Editorial

Admirável mundo novo: o linux na minha vida

Sejam bem-vindos ao ano de 2007! O Brasil recebia a 15ª edição dos jogos Pan Americanos, a música “Back to Black” da cantora britânica Amy Winehouse estava no top 10 das paradas mundiais, e, em uma pequena cidade no interior do Rio Grande do Sul um garoto de 15 anos de idade que não se importava muito com nenhuma dessas coisas acabava de comprar o seu primeiro computador.

A excelente máquina vinha equipada com o clássico processador Intel Pentium 4, vastos 512MB de capacidade na memória RAM, 120GB de espaço em disco, a poderosa GeForce 6800 GT e contava com o Windows XP Professional como sistema operacional.

Contatos iniciais: o virtual também é real

Assim como muitas das pessoas que têm os seus primeiros contatos com computadores, eu não sabia sequer o que era um sistema operacional. Todavia, como talvez tenha acontecido com muitos de vocês, a “paixão” por softwares, hardwares e todo o ecossistema que os cercam surgiu. O que me levou a pesquisar e a aprender cada vez mais sobre o assunto. 

A fim de aumentar ainda mais os meus conhecimentos sobre “informática”, me matriculei em um curso de manutenção de computadores na escola mais renomada da pequena cidade de Guaporé. Justamente por ter escolhido aquela que era considerada a melhor escola de informática da cidade, pensei que ali teria o meu conhecimento sobre o assunto bastante ampliado. Porém, as coisas acabaram sendo um pouco diferentes.

O melhor pior curso de todos

Em resumo, aquele que era considerado o melhor “curso profissionalizante” sobre manutenção de computadores da cidade, não me ensinou muito mais do que o nome de cada peça que compõem um computador, uma breve explicação sobre cada uma delas e como formatar o sistema instalando o Windows XP.

Distribuições Linux? A palavra “Linux” sequer foi mencionada ao longo de todas as aulas. Por fim, eu concluí o curso mais caro da região com um conhecimento extremamente raso sobre manutenção de computadores de mesa, zero conhecimento sobre manutenção de notebooks e um pequeno estojo de ferramentas de qualidade duvidosa.

Talvez, para alguns, as deficiências do curso que eu acabei de mencionar sejam um pouco justificáveis dado a sua época. Embora eu não pense assim. Todavia, o mais triste é que mesmo hoje existem cursos de “informática” sendo vendidos por valores relativamente altos, com uma qualidade tão duvidosa quanto aquele que eu fiz em 2007.

“Técnicos/professores de informática” monossistema realmente são um problema!

Se Maomé não vai a montanha, a montanha vai a Maomé…

Mesmo após ter passado por essa experiência lamentável com o curso, a vontade de aprender mais sobre como as coisas funcionam nesta área continuou firme e forte. 

Com o passar dos anos, veio o aumento da qualidade da conexão e das informações disponíveis na internet, o que foi tornando cada vez mais fácil a vida das pessoas que, assim como eu, desejavam aprender mais sobre estes assuntos.

Os primeiros sinais sobre Linux

Quatro anos depois, me mudei para o litoral do Paraná. Até aquele momento eu já havia ouvido alguns amigos mencionarem Linux e já conhecia os nomes Ubuntu e Kurumin. Todavia, ainda não havia testado nenhuma distribuição Linux. 

Somente no final de 2012 fiz um segundo curso de manutenção de computadores, naquela que é considerada uma das melhores escolas profissionalizantes de Curitiba, onde finalmente aprendi um pouco mais sobre manutenção de notebooks. Embora este segundo curso tenha oferecido um ensino superior ao primeiro, em nenhum momento os instrutores mencionaram a palavra Linux. Todavia, os colegas de curso sim.

O que será que faz esse tal de “Linúx”?

