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Testamos 20 distros Linux pra te ajudar a escolher a melhor em 2024

Testar diferentes sistemas operacionais em um período curto de tempo pode ser uma tarefa desafiadora e reveladora. Ao longo de 30 dias, realizamos uma verdadeira maratona de testes envolvendo 21 sistemas operacionais, dos quais 20 foram distribuições Linux e um foi o Windows 11. Nosso objetivo era identificar quais sistemas operacionais oferecem a melhor experiência de instalação e uso, quais são mais problemáticos e quais conseguem fornecer um ambiente estável sem exigir muita intervenção técnica.

Setup e abordagem

Os testes foram realizados em dois setups distintos: um laptop com hardware Intel, incluindo o chip gráfico Xe, e um PC com hardware AMD, no qual alternamos entre placas gráficas da NVIDIA e AMD. Isso nos permitiu verificar como cada sistema lida com diferentes configurações de hardware e drivers gráficos, aspectos críticos para quem utiliza a máquina para atividades que demandam maior desempenho gráfico.

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Um dos primeiros padrões que percebemos ao longo dos testes foi a dificuldade que alguns sistemas tiveram em lidar com placas gráficas da NVIDIA. Historicamente, as GPUs da NVIDIA representam um desafio maior no ambiente Linux, principalmente pela necessidade de drivers proprietários. O cenário não mudou muito durante nossos testes.

No setup com a GPU NVIDIA, muitas distribuições simplesmente não conseguiam completar o boot ou a instalação sem ajustes manuais. Por exemplo, Vanilla OS 2, Fedora, KDE Neon, elementary OS, openSUSE Tumbleweed, MX Linux, entre outros, não deram boot adequadamente quando a placa gráfica NVIDIA RTX 4060 estava conectada. Mesmo o elementary OS, que possui um modo de gráficos seguros (safe graphics), não conseguiu completar a instalação com sucesso, pois, após marcar a opção de instalação do driver da NVIDIA, o sistema reiniciava sem o driver.

Por outro lado, o setup com GPU AMD e o hardware Intel no laptop tiveram um comportamento mais consistente. A GPU AMD, sendo suportada diretamente pelo Kernel Linux, geralmente apresenta menos problemas de compatibilidade inicial. No entanto, o laptop com Intel teve o desempenho mais fluido e sem surpresas, exceto por um incidente onde o Debian falhou ao inicializar após um reboot, o que nos obrigou a formatar e reinstalar o sistema.

Manjaro: uma surpresa

Uma das distribuições que mais nos decepcionou foi o Manjaro, tradicionalmente recomendado para usuários iniciantes, mas que mostrou uma série de problemas em nossos testes. Utilizamos a versão KDE do Manjaro, que apresentou um ambiente gráfico quebrado já no boot inicial, além de faltarem pacotes Vulkan necessários para rodar alguns dos testes no hardware Intel.

Ainda mais preocupante foi o fato de o Manjaro ter sido a única distribuição que não conseguiu lidar com a troca de GPUs no PC. Quando substituímos a placa NVIDIA por uma AMD, o sistema não deu sinal algum de vida, algo incomum no mundo Linux, já que os drivers AMD e Intel fazem parte do Kernel e, em tese, deveriam estar sempre disponíveis para uso. Essa incapacidade de adaptação destaca uma falha considerável, especialmente para uma distribuição que propõe facilitar a vida do usuário.

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Big Linux: um Manjaro Melhor?

No meio das nossas decepções com o Manjaro, encontramos uma versão derivada dele que se destacou positivamente: o Big Linux. Desenvolvido no Brasil, o Big Linux superou o Manjaro em vários aspectos, especialmente na usabilidade e experiência visual. Ele conseguiu uniformizar o design de aplicativos GTK (típicos do GNOME) e QT (nativos do KDE Plasma) de maneira que nenhum outro sistema com KDE Plasma conseguiu. Para quem se preocupa com a coesão visual entre aplicativos em diferentes ambientes gráficos, esse foi um ponto positivo que não podemos ignorar.

Porém, o Big Linux também apresentou um problema peculiar: o hardware de som do laptop não funcionou. Ele foi o único a apresentar essa falha, tornando o caso ainda mais curioso. A propósito, este e outros problemas que encontramos talvez poderiam ter sido solucionados com alguma configuração extra, mas exceto pela instalação do driver NVIDIA, optamos por não corrigir bugs, utilizando as distros da forma como foram distribuídas.

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NVIDIA e outros obstáculos

A NVIDIA foi, sem dúvida, o principal ponto de frustração durante esses testes. A maior parte das distribuições testadas apresentou dificuldades para lidar com essa placa, incluindo nomes como Fedora, KDE Neon, e o Vanilla OS. Alguns sistemas até conseguiram dar boot em modo de gráficos seguros, mas não avançaram sem intervenção manual.

