Com tantos problemas, da ativação ao uso do Windows, versões customizadas do sistema operacional que prometem ser gratuitas e melhores, parecem interessantes. Será que vale a pena utilizar algum Windows modificado? Por que alguém te daria uma versão diferente do Windows de graça?
O que é um Windows modificado?
É comum ver diversas opções de Windows modificado surgindo e sumindo na internet, prometendo serem mais leves, com menos programas indesejados pré-instalados, sem mesmo a necessidade de ativar. Mas esses benefícios nem sempre são verdade ou são perceptíveis, assim como geralmente versões adulteradas do Windows apresentam um risco totalmente desnecessário de correr.
Qualquer pessoa que gosta de “mexer com computador” e passou muito tempo usando Windows, pode em algum momento perceber várias coisas que poderiam ser diferentes. Seria legal se todas as modificações que você gosta ou faz no seu Windows pudessem ser condensadas numa ISO, permitindo reinstalar sempre que precisasse, melhor ainda com o bônus de não se preocupar com licença e ativação, não é?
Existem dois aspectos particularmente relevantes sobre usar versões modificadas por terceiros do Windows, a legalidade, e a segurança desses projetos.
Windows modificados são seguros?
O Windows é um produto projetado pela Microsoft para se comportar de uma determinada forma, muitas vezes independente do gosto do usuário. Por ser um produto extremamente visado por ataques de segurança, o Windows precisa constantemente receber atualizações para tentar fechar ou mitigar vulnerabilidades.
Dado o devido crédito, a Microsoft melhorou consideravelmente a segurança do Windows na última década, já foi mais trabalhoso para os usuários manterem o Windows seguro do que é hoje em dia. Versões modificadas do Windows, como o nome já segure, são sistemas alterados por indivíduos que, não raramente, são muito difíceis de se identificar, alguns alegam questões legais para isso, mas talvez não seja tão simples.
Se o seu Windows não veio da Microsoft, não há realmente uma forma de saber o que exatamente foi modificado no sistema, um Windows ativado, original, pode receber certas atualizações de segurança que uma versão modificada não consegue aceitar. Isso quer dizer que ao comparar uma instalação modificada e outra original, mesmo que número da versão seja igual, tecnicamente não é o mesmo sistema que a Microsoft está dando suporte.
Dados os riscos financeiros que envolvem a pirataria de Windows, é pouco provável que desenvolvedores de software despretensiosamente trabalhem dias ou meses para criar uma versão personalizada e otimizada para entregar gratuitamente para pessoas na internet, sem nem receber o crédito por isso.
Versões modificadas do Windows podem conter alterações maliciosas na raiz do sistema, passando despercebido por antivírus, inclusive o Windows Defender é geralmente desligado em versões customizadas, ou até mesmo removido por completo.
É uma questão de tempo e sorte, um Windows modificado por um terceiro qualquer pode ser usado em alguma botnet, pode conter trojans, ransomware para te extorquir, keyloggers para capturar dados e roubar contas de qualquer tipo, sem falar em diversos outros métodos de crimes virtuais que usuários despreocupados nem vão perceber.
Se a Microsoft que faz o Windows original já consegue levantar um monte de dados dos seus usuários sem oferecer uma noção clara de que informações estão sendo extraídas, o que impediria de um Windows customizado fazer o mesmo para interesses próprios?
Alguns criadores de conteúdo acabam incentivando essa prática de usar Windows modificados simplesmente porque é algo que as pessoas estão buscando, um Windows “grátis” que faça os jogos rodarem melhor. Esse é o público alvo ideal, o tipo de pessoa que sabe o suficiente para conseguir instalar um Windows modificado no próprio computador, mas não entende os riscos.
Nem mesmo os Windows modificados open source servem?
Um argumento frequente está relacionado a projetos open source que modificam o Windows. Com o código aberto, dá para saber as modificações que foram feitas e instalar por cima de um Windows original.