Foi nesse momento que começou nascer em mim uma leve curiosidade para testar alguma distribuição Linux. Baixei e instalei o Ubuntu 12.10 em uma máquina virtual. Não dediquei mais do que alguns minutos para conhecer o sistema, e honestamente, não despertou em mim interesse suficiente para continuar conhecendo o Ubuntu.

Até que cerca de três anos depois, em meados de 2015, o Windows 8.1 estava me proporcionando uma experiência de uso completamente frustrante, com muitos bugs e problemas de desempenho. O recém lançado Windows 10 ainda estava longe de se tornar o que é hoje, e, testá-lo foi simplesmente decepcionante.

Foi neste momento que “virou uma chavinha” na minha cabeça, e decidi dar mais uma chance ao Ubuntu.

Um admirável mundo novo

Desta vez decidi remover o Windows por completo, e utilizar o Ubuntu 14.04 como meu único sistema operacional. Desta forma, foi possível aumentar a minha imersão no “mundo Linux”, tornando o aprendizado um pouco mais difícil, porém, muito mais rápido.

Hoje em dia, quando uma pessoa está aprendendo algo novo, nada mais natural do que utilizar a internet para buscar conhecimento sobre o assunto em questão. E comigo não foi diferente. Muitas pessoas são apresentadas as distribuições Linux através do Diolinux, porém, comigo foi o contrário.

Certa vez enquanto navegava pelas páginas do Google em busca de tutoriais sobre como instalar programas “X” e “Y” no Linux, em algum fórum encontrei um comentário dizendo que os melhores locais para se encontrar conteúdos sobre Linux em português eram dois sites chamados “Viva o Linux” e “Diolinux”.

Esta foi a primeira vez que ouvi falar, e também o primeiro contato que tive com a comunidade Linux e o projeto Diolinux.

Um admirável mundo novo em um admirável mundo novo

Comecei a minha jornada aqui no blog lendo alguns artigos básicos, como por exemplo, tutoriais ensinando a instalar o Google Chrome e drivers de vídeo da Nvidia. Através do próprio blog fiquei sabendo sobre a existência do canal, e como consequência disso, com o tempo, também conheci outros blogs e canais do YouTube sobre Linux.

A sensação que tive durante as primeiras semanas após ter conhecido Linux, e o Diolinux foi semelhante ao que sentimos quando acabamos de descobrir uma banda nova, com uma longa discografia de descobertas pela frente. 

Durante os primeiros meses eu costumava passar várias horas, por diversos dias, maratonando vídeos do canal Diolinux. Lendo os tutoriais tanto deste quanto de outros blogs sobre Linux, fazendo testes e desbravando todo este novo mundo de possibilidades.

Pegue o que é bom, sem nada devolver

Chegou à um ponto em que eu havia assistido cerca de 90~95% de todos os vídeos publicados pelo Dionatan (dono do Diolinux). Honestamente, não assisti todos porque alguns não atraíram nem um pouco a minha atenção. Nem tudo o que o Diolinux produziu era interessante para mim, então algumas coisas eu simplesmente passei. Coisa que ocasionalmente acontece até hoje. 

Não acredito que exista um canal ou blog do qual absolutamente todos os conteúdos produzidos sejam interessantes para uma mesma pessoa.

Mesmo assim, a maior parte dos conteúdos produzidos pelo Diolinux sempre foi interessante para mim, e o meu envolvimento com o projeto foi crescendo à mesma medida que o meu “gosto” e conhecimento sobre Linux. E é claro que, nesse ponto, eu já era um precursor do que no futuro viria a ser conhecido como o SDA (Saltadores de Distribuições Anônimos).

Crescimento, aprendizado e imersão

À medida que as minhas “habilidades” como usuário e entusiasta de Linux cresciam, também crescia o Diolinux. Em Abril de 2017 decidi ajudar o projeto também financeiramente, me tornando um apoiador do mesmo no Padrim e doando a alta quantia de R$1,00 por mês. Chova ou faça sol.

