Ubuntu

“Ubuntu volte a ser software livre!”, estamos presos à liberdade

Hoje li um texto muito bem escrito, palavras eloquentes e precisas mas que expressam uma ideia no mínimo capciosa, da qual eu discordo, vamos falar sobre software livre?

Seja Livre, estou mandando!

E aí meus amigos, tudo certo com vocês? Prepare-se para um texto chato porém necessário (pelo menos para mim), vai ser a chance de liberar alguns pensamentos que tenho à algum tempo já.

Para você entender melhor do que eu vou falar é extremamente importante que você leia o texto em cima do qual tecerei a minha crítica, ele foi publicado do Br-Linux e você pode ler clicando neste link.

Me senti instigado a comentar sobre este assunto por conta dele falar justamente sobre o sistema operacional que eu utilizo, sistema pelo qual tenho muito apreço, especialmente por ele ter me levado até onde cheguei, mas não se atenha somente a este parágrafo acusando-me de “Ubuntista” ou algo parecido, leia o restando dos argumentos.

“Anahuac quer que comunidade Ubuntu volte para o Software Livre”

Este era o título do post, minha intenção aqui não é criticar a pessoa que o escreveu mas sim a sua ideia, é até comum encontrar este tipo de argumento no meio Linux, especialmente entre os mais conservadores, afirmando que o Ubuntu está tirando a liberdade dos usuários por incluir código proprietário em seu Kernel personalizado, como drivers e outros firmwares para placas wi-fi por exemplo, e aparentemente a gota d’água foi a inclusão da lente da Amazon no Unity.

Vamos falar um pouco sobre isso…

O Conceito de Liberdade, e Liberdade de Software

Acho, e aqui é achismo mesmo, que muitas pessoas ficam tão “bitoladas” com essa questão  de software livre que esquecem da liberdade, vejamos e eu explicarei.

Antes de mais nada, a definição de “Liberdade” pelo dicionário Michaelis:

liberdade

li.ber.da.de

sf (lat libertate) 1 Estado de pessoa livre e isenta de restrição externa ou coação física ou moral. 2 Poder de exercer livremente a sua vontade […]

E você pode ler toda a filosofia do projeto GNU aqui neste link, diretamente da página deles. 

Mas podemos resumir, dizendo que para que um Software seja considerado “Livre” ele deve obedecer essas quatro características ou leis.

(0) para executar o programa, 

(1) para estudar e mudar o código-fonte do programa, 

(2) para redistribuir cópias exatas e 

(3) para distribuir versões modificadas.

A utopia de viver num mundo onde todo o software é livre

Resolvi retirar um trecho do texto para elucidar melhor:

“[…]Ao longo do tempo aconteceu uma relação inversamente proporcional: quanto mais o Ubuntu evoluía como sistema operacional, menor era o compromisso da comunidade com os princípios do Software Livre. Ubuntu ficou mais fácil de instalar graças a seus drivers proprietários: a comunidade aceitou. A FSF denunciou o comportamento antiético e amoral da Canonical e a comunidade decidiu demonizar o Stallman. O kernel do Ubuntu é o que mais tem códigos não livres e a comunidade parece gostar cada vez mais.

Em 2012, depois das denúncias da FSF eu deixei de usar Ubuntu. Convidei e continuo convidando muitos a fazerem o mesmo, afinal o conjunto Software Privativo + Spyware + Comportamento de Microsoft, não coaduna com os princípios do Software Livre. Até escrevi um outro artigo dando os detalhes chamado “A Microsoftização da Canonical”. Tenho alertado, pedido, conversado, escrito e palestrado. Mas parece que quanto mais eu falo, menos efeito tem. Até mesmo mega eventos de Software Livre como o FISL e o Latinoware insistem em fazer amplo uso e propaganda da distribuição. É como se não usar Ubuntu fosse feio, impossível ou improvável. Percebo esse mesmo sentimento nos usuários dos produtos da Apple: sabem que não é correto, mas insistem em usar.[…]”

Eu realmente tenho a impressão de que as pessoas que defendem o software livre com unhas e dentes esquecem de todo o resto e acham que o software é realmente a coisa mais importante para os seres humanos, mas não vou comentar isso agora, concordo que com a evolução do Ubuntu ele deixou de se “restringir” tanto a usar software livre (Liberdade 0 é usar o programa para qualquer fim), com isso ele passou a oferecer melhores drivers para as placas de vídeo dos usuários (é só um exemplo pouco abrangente), quem ganhou com isso foram as pessoas que antes não poderiam usar Linux por conta do seu hardware.

“Ah isso não aconteceria se os drivers fossem software livre também”, não, realmente não aconteceria e facilitaria muito, mas vamos encarar a realidade ok?

Sobre o Stallman, acho a atitude que ele teve na época muito corajosa e muito digna, proporcionou várias coisas boas para os usuários de computadores, a única coisa que eu penso dele é que ele tem maneiras antiquadas para um mundo plural.

No  texto há o trecho “O kernel do Ubuntu é o que mais tem códigos não livres”, sendo que “é o que mais tem”, significa que há outras distros que carregam também códigos não livres em seus ambientes, cadê a crítica aos outros sistemas? A impressão que eu tenho é que as pessoas (algumas) quando veem que um sistema Linux se destaca, Ubuntu, Android, Mint, adoram criticar o crescimento exponencial delas.

Sobre o suposto “Spyware”, aparentemente o pessoal faltou umas aulas aí e esqueceu o que significa Spyware, para os não informados, segue o link, mas a frase que o define é a seguinte:

Spyware consiste em um programa automático de computador, que recolhe informações sobre o usuário, sobre os seus costumes na Internet e transmite essa informação a uma entidade externa na Internet, sem o conhecimento e consentimento do usuário.

