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Testamos o Fedora 39: veja como ele se sai comparado ao Ubuntu

Há algumas semanas saiu o novo Fedora 39 e após usar o sistema por vários dias e fazer diversos testes, a gente pode compartilhar as nossas impressões desse lançamento. Como ele foi adiado algumas vezes pela equipe do Fedora até finalmente ser lançado, é inevitável perguntar: Valeu a pena esperar o tempo extra? Vale a pena migrar para o novo Fedora?

Um sistema mais consistente

Consistência é uma das coisas mais difíceis de conseguir ao lançar um produto técnico como um sistema operacional, o Fedora mais uma vez parece ter conseguindo atingir a excelência na versão 39. O sistema pode carregar consigo mudanças mais sutis, algo que pode ser visto como positivo ou negativo.

Como é comum em qualquer lançamento do Fedora, o documento “ChangeSet” mostra para gente a atualização de pacotes importantes no repositório da distro, assim como os softwares que acompanham o sistema. Confira alguns detalhes técnicos interessantes:

  • A memória virtual foi aumentada, algo que pode ter maior impacto em servidores, especialmente;
  • O Fedora agora pode rodar sem o GRUB, usando somente o Systemd-boot, um software a menos do GNU, caso o usuário prefira, que pode simplificar e até acelerar a inicialização do sistema;
  • Suporte para autenticação via Passkey em ambiente LDAP ou Active Directory, compatível com dispositivos Fido2.

O GNOME 45 acompanha essa nova versão do Fedora com todas as novidades que ele traz, sendo responsável pela maioria das novidades mais evidentes do sistema operacional. Dentre os principais destaques do novo GNOME, temos:

  • Um novo indicador de áreas de trabalho dinâmicas como botão para o menu “Atividades”;
  • Indicador de câmera em uso via PipeWire;
  • Controle do brilho do teclado pelo menu de ações rápidas, algo que não funcionou bem em nosso laptop de testes, mas pode ser um problema do GNOME, afinal, tivemos a mesma experiência com o Ubuntu;
  • O redesenho e polimentos de alguns componentes clássicos do GNOME, como o gestor de arquivos, que agora tem uma coluna lateral mais destacada, sem falar no contínuo polimento e conversão de aplicativos para o LibAdwaita e GTK4.

Mesmo assim, o monitor do sistema do GNOME permanece com o design antigo, ele poderia ser trocado por alguma alternativa melhor, como o “Resources”, que combina muito mais com o design atual e entrega até algumas informações extras, como o uso de GPU.

Monitor do sistema do GNOME comparado ao Resources
Monitor do sistema do GNOME (esquerda) comparado ao Resources

Um aplicativo novo chamado “Loupe” assumiu o papel de visualizador de imagens padrão do sistema, prometendo ser mais rápido, com design aprimorado, feito em Rust, usando GTK e LibAdwaita.

Outra novidade bem-vinda, aplicativos Flatpak quando desinstalados pela loja agora perguntam se você quer remover os dados deles também, já que por padrão, assim como ocorre no Android, os arquivos de configuração e pessoais ficam salvos para futuras reinstalações, o que, em geral, não deve ser problema, mas pode consumir um espaço desnecessário.

Limpar dados app Fedora 39

Em geral, tivemos melhorias de desempenho, como, por exemplo, pela adoção de aceleração de hardware para exibir vídeos; a velocidade de geração de miniaturas de arquivos no Nautilus também deve aumentar, já que agora esse trabalho pode ser feito por mais de um núcleo do processador simultaneamente; a latência do cursor do mouse foi melhorada, o que para uso regular, não deve ser tão perceptível, mas para quem joga, pode fazer alguma diferença.

O Fedora 39 vem com Kernel 6.5, em breve o 6.6 deve chegar, e, a proposito, permanece com o antigo GNOME Terminal como emulador de terminal, no lugar do novo Console.

Drivers da NVIDIA estão disponíveis em duas versões, uma para placas legadas, na versão 470, e outro para hardware mais moderno, na versão 535. O Mesa, atrelado aos drivers Intel e AMD, está na versão 23.2.1. Ou seja, todos os componentes bem atualizados, ideal para quem quer extrair o máximo em hardwares mais recentes, e, com sorte, melhorar um pouco o desempenho dos computadores mais antigos.

Comparamos Fedora 39 com Fedora 38 e Ubuntu 23.10

Sempre fazemos testes de benchmark no mesmo computador, um Core i7 1165G7, gráficos Intel Iris Xe, com 16 GB de RAM e 1 TB SSD, para termos uma ideia do quão significativo são os upgrades e como o sistema se sai comparado aos demais. Vimos modesta melhoria em relação ao Fedora 38, já tivemos melhores resultados que esses em outros sistemas, mas o Fedora 39 não deixar a desejar.

