Desde 1995, o GIMP (GNU Image Manipulation Program) vem desafiando a hegemonia do Adobe Photoshop no mundo da edição de imagens. Criado como uma alternativa livre, gratuita e de código aberto, o GIMP sempre enfrentou o desafio de competir com um software que conta com investimentos milionários.
Mas agora, com o lançamento do GIMP 3 e a evolução do PhotoGIMP, a disputa ficou mais acirrada. Será que finalmente temos uma alternativa viável ao Photoshop?
GIMP 3: as principais novidades
O GIMP 3 representa um salto significativo em usabilidade e recursos, fruto de anos de desenvolvimento por uma comunidade dedicada. Entre as melhorias mais impactantes estão:
Interface Modernizada com GTK3
A migração para o GTK3 trouxe uma interface mais limpa e responsiva. A nova tela de boas-vindas agrupa funcionalidades essenciais:
- Acesso rápido a tutoriais e documentação, facilitando o aprendizado para novos usuários;
- Personalização de temas, permitindo ajustar cores, ícones e escala da interface para melhor legibilidade em telas de alta resolução;
- Notas de lançamento integradas, mantendo os usuários informados sobre atualizações.
Essas mudanças visam reduzir a curva de aprendizado, um dos principais obstáculos para adoção do GIMP por usuários acostumados ao Photoshop.

Suporte a CMYK e perfis de cor avançados
A ausência de suporte nativo a CMYK sempre foi uma limitação crítica para designers gráficos profissionais. O GIMP 3 resolve isso com a possibilidade de importação de perfis de cor, incluindo AdobeRGB e CMYK e de exportação em CMYK, atendendo finalmente às necessidades de pré-impressão.
Essa funcionalidade era tão aguardada que muitos consideravam o GIMP inviável para trabalhos profissionais de impressão. Agora, essa barreira começa a ser superada.

Edição não destrutiva
Um dos recursos mais poderosos do Photoshop é a capacidade de aplicar ajustes de forma não destrutiva. O GIMP 3 introduz um sistema similar:
- Efeitos e filtros aplicados como camadas ajustáveis, permitindo modificações posteriores sem degradação da imagem original;
- Controle total sobre a ordem e intensidade dos efeitos, com a possibilidade de remoção completa sem perda de qualidade.
Isso coloca o GIMP em pé de igualdade com soluções comerciais em um dos aspectos mais valorizados por profissionais.

Melhor compatibilidade com arquivos PSD
A incompatibilidade com arquivos do Photoshop sempre foi uma dor de cabeça para quem precisa alternar entre os dois programas. O GIMP 3 melhora significativamente esse aspecto, permitindo a abertura de arquivos PSD com maior fidelidade, preservando camadas e efeitos básicos. Ele ainda tem suporte aprimorado a metadados e modos de cor.
Embora ainda não seja perfeito (devido à natureza fechada do formato PSD), a melhoria é notável e facilita a migração de usuários do Photoshop, assim como a integração de usuários de GIMP a equipes que utilizam o software da Adobe.

PhotoGIMP: Facilitando a Transição
Para muitos, a maior barreira na adoção do GIMP não é a falta de recursos, mas a diferença na interface e nos atalhos em relação ao Photoshop. É aí que entra o PhotoGIMP, um projeto desenvolvido pela comunidade Diolinux que modifica o GIMP para ficar mais familiar aos usuários da Adobe. O PhotoGIMP oferece:
- Reorganização completa da interface para se aproximar do layout do Photoshop, reduzindo a estranheza inicial;
- Substituição dos atalhos padrão do GIMP por equivalentes do Photoshop, aproveitando a memória muscular de quem já está acostumado;
- Remoção de painéis redundantes, otimizando o espaço de trabalho;
- Modificações visuais, incluindo um splash screen e ícones temáticos.
O resultado é uma experiência muito mais intuitiva para quem está migrando, diminuindo o tempo de adaptação.

Como instalar o PhotoGIMP
O processo de instalação varia conforme o sistema operacional. Primeiro, você deve baixar os arquivos do PhotoGIMP, em seguida:
- No Linux, para o GIMP em Flatpak basta extrair os arquivos do pacote na pasta home do usuário;
- No Windows, a pasta 3.0 deve ser copiada para a pasta do sistema “%APPDATA%\GIMP”, que pode ser acessada pela caixa de diálogo “Executar”, acessível pelo atalho Windows + R.
O projeto é mantido de forma colaborativa, com contribuições de desenvolvedores como Gabriel Almir, que ajudou a modernizar o PhotoGIMP para a versão 3 e o Adriel Filipe, que elaborou a splash screen e realizou diversos testes.

Plugins que ampliam possibilidades
Embora o GIMP 3 já seja bastante completo, alguns plugins podem estender ainda mais suas funcionalidades:
GMIC: Um Arsenal de Efeitos
Adiciona centenas de filtros e ferramentas avançadas, desde correções de cor até simulações artísticas.

Heal Selection:
Permite remover objetos indesejados de forma semelhante à ferramenta Spot Healing Brush do Photoshop.

Remove.bg
Integra o poder do remove.bg diretamente no GIMP, automatizando a remoção de fundos.

A instalação desses plugins é simples, especialmente na versão Flatpak, onde muitos estão disponíveis diretamente no Flathub. Mas é inegável que seria ainda mais fácil se o GIMP incorporasse uma loja de extensões. Este seria um recurso que faria toda a diferença.
GIMP vs. Photoshop
A pergunta que todos fazem: O GIMP pode substituir o Photoshop? Primeiro vamos listar onde o Photoshop leva vantagem:
- Ferramentas de IA, como preenchimento generativo e aprimoramento automático nativos ao programa;
- Integração com outros softwares Adobe (Lightroom, Illustrator, etc.);
- Suporte técnico profissional e atualizações frequentes;
- Inegavelmente é o padrão da indústria, então se você faz parte de uma equipe onde todos utilizam Adobe, pode ser difícil escapar.
Por que vale a pena considerar o GIMP?
- Custo zero. Nada de assinaturas caras ou licenças;
- Desempenho leve, rodando bem até em máquinas muito modestas, que nem sonhariam com o Photoshop atual;
- Código aberto, garantindo transparência e liberdade de modificação;
- Roda perfeitamente no Linux;
- Já cobre 90% das necessidades da maioria dos usuários.
Para profissionais que dependem de fluxos de trabalho muito específicos, o Photoshop ainda pode ser insubstituível. Mas para a maioria dos usuários, o GIMP 3 + PhotoGIMP já oferecem uma alternativa viável e poderosa.
O lançamento do GIMP 3 marca um momento importante para o software livre, mostrando que projetos comunitários podem competir com gigantes corporativos. O PhotoGIMP, por sua vez, facilita a transição, removendo uma das maiores barreiras à adoção.
Enquanto a Adobe continua a investir em ferramentas de IA e integração em nuvem, o GIMP prova que qualidade profissional não precisa ter um preço proibitivo. Para quem está disposto a experimentar, a combinação GIMP 3 + PhotoGIMP + plugins pode ser a chave para uma edição de imagens poderosa, sem custos ocultos.
E falando em IA, cada vez mais se fala dessa tecnologia, mas muitas vezes é difícil vê-la realmente ajudando no nosso dia a dia. Por isso separamos 8 ferramentas de inteligência artificial que rodam localmente para você testar em seu computador!