Na época, ser um “Padrinho” do Diolinux trazia a vantagem de poder participar de um grupo exclusivo no Telegram, e foi assim que eu passei a me envolver um pouco mais com a equipe e os inscritos mais próximos do projeto.

Surgem as lives na Twitch

Na segunda metade de 2018 começaram a ser feitas as lives na Twitch. Naquele momento, as primeiras streams não possuíam mais do que 15 ou 20 espectadores simultâneos. Em alguns dias os números eram até mais baixos. Algo normal para alguém que está começando a fazer live streams na plataforma roxa.

O baixo número de pessoas assistindo acabou tendo um lado bastante positivo, pois todos que estavam presentes nas lives, transmitindo ou assistindo, conseguiam conversar e interagir entre si sem maiores problemas. Estreitando laços, e, amizades realmente surgiram dessa forma.

Foi exatamente através da Twitch que conheci e tive os primeiros contatos com pessoas como o Raul, que logo em seguida também passou a integrar a equipe do Diolinux. Com o Ricardo, que no início das lives na Twitch já fazia parte do projeto, e outras pessoas como o Durval (Lavrudinho) e várias outras pessoas que não necessariamente fazem parte da equipe, mas são membros notórios da comunidade Diolinux.

Alguém aí lembra das partidas de Rocket League nas quais o Dio jogava em dupla com o Renato (FastOS) utilizando a hashtag “LinuxL2G” na Steam? Bons tempos, não é?

O nascimento do fórum Diolinux Plus

Em Janeiro de 2019 o Dionatan anunciou e liberou acesso antecipado aos apoiadores para o recém nascido projeto, o fórum Diolinux Plus. Logo antes de, em Maio do mesmo ano, ter trocado o Padrim pelo Apoia-se como plataforma de financiamento coletivo.

Foi exatamente neste momento em que ocorreu a minha primeira contribuição não financeira direta ao Diolinux. 

Como o fórum ainda estava em acesso antecipado, naturalmente algumas coisas ainda precisavam ser ajustadas antes que o mesmo fosse aberto ao público. Uma dessas coisas era a tradução dos Termos de Serviço do site, que foi feita por mim após o Dio ter pedido no grupo de apoiadores no Telegram se algum de nós tinha tempo, conhecimento e disponibilidade para realizar a tarefa.

Algumas semanas depois o fórum foi aberto ao público. E o aumento no fluxo de usuários criando e respondendo toṕicos trouxe a necessidade de em nome da moral e dos bons costumes, haver um maior número de moderadores para ajudar a manter o ambiente saudável e receptivo à pessoas com todos os níveis de conhecimento –  inclusive conhecimento nenhum.

Entrando para a equipe do Diolinux

O primeiro passo

Com isso, mais uma vez através do grupo de apoiadores no Telegram o Dio convidou a mim e a mais um dos membros a sermos moderadores no Diolinux Plus. Assim como todos os moderadores ativos atualmente no fórum, como voluntário, naquele momento eu já estava fazendo parte da equipe do Diolinux. 

Embora eu já acessasse ao Plus quase todos os dias, o fato de ter me tornado moderador, acabou fazendo com que eu passasse a dedicar ainda mais tempo e atenção ao fórum.

Foi também nesta mesma época que tive a primeira oportunidade para participar de uma das lives no YouTube que viriam a se tornar o Diolinux Friday Show, para a qual fui convidado pelo Dio através de, mais uma vez, o grupo de apoiadores no Telegram.

Os primeiros artigos no fórum, e finalmente o blog

Naquele momento eu já era usuário de Linux no desktop há cerca de 4 anos, e já haviam vários problemas relacionados as distros sobre os quais eu precisei pesquisar e encontrar soluções que não estavam disponíveis em português, ou em uma linguagem não técnica, que fosse acessível a usuários iniciantes.

