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Fizemos uma cápsula do tempo digital!

Em 5 de setembro de 1977, a NASA lançou ao espaço a sonda Voyager 1, com a missão importante de nos ajudar a conhecer mais sobre o nosso sistema solar, 16 dias depois, a Voyager 2 foi lançada, e já são 45 anos de operação ininterrupta. A bordo dessas sondas espaciais existe um disco dourado com uma missão muito audaciosa, ser uma capsula do tempo para a civilização humana e para o planeta terra.

Cada disco contém informações sobre a vida, sons do nosso planeta, de animais, das ondas do mar, de bebês chorando, de risadas, músicas, saudações em mais de 50 idiomas e mais de 160 fotos, junto a instruções sobre como acessar e entender as informações contidas nesse disco.

O Disco é feito de cobre, banhado a ouro, com uma capa de alumínio, e como não deve haver degradação ao longo do tempo, deve durar mais do que qualquer outra invenção humana. Quem sabe um dia, alguma civilização inteligente encontre essas informações e entenda que, em algum momento no passado, a gente existiu.

Capsulas do tempo carregam algo muito sentimental, e possivelmente, essa das sondas Voyager seja uma das mais importantes da nossa história, mas definitivamente ela não é a única.

Há 2 anos, foi aberta uma capsula do tempo em Salt Lake City, nos EUA, que foi mantida no topo de um templo da cidade, aos pés de uma estátua. Ela tinha 128 anos, colocada lá na época da construção.

O problema é que o cimento usado como material para a contenção dessa capsula do tempo não é o material mais amigável para fotos e páginas de livros e diários. Tanto o local, quando o material da capsula do tempo acabaram danificando o conteúdo, impedindo que a gente pudesse ter uma visão dessas relíquias do passado.

Isso mostra o quanto é importante pensar em longevidade dos materiais quando você planeja preservar as coisas por muito tempo, os egípcios sabem muito bem disso. Você tem memórias que gostaria de preservar com tempo? Fotos, arquivos, talvez até vídeos.

Pensando nisso, nos ocorreu fazer uma capsula do tempo digital, de certa forma, semelhante ao que os cientistas do projeto Voyager fizeram, algo possa acessar daqui a alguns anos, ver e refletir. Isso nos leva a um assunto muito interessante, preservação de arquivos, uma capsula do tempo digital precisar ter algumas características.

Como planejamos a infraestrutura da capsula do tempo digital?

Capsulas do tempo precisam ser duráveis, ou seja, mesmo que seja um arquivo digital, precisa ser armazenado em algo que perdure. Os arquivos precisam poder ser abertos a qualquer momento, não sendo atrelados a nenhum software em particular.

O armazenamento não pode se corromper facilmente e, pensando bem, criptografar os arquivos talvez não seja a melhor das ideias, afinal, a senha pode se perder. 

Armazenar arquivos digitais por longos períodos é um grande desafio, praticamente toda invenção de armazenamento de dados que os humanos criaram se tornaram obsoletas em alguns poucos anos.

HDs e SSDs tendem a degradar com o tempo e começam a falhar, sem falar que o próprio formato pode deixar de ser suportado, digamos que tivessemos feito uma capsula do tempo em um disquete, hoje seria um pouco mais complicado abrir esse tipo de mídia. O pessoal da Voyager, por exemplo, adicionou um toca-discos na sonda para haver alguma chance do disco ser aberto.

Mas aqui na terra, a gente pode ficar limitado aos bens de consumo mais comuns, com pouca chance da gente acertar precisamente como será a tecnologia daqui há uns 10 ou 20 anos.

Existem outros formatos de mídia que poderiam ser utilizados, como CDs e DVDs, esse tipo de mídia se guardado adequadamente, pode sobreviver por muito tempo, mas se não for, pode se degradar, sem falar do problema de precisar de um hardware específico para lê-los.

Existe também o M-Disc, com formato parecido de um CD ou DVD, mas elaborado especificamente para arquivamento de dados. Dizem que, se armazenados corretamente, podem durar até 1000 anos; claro que ninguém conseguiu comprovar isso ainda. O mesmo vale para fitas magnéticas, que também tem uma duração longa, sendo utilizadas para armazenar dados até hoje.

Pendrives e cartões de memória são boas opções também, por serem elementos físicos simples de guardar, podem durar bastante tempo e com pouca degradação, mas em último caso, sofrem o efeito da vida, como tudo.

