzard e ex-líder da King, a mente por trás do jogo mais querido das salas de espera: Candy Crush Saga. A mudança não poderia vir em momento mais decisivo: o Discord se prepara para se tornar uma empresa pública (ou seja, vender ações), e os ventos de transformação já sopram forte.
O fim da era de Citron
Em comunicado emocionado, Citron deixou claro que sua decisão não nasceu de uma crise, mas de uma convicção estratégica. Após mais de uma década no comando, ele acredita que o Discord atingiu maturidade suficiente para seguir sob nova liderança, especialmente diante dos planos de abertura de capital.
A plataforma, que começou como um nicho para gamers, hoje abriga 200 milhões de usuários mensais e acumula 2 bilhões de horas de uso por mês em jogos e comunidades diversas. Inclusive, membros do nosso canal tem direito ao acesso a um servidor exclusivo, onde podem conversar entre si e com toda a equipe Diolinux. Está esperando o que? Confira todos os benefícios e seja membro!
Com o Discord tendo números tão robustos, o desafio agora não é mais sobreviver, mas monetizar sem trair sua essência. E é aí que entra Sakhnini, cuja trajetória na Activision Blizzard e na King o credencia como especialista em transformar engajamento em receita.
Sakhnini não é um novato no jogo das grandes apostas. Na Activision Blizzard, ele ajudou a conduzir franquias bilionárias como Call of Duty e World of Warcraft em um mercado cada vez mais competitivo. Na King, assumiu o leme após a saída dos fundadores e liderou a empresa a patamares inéditos de faturamento, provando que sabia equilibrar inovação com rentabilidade.
Sua chegada ao Discord sinaliza uma guinada rumo a modelos de negócio mais agressivos. Embora ele afirme que a plataforma manterá seu compromisso com as comunidades, sua expertise em monetização de serviços live-service e expansão de base de usuários sugere que mudanças profundas estão a caminho.
O termo “enshitification” — ou “bostificação“, em tradução livre — pode ser uma boa descrição do ciclo no qual plataformas digitais sacrificam a experiência do usuário em nome do lucro. O padrão é conhecido: primeiro, atraem uma base fiel com serviços gratuitos e de qualidade; depois, introduzem anúncios e paywalls; por fim, degradam tanto o produto que os usuários fogem.
Já podemos ver sinais preocupantes desse caminho no Discord. Anúncios em servidores públicos, assinaturas Nitro mais caras e recursos antes gratuitos trancados atrás de paywalls são apenas o começo. Com Sakhnini no comando, cuja carreira foi construída em cima de microtransações e estratégias de monetização, a comunidade teme que a plataforma perca sua alma em troca de gráficos positivos para acionistas.
A possibilidade de o Discord se tornar mais uma rede social genérica — cheia de algoritmos, anúncios e engajamento forçado — levanta uma questão: para onde migrar? Alternativas como Guilded, Revolt e Matrix até existem, mas nenhuma oferece a mesma combinação de fluidez, base de usuários e funcionalidades.
O dilema é cruel. De um lado, a pressão por resultados financeiros, inevitável para qualquer empresa que abre o capital. De outro, o risco de alienar a comunidade que fez do Discord um sucesso. Se o equilíbrio for perdido, milhões de usuários podem se ver forçados a abandonar a plataforma.
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