As lentes da Amazon retornam informações sobre a sua busca para os servidores da Canonical para que a Amazon possa oferecer produtos baseados na sua busca? Sim. Mas isso nunca foi segredo, foi? O usuário tem conhecimento disso, talvez o maior problema tenha sido logo em seu lançamento onde não havia a opção de desabilitar este serviço (mas quem nunca errou que atire o primeiro mouse), e hoje em dia você pode desabilitar essa função com um simples clique.

A liberdade de número 1, que na verdade é a segunda, sugere que você deve ter acesso ao código fonte do sistema para poder alterá-lo se quiser, então eu lhes digo.

Divirtam-se, está tudo aqui. 

E aí, o xiita já vai dizer que não está todo aí, porque os códigos  fontes dos drivers e outros códigos que são proprietários não estão aí, logicamente não estão, mas isso não é necessariamente problema do Ubuntu, esses componentes servem apenas para facilitar a vida do usuário de computador para permitir que ele não precise ficar escolhendo hardware na hora de comprar a máquina, tanto que existe até uma distro chamada Trisquel, baseada no Ubuntu que é  totalmente livre de código proprietário, a descrição dela é a seguinte:

“Trisquel GNU / Linux é um sistema operacional totalmente gratuito para usuários domésticos, pequenas empresas e centros educacionais.”

Claro,  porque só pessoas que usem seu computador para tarefas banais, empresas pequenas e pessoas que estão interessadas em aprender sobre SL vão conseguir usar um sistema sem drivers proprietários e codecs.

Antes de abordar o outro parágrafo, vamos falar sobre as últimas duas liberdades, distribuir cópias exatas e modificadas, acho que isso se responde sozinho não é não? Você pode fazer uma cópia do Ubuntu e dar para os seus amigos e o que mais existe é distro baseada no Ubuntu, você pode ter uma noção disto vendo o vídeo do meu amigo Gabriel do canal Toca do Tux.

No mais o que eu acho errado é criticarem o Ubuntu por fornecer aos usuários o que eles querem, um sistema Linux tão útil e compatível que possa substituir o Windows e o Mac, se o pessoal que reclama tanto ao invés de reclamar me apresentar o sistema operacional totalmente livre onde eu possa fazer tudo o que eu faço no Ubuntu com a mesma facilidade ou mais, eu posso dar uma chance a ela, mas dá menos trabalho reclamar do sair e fazer alguma coisa.

Alguns podem me acusar dizendo que estou sendo apologético, mas atenção, eu não sou desenvolvedor, e boa parte das pessoas do mundo também não é (as vezes vocês esquecem) eu me importo com liberdade, e por isso não aceito que vocês me digam que é certou ou errado usar Ubuntu, capiche?

Meu amigo, se você está preso a algo, mesmo que seja algo que você considera livre, você não é livre, a diferença é que você está preso a algo que considera certo.

Liberdade vai muito além de programas de computador, não esqueçam disso.

Sobre a Apple e a Microsoft

Encare a realidade, o código fonte ser livre, ou mesmo open source, não faz a menor diferença para quem não é desenvolvedor (mas…mas…, não adianta, não faz, a maioria das pessoas não usa Linux por ele é livre, é só perguntar).

Apesar de discordar de certas políticas de cada uma destas empresas, reconheçamos, se não fosse a Apple talvez não tivéssemos computadores domésticos ou Smartphones (mesmo que não tenha sido a primeira empresa a criar um Smartphone, eles fizeram um muito bem feito que se popularizou), e talvez se não fosse a Microsoft as pessoas não tivessem acesso aos computadores de uma maneira tão simples, muitas vezes é através destes sistemas que as pessoas acabam conhecendo o Linux.

Jobs era um gênio do Marketing, Gates um gênio dos negócios, Stallman era alguém que não concordava. Minha opinião.

Não sou contra o GNU, mas sou Livre na medida do possível

A essa altura é capaz de ter gente achando que eu sou contra o software livre, então resolvi finalizar com este parágrafo.

Eu adoraria poder usar programas que sejam de código aberto para fazer tudo o que eu faço, adoraria, sério!

Mas “ser livre” para mim é um adicional apenas, e não o diferencial, se o programa não for bom não é porque ele é livre que eu vou preferir ele à alternativa que me atende e é proprietária, acredito que os programas livres tenham que ser usados o máximo possível, mas dentro dos limites deles, a partir do momento que eles não satisfaçam não se deve ficar preso a eles, lembra da liberdade?

Sempre que alguém me pergunta “o porque eu uso Linux” o último argumento que eu uso é “porque é livre”, eu uso Linux não porque ele é livre, uso porque eu sou! Uso porque eu quero! Uso porque enxergo vantagens nele sobre os outros sistemas que vão além de pura filosofia.

Se quiser ver 10 motivos que elucidei para migrar para o Ubuntu leia aqui.

O GNU não é ruim em hipótese alguma, mas de todos os seus preceitos o único que é realmente aplicável hoje em dia é o desenvolvimento colaborativo, você pode adaptar o mundo ao seu sonho, ou adaptar o sonho ao seu mundo.

Para a maioria das pessoas gratuidade e facilidade são coisas mais importantes do que uma liberdade de software que não tem utilidade prática para elas, você pode discordar (até com um pouco de razão), mas a vida é muito curta para remover USB com segurança e para converter mp3 para OGG para ouvir uma música.

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