Sistema operacionalBlender 3.X – ClassroomBlender 3.X – JunkshopBlender 3.X – Monster
Ubuntu 23.1019,3726,2548,31
Fedora 3817,9425,7642,4
Fedora 3919,2726,8845,76

Na Unigine Superposition, o resultado foi o mesmo da versão 38 do Fedora, nenhum ponto a mais, o que é bem curioso, 2634 pontos. Com o Geekbench, a evolução foi mais sensível, especialmente em multicore, onde batemos mais de 5500 pontos, houve também um upgrade mais modesto em single core, comparado com o Fedora 38, passando dos 1600 pontos.

Sistema operacionalGeekbench multicoreGeekbench single core
Ubuntu 23.1044271353
Fedora 3851391547
Fedora 3955331617

Pelo Web Basemark com o Firefox, tivemos um resultado decente, 887,65 pontos. O Firefox nunca fez as pontuações mais altas nesse teste, mas depois do Bazzite, distro gamer baseada no próprio Fedora, ter sido a primeira a fazer mais de mil pontos em nossos testes, a expectativa ficou elevada.

Desempenho do Fedora 39 em jogos 

Em Universe sandbox, jogo que parece ter quebrado no Linux nos últimos tempos, já que, no passado, alguns sistemas conseguiram mais de 60 quadros em média, em seu lançamento, o Fedora 38 alcançou 70 quadros, mas todos os sistemas que testamos recentemente ficaram em torno de 15 FPS, e o Fedora 39, infelizmente não foi exceção. Shadow of the Tomb Raider, apresentou 29 quadros de média, um pouco abaixo de 30, mesmo com gráficos em HD, podendo incomodar algumas pessoas.

Recentemente, adicionamos alguns jogos a mais na nossa bateria de testes para aumentar o espectro de comparações, em Shadow of Mordor, o Ubuntu foi bem melhor que o Fedora 39 no teste, 45 quadros por segundo, contra 26.

Porém, em Dirt Rally, o Fedora bateu quase os 100 quadros de média, contra os menos de 80 do Ubuntu, vitória incontestável. GRID apresentou mais um bom resultado para o Fedora, 93 quadros contra 88, uma diferença menor, mas relevante.

Valeu a pena esperar um pouco mais pelo lançamento do Fedora 39?

A postura de demorar um pouco mais para apresentar um trabalho bem feito demonstra compromisso com o público. Porém, nada de revolucionário aconteceu no Fedora 39, isso pode decepcionar um pouco aqueles que sempre esperam mudanças mais drásticas.

Criar e manter um sistema operacional do calibre do Fedora demanda enorme esforço, é impressionante lançarem uma versão a cada 6 meses. Contudo, afora o GNOME, que não é inteiramente desenvolvido pelo projeto Fedora, afinal existem colabores que participam das duas comunidades, nada de realmente novo aconteceu. O lançamento do Ubuntu 23.10, por exemplo, foi mais efetivo nesse quesito, e olha que “inovação e Ubuntu” na mesma frase já não eram usados há algum tempo.

Algo que desperta curiosidade para testar, é o novo instalador do Fedora e de toda a família Red Hat, mas isso vai ter que esperar de novo, já que a instalação permanece com o tradicional instalador Anaconda.

Apesar disso, o GNOME 45 é sem dúvidas um lançamento muito bacana, uma evolução com vários destaques em relação ao GNOME 44, para quem gosta de usar o GNOME, sem dúvidas, é um ótimo motivo para atualizar.

Claro que o Fedora 39 não se resume ao GNOME, existem também Spins com outras interfaces, elas não são o projeto principal, cada qual tem suas próprias notas de lançamento, mas tirando as novidades relacionadas ao GNOME, as outras modificações são globais, incluindo drivers, kernel e ajustes técnicos.

Se você já usava o Fedora 38, atualizar para a versão 39 não deve nem ser um questionamento, lembre de fazer um backup sempre antes de cada update para ter maior segurança. O fato do Fedora usar o BTRFS permite que você faça Snapshots e retorne ao estado anterior caso algo dê errado. Recomenda-se aguardar umas duas ou três semanas após o lançamento para corrigirem eventuais bugs, sendo assim, podemos considerar este, um bom momento.

Para usuários novos, o Fedora pode ser uma boa opção, especialmente se você gosta do GNOME puro, sem extensões: o GNOME 45 quebrou todas as extensões que existiam até então, fazendo com que os desenvolvedores precisassem refatorar os seus códigos, algo que nem todos tiveram tempo de fazer.

Tenha certeza de marcar a opção de habilitar os repositórios de terceiros durante a instalação, isso muda completamente a sua experiência para conseguir novos softwares, instalar drivers no Fedora. Essa opção adiciona acesso aos drivers da NVIDIA e o repositório inteiro do Flathub na sua loja de aplicativos.

Assim como para qualquer outro sistema operacional, sempre baixe o Fedora pelo canal de distribuição oficial. Você pode instalar numa máquina virtual, sem interferir em qualquer outro arquivo, ou criar um pendrive bootável para implementar diretamente no computador, neste caso, lembre-se de fazer uma cópia de segurança dos seus dados em outro dispositivo de armazenamento.

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