Felizmente, existe uma solução relativamente simples que utilizamos para contornar essa questão: alterar os parâmetros de inicialização do kernel para incluir a flag “nomodeset”, o que permitiu completar a instalação em muitas dessas distros.

Entretanto, o processo não foi simples em todas as situações. O openSUSE Tumbleweed, por exemplo, foi particularmente problemático. A única forma de instalar o driver da NVIDIA foi conectando uma placa AMD e seguindo a documentação da distro para instalar os drivers da NVIDIA manualmente. Esse procedimento, embora tenha funcionado, é altamente impraticável para quem possui apenas uma GPU.

O openSUSE Tumbleweed, em particular, nos causou diversos problemas durante os testes. O repositório de pacotes da distribuição é notoriamente lento, levando vários minutos para realizar operações simples, como a instalação de pacotes. 

Outro problema recorrente foi a ausência de pacotes essenciais em algumas distribuições. Alguns sistemas operacionais não tinham suporte nativo para sistemas de arquivos como o NTFS, o que nos impediu de acessar rapidamente backups armazenados em um SSD. Entre os sistemas afetados, podemos citar o openSUSE Tumbleweed, Regata OS, e o Bazzite.

Essas situações foram frustrantes, pois exigiam tempo extra para instalar pacotes adicionais e resolver problemas que poderiam ser facilmente evitados com um suporte mais amplo.

NixOS e a curva de aprendizado

O NixOS foi outra distribuição que apresentou desafios, mas, nesse caso, atribuiremos a maioria dos problemas à falta de familiaridade com o sistema. NixOS tem uma abordagem única para a gestão de pacotes e a configuração do sistema, requerendo uma curva de aprendizado significativa para usuários acostumados a distribuições Linux mais tradicionais.

No entanto, essa experiência gerou um novo repositório de arquivos de configuração no nosso GitHub, onde compartilhamos scripts e ajustes que fizemos para otimizar o uso do NixOS com NVIDIA e Steam.

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As distros que não deram problemas

Nem todas as distribuições testadas foram problemáticas. Ao longo dos testes, encontramos alguns sistemas que conseguiram oferecer uma experiência de instalação e uso fluida, sem exigir ajustes adicionais. Destacamos abaixo as seis distribuições que se mostraram mais confiáveis:

  • Linux Mint: Uma das poucas distribuições que deram boot no modo de gráficos seguros com a RTX 4060 e permitiram a instalação do driver da NVIDIA durante o processo de instalação. Não enfrentamos problemas adicionais durante o uso do sistema, tanto no laptop quanto no PC;
  • Zorin OS: Se destacou pela simplicidade. Desde a tela de GRUB, ele já oferece a opção de instalar o driver da NVIDIA, facilitando a vida do usuário. Não encontramos problemas de dependências ou pacotes faltantes, tornando essa distribuição ideal para quem quer uma experiência “out of the box”;
  • Pop!_OS: Foi ainda mais fácil de usar que o Zorin, já que disponibiliza uma ISO específica com o driver da NVIDIA pré-instalado. Isso eliminou qualquer necessidade de configuração manual, e o sistema rodou sem problemas nos dois setups de teste;
  • Fedora Silverblue: Embora o Fedora padrão tenha tido problemas com a RTX 4060, a versão Silverblue não apresentou as mesmas dificuldades. A experiência foi extremamente positiva e o sistema se mostrou estável em todos os testes;
  • Garuda Linux: Essa distribuição, baseada no Arch Linux, também ofereceu uma boa experiência de uso. Apesar de ser uma distro “bleeding edge”, o Garuda conseguiu configurar os drivers gráficos corretamente e não apresentou problemas com pacotes;
  • openSUSE Leap: Ao contrário do Tumbleweed, o openSUSE Leap foi muito mais estável e confiável. Ele também deu boot corretamente com a RTX 4060 e não enfrentamos as mesmas dificuldades com pacotes que tivemos na versão rolling release.

Considerações finais

Esses testes revelaram que, embora o Linux esteja em constante evolução, a compatibilidade com hardware, especialmente com GPUs da NVIDIA, ainda representa um desafio. No entanto, algumas distribuições, como o Pop!_OS e o Zorin, estão tomando medidas significativas para melhorar essa experiência, facilitando a vida do usuário comum.

Por outro lado, distros como o Manjaro e o openSUSE Tumbleweed ainda precisam de melhorias significativas no que diz respeito à estabilidade e compatibilidade com hardware moderno. O Big Linux se mostrou uma alternativa promissora, especialmente no quesito usabilidade e coesão visual, embora a princípio tenha sido incompatível com o som do notebook.

Ao final dessa maratona de testes, fica claro que, para quem busca uma experiência tranquila, com o mínimo de problemas e ajustes, distribuições como Linux Mint, Zorin OS, e Pop!_OS são as escolhas mais seguras.

Mas afinal, qual das distros apresentou melhor desempenho em softwares mais pesados e jogos? Confira a comparação que fizemos entre cada uma delas e também incluímos o Windows 11. 

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