Fedora prepara o adeus definitivo aos 32 bits
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Fedora prepara o adeus definitivo aos 32 bits

O mundo Linux está prestes a testemunhar um marco histórico: o Fedora pode finalmente cortar os últimos laços com a arquitetura 32-bit. Essa mudança radical, prevista para a versão 44 da distribuição (que deve ser lançada ao final de abril de 2025), promete acender debates acalorados na comunidade – especialmente entre os fãs de jogos antigos e usuários de software legado.

O lento declínio dos 32 bits

A morte anunciada da arquitetura i686 não chega como surpresa para quem acompanha o ecossistema Linux. Desde o Fedora 31, a distribuição vem eliminando gradualmente componentes 32-bit, como kernels e imagens de instalação específicas. Agora, os desenvolvedores propõem dar o golpe final em duas etapas estratégicas: primeiro removendo as bibliotecas 32-bit dos repositórios x86_64 e depois parando completamente a construção de pacotes i686.

A justificativa? Um comboio de razões técnicas e práticas:

  • Carga de manutenção: Projetos upstream estão abandonando o suporte 32-bit, forçando os mantenedores do Fedora a manter suas próprias soluções;
  • Eficiência de recursos: Máquinas de build poderão focar exclusivamente em pacotes 64-bit;
  • Velocidade: Metadados de repositórios menores devem agilizar operações do DNF.

O dilema dos jogadores e do Wine

A comunidade gaming parece ser a mais afetada pela mudança. Sem bibliotecas 32-bit nativas, jogos mais antigos e plataformas como Steam e OBS podem enfrentar problemas. Os desenvolvedores do Fedora sugerem uma solução: usar o Wine em configuração WoW64, que permite executar aplicativos Windows 32-bit em sistemas 64-bit puros.

Mas será que essa solução é suficiente? A discussão no fórum do Fedora mostra ceticismo – muitos argumentam que a compatibilidade perfeita está longe de ser garantida. O pacote Steam dos repositórios oficiais pode precisar de adaptações ou até ser removido, o que certamente não agradará a base de usuários gamers.

Para o usuário comum, as mudanças devem passar quase despercebidas – até tentar instalar aquele software corporativo antigo que nunca foi atualizado para 64-bit. Sistemas atualizados para o Fedora 44 terão seus pacotes 32-bit removidos automaticamente, num movimento que alguns podem considerar um tanto… autoritário.

O lado positivo? Operações de gerenciamento de pacotes devem ficar mais rápidas, e os mantenedores terão menos dor de cabeça. Mas a pergunta que fica é: até que ponto a conveniência dos desenvolvedores justifica possíveis quebras de compatibilidade para o usuário?

Sem retorno?

A proposta é clara quanto ao caráter quase irreversível da mudança. Enquanto a primeira etapa (remoção das bibliotecas multilib) pode ser revertida com relativa facilidade, a segunda (parar completamente as builds i686) seria um caminho sem volta.

Com o prazo final estabelecido para o Beta Freeze, a comunidade tem até lá para convencer o Fedora Engineering Steering Committee (FESCo) a reconsiderar. Dado o histórico de resistência a mudanças radicais no Fedora, não seria surpresa se essa proposta fosse suavizada ou adiada. 

Entretanto, parece que ultimamente o Fedora anda disposto a abandonar software legado.

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