Este fato me motivou a começar a escrever pequenos artigos dentro do próprio Diolinux Plus, para assim poder compartilhar com a comunidade todos os resultados das pesquisas que precisei realizar para solucionar os problemas com os quais me deparei ao longo do caminho.

Em paralelo com os mini artigos que eu publiquei no Diolinux Plus eu também criei um blog (que hoje encontra-se parado), para poder publicar aqueles artigos mais longos e complexos. Foi exatamente neste momento que, novamente no saudoso grupo de membros no Telegram, em setembro de 2019, inesperadamente recebi o convite para fazer parte da equipe de redação do blog Diolinux.

Quase sem querer

Durante a minha adolescência, especialmente a partir do momento em que passei a ter mais contato com computadores, houveram momentos em que o meu sonho era seguir carreira como “técnico em informática” ou alguma outra profissão relacionada. Todavia, o tempo passou, o meu gosto por este tipo de tecnologia aumentou, mas curiosamente isso foi se tornando cada vez mais um hobbie do que um desejo de profissão.

Quando eu vi já estava aqui

Desde o momento em que eu passei a utilizar Linux, passando pelos momentos em que fui me envolvendo cada vez mais com o projeto Diolinux, até quando fui convidado a ser um dos redatores deste blog, jamais tive a vontade consciente ou a intenção de participar do projeto profissionalmente.

Toda a minha interação com o Diolinux e a comunidade a sua volta, desde o início, foi porque estar envolvido com este projeto me trazia a possibilidade de transmitir e adquirir conhecimento sobre assuntos que sempre foram do meu interesse. Este caminho quase sem querer foi me levando até o lugar no qual eu estou hoje, trabalhando em parceria com o Diolinux e tendo as atividades que eu exerço aqui como uma segunda profissão.

Em outras palavras, trabalhando em uma profissão que eu nunca busquei, mas sempre gostei. Quando eu percebi, já estava aqui.

O foco e a visão de túnel

Algumas vezes estamos tão focados em alcançar um objetivo em específico, ou mesmo procurando por um objetivo, que acabamos perdendo a visão periférica de um mundo de possibilidades. Outras vezes estamos tão ocupados admirando o sucesso dos outros, parabenizando-os, que nem percebemos que as nossas próprias conquistas estão bem ao nosso lado.

Parafraseando a música “Design Your Universe” do Epica:

“So many people will idolize, while their own success is in their reach.”

“Tantas pessoas irão idolatrar, quando o seu próprio sucesso está ao seu alcance.”

É claro que é bom, natural e importante ver e reconhecer as coisas boas feitas e alcançadas por outras pessoas. Mas, ainda mais importante é saber que você também é capaz de alcançar o seu próprio sucesso, que pode estar bem ao seu lado.

Da mesma forma, também é vital focarmos nos nossos objetivos, mas jamais podemos deixar o foco virar uma “visão de túnel” que nos cega para as outras possibilidades à nossa volta.

Sério! Qual é a sua história?

Hoje sou usuário de Linux e Windows 10. Embora o Ubuntu atualmente seja o meu sistema operacional principal, que utilizo para produzir conteúdo e entretenimento. O Windows 10, por outro lado, é o sistema que utilizo para o simulador de voo e alguns jogos que não rodam ou não tem um desempenho satisfatório no Linux.

O mais importante, para mim, é que o software atenda melhor às minhas necessidades com o menor custo possível. Nem sempre um sistema gratuito será melhor, mas no meu caso, na maioria das vezes de fato é!

Qual é a sua história com Linux e o mundo da “informática” em geral? De onde você saiu, como chegou até aqui, e o quê aprendeu ao longo do caminho? O mais importante para você é utilizar software livre/open source, ou o software que melhor te atende?

Eu já contei a minha história, e agora quero ouvir a sua! Não deixe de nos contar a sua história nos comentários abaixo. Venha trocar experiências e compartilhar o conhecimento!

Isso é tudo pessoal! 😉

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