Realmente, se o projeto usa a versão original do Windows como base, que você baixa diretamente do site da Microsoft, e todo o código da modificação é aberto a consulta, a confiabilidade tende a ser maior, sobretudo quando não são binários ou executáveis, mas scripts que podem ser lidos diretamente. Mesmo isso não quer dizer que as coisas que esses scripts fazem ao sistema são necessariamente boas, se você não entende de Windows profundamente, pode, com o tempo, se tornar um problema.
O projeto Atlas, uma das modificações open source mais conhecidas, tem uma lista enorme de ferramentas de segurança desligadas, incluindo a mitigação para spectre e meltdown. Mesmo projetos audaciosos como o Atlas, que tem o seu próprio site, com a cara dos desenvolvedores do projeto no GitHub, o que de alguma forma aumenta a confiabilidade, não podem gerar ISOs do Windows.
Em tese, eles não estão quebrando nenhuma regra, até que um juiz ache o contrário, ao criar uma ferramenta para customizar o Windows. Mas isso não quer dizer que quem usar essa ferramenta para criar versões modificadas do sistema da Microsoft não estará infringindo a lei.
De toda forma, o fato é: se for baixar um Windows modificado da internet que não sabe a procedência, sem saber exatamente o que foi alterado, você está numa roleta russa com a sua segurança, é questão de tempo para ter algum problema. Na melhor das hipóteses, só você vai se prejudicar, na pior, pode infectar a rede inteira de uma empresa, ou ameaçar a segurança de usuários leigos que não estão preparados para se defender.
Qual o problema jurídico de utilizar Windows modificado?
Por mais que entusiastas queiram que as coisas sejam diferentes, não importa o que você acha que é certo, se você modificou o Windows, ou distribui, ou violou qualquer acordo de usuário, você está do lado errado da tribuna. A lei envolve contratos e o Windows sempre apresenta seus termos antes da instalação.
Tem gente que acha que a Microsoft não se importa com pirataria, na verdade, a empresa escolhe o momento de atacar. Basta uma pesquisa para encontrar notícias de processos contra empresas e indivíduos que falsificaram o Windows ou distribuíram cópias não autorizadas do sistema.
Um caso que ficou famoso foi o de Eric Lundgren, que pegou quinze meses de cadeira por conta de suas ações, mesmo que eles estivesse cheio de boas intenções. Outro é o da Universidade Cândido Mendes, que foi processada e passou a dever para Microsoft mais de 40 milhões de reais, tendo que leiloar um de seus prédios para a pagar a dívida.
Então se utilizar Windows modificado, vou contaminar o computador e ainda serei processado?
Nada disso é leve e simples de lidar, mas não podemos negar que para alguém arriscar fazer um Windows pirateado e modificado para distribuir, é porque, de alguma forma, os ganhos podem compensar o risco. Ou então o desenvolvedor gosta da adrenalina de fazer algo ilegal e tentar escapar.
Obviamente não quer dizer que os ofensores serão sempre pegos, a internet é lotada de exemplos, mas é sempre um risco, uma zona cinzenta para dizer o mínimo. Por isso, se você realmente quiser uma versão modificada do Windows, que seja feita por você mesmo, partindo da ISO original, de preferência sem usar programas de terceiros que você não sabe como funcionam, privilegiando scripts open source.
Ainda assim, você pode estar ferindo a lei, não importa o que a sua moral diga, mas ao menos, não vai ser mais um nó de uma botnet, e se as modificações que você fizer te colocarem em risco, ao menos, vai ser no seu computador pessoal. Mas tenha a responsabilidade de evitar conectar computadores modificados em redes com mais máquinas, nunca sabe se a modificação feita no sistema vai abrir uma brecha de segurança
Se você tem uma empresa, nem considere qualquer pirataria do Windows ou qualquer software, porque a sua “malandragem para economizar” pode custar o emprego dos seus funcionários, um risco desnecessário.
Caso queira modificar sistemas operacionais, conheça mais sobre o Linux, sistemas de código aberto com licenças permissivas tem como cerne a ideia de modificar e distribuir as coisas, para muitos casos, o Windows não é realmente necessário. Há quem se apegue tanto ao Windows, que acaba desconsiderando outras opções em momentos críticos, como a petição para estender o suporte do Windows 10.
