A Europa se preparando para dar mais um passo ousado na busca por independência digital. Com o Open Web Index (OWI), o Velho Continente quer reduzir sua dependência dos gigantes norte-americanos de busca, como Google e Bing. Mas o que exatamente é esse projeto? Será que finalmente teremos alternativas reais aos monopólios de busca que dominam a internet?
O problema com os gigantes da busca
Se você já digitou algo no Google e recebeu respostas que pareciam mais um anúncio do que informação útil, vai entender do que estamos falando. A qualidade dos resultados de busca não é consistente e a integração cada vez maior de IA generativa — que nem sempre acerta — só piora a situação.
Além disso, empresas como Google e Bing controlam índices proprietários, ou seja, bases de dados exclusivas que alimentam seus mecanismos de busca. Competidores menores, como o DuckDuckGo, dependem dessas estruturas para funcionar. Isso cria um ciclo vicioso: quem domina o índice domina a busca.
O que é o Open Web Index?
O OWI não é um buscador, mas sim uma biblioteca digital pública que qualquer serviço de busca poderá consultar. Imagine que, em vez de cada empresa ter que construir sua própria base de dados do zero, ela possa acessar um repositório comum, mantido de forma transparente e sem fins lucrativos.
A ideia é que startups, universidades e até governos possam criar mecanismos de busca alternativos, sem depender do Google ou do Bing, seguindo padrões europeus de privacidade e neutralidade.
Em linhas gerais, ele funciona assim:
- Rastreamento (Crawling) – o OWI varre a web, coletando páginas e dados;
- Indexação – organiza essas informações em um formato estruturado;
- Disponibilização – oferece uma API pública para que qualquer um possa desenvolver serviços em cima desses dados.
Ou seja, em vez de gastar bilhões criando seu próprio índice (como o Bing fez), uma startup pode simplesmente usar o OWI e focar no que realmente importa: melhorar a experiência de busca.
Por que a Europa está fazendo isso?
A União Europeia já demonstrou repetidas vezes que quer fazer frente às Big Techs. Desde sistemas operacionais baseados em Linux até uma IA open source, o bloco tem trabalhado para garantir que a tecnologia sirva aos interesses públicos, e não apenas aos lucros corporativos.
Com o OWI, a Europa quer:
- Reduzir a dependência de empresas estrangeiras;
- Promover competição no mercado de buscas;
- Garantir transparência em como os resultados são classificados;
- Oferecer alternativas que respeitem a privacidade e a diversidade linguística.
Os testes iniciais do Open Web Index começam em 6 de junho de 2025, com um evento online via Zoom. Participantes terão acesso a 1 petabyte de dados — o equivalente a cerca de 6,29 bilhões de links em 185 idiomas.
A versão final deve chegar a 5 petabytes, com planos de expansão para 10 petabytes. Isso é menos do que o índice do Google (que tem entre 500 e 600 bilhões de links), mas já é um começo significativo.
Teremos um “Google Europeu”?
Não exatamente. O OWI não pretende criar um concorrente direto ao Google, mas sim democratizar o acesso aos dados da web. Com isso, espera-se que surjam:
- Buscadores especializados (em notícias, acadêmicos, regionais);
- Ferramentas de análise web mais transparentes;
- Modelos de linguagem treinados com dados abertos.
Se vai dar certo? Bom, vai depender da qualidade do serviço e da adesão do mercado. Mas também não espere que o Google vá sair do páreo tão cedo — afinal, convencer as pessoas a mudar de buscador é quase tão difícil quanto convencê-las a parar de rolar o feed do TikTok.
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