O Discord, uma das plataformas mais populares para comunicação entre gamers e comunidades online, recentemente realizou uma importante transição: migrou todos os seus usuários para a arquitetura de 64 bits. Essa mudança não foi apenas uma questão de atualização tecnológica, mas também um esforço silencioso para melhorar a eficiência e estabilidade da plataforma, mantendo a experiência do usuário inalterada durante o processo.
Por que o Discord começou com arquitetura 32 Bits?
Quando foi lançado em 2015, o Discord optou pela arquitetura de 32 bits para seu cliente desktop de Windows. Essa escolha fazia sentido na época, pois muitos computadores ainda operavam com sistemas de 32 bits. Além disso, o suporte legado do Windows garantiu que o aplicativo rodasse em uma ampla variedade de dispositivos, sem a necessidade de desenvolver e manter duas versões separadas para 32 e 64 bits.
No entanto, essa arquitetura possui limitações importantes. A principal delas é a restrição de uso de memória, limitada a 4 GB de RAM. Para uma aplicação como o Discord, que muitas vezes roda simultaneamente com jogos exigentes, essa limitação pode levar a travamentos e falhas. Conforme a tecnologia evoluiu e sistemas de 64 bits se tornaram padrão, a arquitetura de 32 bits passou a ser um obstáculo para o crescimento da plataforma.
Os benefícios da arquitetura de 64 Bits
A transição para 64 bits traz diversas vantagens. A mais evidente é o suporte para um maior volume de memória RAM, permitindo que o Discord funcione de maneira mais eficiente, mesmo em situações de uso intenso. Além disso, as bibliotecas e ferramentas modernas são projetadas com foco em 64 bits, melhorando a segurança, desempenho e compatibilidade do aplicativo.
Outro ponto importante é que a arquitetura de 64 bits tem mais eficiência no uso dos recursos do sistema, como CPU e GPU, especialmente em dispositivos mais modernos. Isso é importante para o Discord, que precisa equilibrar seu desempenho com outros programas pesados, como jogos AAA. A transição também reduz a possibilidade de bugs causados por bibliotecas obsoletas ou falta de suporte para 32 bits.
O desafio da transição
Migrar uma base de usuários tão grande para uma nova arquitetura é uma tarefa desafiadora. A equipe do Discord enfrentou várias questões técnicas, como a necessidade de atualizar dependências e resolver incompatibilidades entre diferentes linguagens de programação, como C++ e Rust.
O planejamento começou com a modificação das ferramentas internas para gerar builds de 64 bits. Além disso, foi desenvolvida uma lógica no atualizador do aplicativo para identificar a arquitetura do sistema operacional do usuário. Apenas máquinas compatíveis receberam a versão de 64 bits, evitando problemas de compatibilidade.
Ao invés de solicitar que os usuários baixassem manualmente a nova versão, o Discord utilizou seu sistema de atualização automática. Esse sistema já era amplamente confiável e foi adaptado para gerenciar a migração de arquitetura. Durante o período de testes, a equipe implementou a transição gradualmente, monitorando o desempenho e corrigindo eventuais falhas.
Um problema encontrado foi a impossibilidade de gerar pacotes diferenciais entre as versões de 32 e 64 bits. Para contornar isso, a equipe incrementou o número da versão do cliente de 64 bits, garantindo que ele fosse tratado como uma “nova” atualização. Além disso, caso houvesse algum erro durante a instalação, o sistema automaticamente revertia para a versão de 32 bits, garantindo a continuidade do uso.
Resultados e impactos
Hoje, todos os usuários com máquinas compatíveis já estão utilizando a versão de 64 bits do Discord. Dados de telemetria mostram que, embora o uso de memória tenha aumentado ligeiramente, a taxa de falhas relacionadas à limitação de memória foi drasticamente reduzida. Além disso, o consumo de CPU diminuiu, beneficiando o desempenho geral dos sistemas dos usuários.
A transição também prepara o Discord para o futuro. Com uma base técnica moderna, a plataforma está pronta para adotar novas tecnologias e oferecer ainda mais recursos aos seus usuários.Fique por dentro das principais notícias da semana sobre tecnologia e Linux: assine nossa newsletter!