Cloud também seria uma solução, mas não tem como saber se um determinado serviço continuará operando ao longo do tempo, mesmo que você construa ele de forma privada. Inclusive, descobrimos que existem empresas que oferecem serviços de digital time capsule, como a forkeeps.

Na realidade, pensar em como a estrutura de cloud funciona nos ajuda a entender uma possível solução para esse problema.

Os equipamentos que data centers utilizam para armazenar dados são semelhantes aos que a gente tem acesso, a principal diferença está no nível de cuidado que eles recebem, com ambientes limpos, temperaturas controladas, pouca movimentação, justamente para aumentar a vida útil.

Mesmo assim eles podem falhar, mas você não fica sem os seus dados no Google drive quando uma unidade de armazenamento da empresa falha, isso acontece por conta da redundância, os dados não estão em apenas um disco.

A taxa de falha de unidades de armazenamento é inclusive pauta de estudos, afinal, ter que trocar os discos que falham não só pode gerar algum problema com os consumidores, como representa também custo para a operação. É previsto que, em 2024, os dados armazenados aumentem em quase 18%, sendo os HDs ainda a principal tecnologia de armazenamento, usado em 90% dos casos.

Ao que parece, o segredo para armazenar dados por centenas de anos digitalmente, não é realmente um grande segredo, o negócio é ir fazendo cópias e transportando esses dados para formas mais modernas de mantê-los, com backups e redundâncias.

Sendo assim, nossa capsula do tempo será feita dessa forma, juntaremos todos os dados que queremos salvar, e faremos cópias deles em vários dispositivos diferentes, isso não garante nada, mas aumenta a chance de alguma das cópias sobreviver.

Para assegurar que tenhamos alguma chance de abrir esses arquivos daqui 10 anos, a melhor chance é usar formatos de código aberto, isso é muito importante para longevidade da nossa presença digital.

Em quais formatos salvaremos os dados na nossa cápsula do tempo?

Para textos cogitamos o “odf”, open document format, ou até mesmo pdf, que seriam boas opções, mas pode ser uma boa ideia aderir algo mais simples. Um simples arquivo de texto, sem formatação alguma, que não depende de algo mais complexo para ser exibido e pode ser aberto por qualquer software de edição de texto já criado, o chamado “plain text”.

Já para as imagens, podemos converter todas para PNG, talvez elas ocupem mais espaço, mas é provável que qualquer software abra o formato.

Quanto aos vídeos, decidimos apostar no MP4 como vídeo contêiner e H264 como codec, isso deve ser possível de abrir no futuro com certa facilidade, já que muita coisa hoje em dia ainda usa.

Mas como nos lembraremos de abrir a cápsula do tempo daqui a 10 anos?

Criar e armazenar a capsula do tempo é só parte do processo, afinal, a gente precisa se lembrar de abrir isso em algum momento no futuro. Assim como decidimos não armazenar as coisas em um lugar só, também não apostaremos numa única coisa para lembrar de abrir a capsula do tempo em 2033.

Encontramos um site bem curioso chamado “futureme.org”, ele permite que você escreva um e-mail, uma mensagem para si, para daqui a um certo tempo. Ele é gratuito para escrever textos simples.

Outra coisa que faremos, é criar um evento na agenda para daqui a 10 anos, francamente não sabemos se isso continuará funcionando até lá, se sim, parabéns ao Google, mas é mais uma forma de lembrar.

Escreveremos também um e-mail para nós mesmos também e agendaremos o envio para daqui a 10 anos.

E por fim, algo que não dependa do digital, manteremos algo próximo que funcione como um token, um pendrive preso em um chaveiro, ou um cartão de memória em um pingente, ou algo assim. Essa não só é uma forma de manter uma cópia da cápsula do tempo consigo, como também de não esquecer.

Outra forma de lembrar disso seria fazer um quadro, por exemplo, com uma data, ou qualquer coisa realmente que te lembre de fazer isso, daqui a 10 anos, algo que você acredite que fará parte ainda da sua vida nesse período.

Capsulas do tempo digitais podem ser um pouco sentimentais, mas elas lembram a gente de algo que tem uma função muito mais prática, os backups. Sabia que com praticamente qualquer computador, podemos criar um servidor NAS, que manterá todos os seus dados muito mais seguros?

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