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Vanilla OS Orchid será uma distro Linux sem o comando sudo!

Distros Linux lançam o tempo inteiro e 99% não é muito diferente do que já existe, mas o pessoal do Vanilla OS anda se superando, a próxima versão, com codinome Orchid apresentará recursos únicos e inusitados, dentre eles, será uma distro Linux sem o comando sudo. Como será que isso funcionará?

Este tema foi uma sugestão do Vinícius, membro do canal Diolinux. Dente os benefícios para membros há um espaço para perguntas na aba comunidade, as quais respondemos em um vídeo aberto como este, além de outro exclusivo. A pergunta dele foi a seguinte:

“Salve Dio, tudo bem? Hoje saíram algumas novidades sobre o Vanilla OS, poderia comentar sobre elas? Aparentemente muita coisa mudou e tem algumas novidades interessantes para o futuro da distro”.

O que é o Vanilla OS?

O Vanilla OS é um sistema baseado no Ubuntu atualmente, mas que está mudando para o Debian na versão Orchid. Ele foca em várias coisas consideradas o futuro dos sistemas Linux, como imutabilidade, softwares em containers e por aí vai.

Já comentamos sobre o começo do desenvolvimento do que seria a nova geração do Vanilla OS, e essa migração de base. Desde então, o projeto se manteve tácito, ao menos publicamente. Esse silêncio em relações-públicas foi quebrado recentemente com um post bem completo sobre as principais coisas que estão sendo trabalhadas.

Entenda o que o Vanilla OS Orchid deverá apresentar de novo

A mudança de base do Ubuntu para o Debian é muito significativa, mas isso já é passado, atualmente o foco do desenvolvimento está nas próprias ferramentas do sistema. O curioso é que a maioria delas são meio escondidas do usuário final, especialmente os leigos, apesar de serem bem poderosas para usuários avançados.

O pessoal do Vanilla andou modificando a ferramenta que trata a imutabilidade do sistema, o ABROOT, que agora está na segunda versão. A principal diferença, além dele ter sido reescrito no zero, é que foi adaptado para a utilização de imagens OCI, “Open Container Iniciative”, um dos projetos apoiados diretamente pela Linux Foundation, muito forte no mundo corporativo e de servidores, raramente explorado no desktop. Basicamente é uma iniciativa para padronizar a criação e distribuição de softwares via contêineres, incluindo contêineres de sistemas operacionais completos.

No caso do VanillaOS, esses contêineres são utilizados como base para as atualizações do sistema, quando uma nova atualização surge, uma imagem completa é enviada para atualização. Isso garante que o que roda na máquina do desenvolvedor, seja o mesmo que o usuário tem acesso, utilizando o conceito de atualizações atômicas, como no do Clear Linux Project da Intel.

O novo ABROOT também será flexível onde necessário, permitindo a instalação de drivers adicionais via uma ferramenta gráfica integrada ao painel de controle, além de permitir a gestão de pacotes do sistema base usando comandos como “abroot pkg add”, ou “remove”, dependendo da ação que você quiser fazer.

Essas versões alteradas do sistema base criarão uma imagem local no seu computador, com a última versão do Vanilla OS contendo os pacotes que você adicionou ou removeu, e as atualizações respeitarão essas mudanças. 

Uma das intenções do Vanilla OS é fazer um sistema que não quebre nunca, ou algo próximo disso, sendo assim, a forma com que o bootloader é configurado também difere das outras distros, basicamente dividindo os arquivos de boot em duas partições, garantindo que uma sempre esteja funcional.

Como é algo diferente do que estamos acostumados a ver em sistemas Linux e a gente ouve muito falar sobre contêineres no projeto do Vanilla OS, é fácil pensar que é um sistema pouco customizável, mas, na verdade, é o oposto disso. A questão é em como se faz essa customização.

Os próprios desenvolvedores falam que o VanillaOS é um sistema de propósito geral e que algumas pessoas podem querer alterar o funcionamento básico dele, tipo trocar a interface, já que o Vanilla prioriza o GNOME e nem todos querem utilizar essa interface.

Para isso eles criaram uma ferramenta chamada Vanilla Image Builder, abreviada para “VIB” que permite criar imagens customizadas de contêineres OCI usando receitas ou scripts e módulos customizados. Dessa forma, você pode criar a sua própria imagem de contêiner e sistema customizado, sendo até uma forma de fazer backup de uma instalação completa.

