O GNOME, aquele ambiente de desktop que metade dos usuários de Linux ama e a outra metade diz que “prefere o KDE”, está fazendo uma campanha de arrecadação diferente. E o pedido é inusitado: “doe menos”.
Parece contra-intuitivo, mas a estratégia faz todo sentido—e revela muito sobre os desafios financeiros que a fundação enfrenta.
Por que pedir doações menores?
A GNOME Foundation, responsável pelo desenvolvimento do ambiente desktop mais popular do Linux, está incentivando doações mensais e pequenas em vez de contribuições únicas e avultadas.
A ideia é simples: $ 10 por mês durante um ano ($ 120 no total) vale mais do que $ 200 de uma só vez. Por quê?
Fluxo de caixa > grandes cheques
Organizações sem fins lucrativos, assim como empresas, precisam de previsibilidade financeira. Se o GNOME depende apenas de doações esporádicas ou grandes patrocínios, qualquer atraso ou cancelamento pode causar um rombo nas contas.
Doações mensais, mesmo que modestas, criam uma base estável de receita, permitindo que a fundação planeje melhor seus gastos, como pagar desenvolvedores, manter servidores e financiar novos projetos.
Outro fator é o comportamento do doador. Se alguém doa $200 de uma vez, pode sentir que “já cumpriu sua parte” e não contribuir novamente. Já $ 10 por mês podem ser vistos como um valor tão pequeno que muitos nem percebem e continuam doando sem hesitar.
A crise financeira do GNOME
Parece que o GNOME não está nessa situação por má gestão, mas quase pelo contrário: eles foram bons demais em economizar.
Anos atrás, a fundação acumulou uma reserva financeira robusta, graças a doações generosas. O problema? Isso levou a um excesso de confiança, e as campanhas de arrecadação perderam prioridade.
Até que o dinheiro começou a acabar.
Em 2023, com a saída do diretor executivo Neil McGovern e a breve passagem de Holly Million no cargo, a situação ficou crítica. Projetos foram cortados, pessoas foram demitidas, e o GNOME quase virou notícia por motivos errados.
Agora, sob a liderança de Steven Deobald, a fundação está se reerguendo, mas precisa de uma estratégia sustentável. Daí o apelo por doações recorrentes.
“Mas eu nem uso GNOME!”
Se você é da turma do KDE, Xfce ou até do Cinnamon (que, aliás, é baseado no GNOME), pode estar pensando: “Por que eu deveria me importar?”.
A resposta é simples: o GNOME influencia todo o ecossistema Linux.
- É o ambiente padrão em distribuições como Ubuntu, Fedora e Debian.
- Muitas tecnologias usadas em outros desktops (como o Mutter, o compositor de janelas) foram desenvolvidas pelo projeto;
- Se o GNOME enfraquecer, toda a comunidade perde.
No fim, o que sustenta o ecossistema open source é a comunidade e existem diferentes formas para pessoas de diversas realidades contribuírem. Agradecemos imensamente pela contribuição dos membros do canal Diolinux, são vocês que viabilizam a nossa manutenção e crescimento. Descubra as vantagens de ser membro!