Junto às melhorias para ajustes e gerenciamento de flags no kernel, fazer restauração do sistema, verificar a integridade da distro, entre outras coisas, temos uma nova estrutura para o sistema. O Vanilla OS Orchid se baseará em 3 imagens de contêineres chamadas de Pico, Core e Desktop.

Pico é a menor de todas, com 60 MB mais ou menos, basicamente um Debian construído a partir dos repositórios do Vanilla OS, uma imagem base para o container Core. O Core, por sua vez, é o Vanilla OS sem a interface, que pode ser usada em servidores, por exemplo. Desktop, como provavelmente você já deve imaginar, é o Vanilla OS de desktop, com todos os recursos que ele tem, a imagem desktop é baseada na imagem Core, assim como a Core é baseada na Pico.

Os desenvolvedores mencionam que essa divisão pode justamente abrir portas para várias customizações interessantes, desde desktop até servidores, algo que permite até mudar a base Debian do sistema para outra distro, tipo um Arch Linux, basicamente trocando um contêiner, desde que ele respeite o OCI.

Em termos de gestão de pacotes, as coisas não mudaram tanto. O APX é o gestor de pacotes e como o sistema continua operando em contêineres, você pode ter acesso ao repositório de todas as distros Linux que existem.

Algo que chama atenção foi a ideia de incluir suporte para aplicativos Android, permitindo a instalação de APKs através do projeto Waydroid

O instalador também parece ter recebido melhorias, o back-end foi trocado, agora se chama Albius e é escrito em Go. Ele teoricamente pode ser utilizado para instalar qualquer distro Linux, então, apesar de ter sido feito para o Vanilla OS, outros sistemas podem usar se quiser, já que ele tem código aberto.

O front-end do instalador ainda tem alguns problemas de usabilidade, especialmente em relação à seleção das opções de teclado e idioma, que nem sempre fica certo, além de não permitir a pesquisa por opções, algo meio básico, mas quem sabe até a versão final chegar, isso possa ser alterado.

Outra mudança é o abandono do sudo, esse é um comando que não será mais fazer parte do Vanilla OS, e que provavelmente não fará muita falta, já que, ou você não precisa escalar privilégios, ou não é indicado que você faça, afinal, estamos lidando com bases imutáveis e contêineres.

Ainda dará para entrar como root, só que sem o sudo, se for necessário. Segundo os desenvolvedores, o sudo é um vetor de ataque desnecessário de manter no sistema, já que ele nunca será usado. Em contrapartida, os containers e subsistemas que você instalar no VanillaOS, provavelmente continuarão usando sudo, se você quiser.

O Alfa e o Ômega

Os desenvolvedores criaram para a versão Orchid, uma série de ferramentas com nomes gregos para gerir a infraestrutura do sistema, não porque não nomes difíceis, mas porque são nomes de entidades gregas mesmo.

  • Prometheus, um container engine escrito em GO ,serve para manipular as imagens OCI, fazendo o papel do que seria o Docker ou o Podman numa gestão de contêineres tradicional;
  • Eratosthenes, é uma plataforma para gerir os repositórios da distro, que inclusive pode ser vista por qualquer pessoa;
  • Por fim, o Atlas, outra plataforma usada no desenvolvimento, ela lista as imagens usadas para construir o sistema e você também pode vê-lo em ação.

Para finalizar, algumas novidades extremamente bem-vindas, o sistema está sendo construído para avisar os usuários de que drivers podem estar faltando, oferecendo a opção de instalar. 

Outra coisa que podemos ver é a intenção de tornar o Vanilla OS compatível com distribuição OEM, basicamente o tipo de instalação em sistemas vendidos com computadores. A grande diferença é que em instalações compatíveis com OEM geralmente o usuário é criado no primeiro boot, e não durante a instalação, como é agora. Juntamente com isso é importante ter ferramentas para auxiliar a restauração e reparo do sistema de forma guiada, automatizada e gráfica.

O app Vanilla OS Recovery parece cobrir essa falta e é um dos mais completos que eu já vimos, se todos os recursos ali presentes realmente funcionarem. Ele terá a opção de reinstalar o sistema preservando aplicativos e arquivos dos usuários, uma vantagem de se usar contêineres, ferramentas para lidar com particionamento, utilitários de disco, um terminal, um navegador de internet, caso seja necessário pesquisar ou ler documentação, além da opção de reparar o disco.

Com o sistema de snapshots do BTRFS que o sistema usa e um aparato assim, dificilmente você teria problemas sérios, se tudo funcionar como deveria.

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