Se você é fã de Apex Legends, provavelmente já se deparou com aquele momento frustrante em que um jogador invencível, com mira laser e movimentos dignos de um robô, acaba com sua partida em segundos. Sim, estamos falando dos famosos (ou infames) cheaters. No último ano, uma solução proposta pela Respawn Entertainament foi alienar toda a base de jogadores de Linux. E, para a infelicidade dos pinguins, os resultados, a princípio, foram positivos.
Uma relação complicada
Em outubro de 2024, a Respawn Entertainment, desenvolvedora de Apex Legends, anunciou que bloquearia o acesso ao jogo em plataformas Linux, incluindo o Steam Deck. A decisão causou burburinho na comunidade, especialmente entre os jogadores que preferem o sistema operacional de código aberto. Mas, afinal, por que o Linux foi o escolhido para levar a culpa?
A resposta é simples: segundo a Respawn, os criadores de cheats adoram o Linux. Não que os usuários do sistema sejam mais propensos a trapacear, o problema é que o Linux supostamente oferece um ambiente mais “flexível” para os desenvolvedores de cheats testarem e rodarem suas criações maliciosas. Sem um anti-cheat no nível do kernel (como existe no Windows), o Linux acaba sendo um playground para a exercitar cobiça dos malfeitores digitais.
A decisão polêmica e os resultados
Steven Ferreira, diretor de Apex Legends, revelou em um vídeo de atualização que a decisão de bloquear o Linux resultou em uma “redução significativa” no número de cheaters. E não foi pouco: um gráfico compartilhado pela Respawn mostrara uma queda acentuada na taxa de infecção (ou seja, partidas com cheaters) após a mudança.

Mas, claro, nem tudo são flores. A comunidade Linux ficou chateada — e com razão. Afinal, muitos jogadores usam o sistema por preferência ou por rodar o jogo no Steam Deck, o portátil da Valve. A Respawn, no entanto, argumentou que a medida foi necessária para proteger a integridade do jogo. E os números parecem estar do lado deles.
Guerra infinita
A batalha contra os cheaters é como um jogo de gato e rato. Enquanto os desenvolvedores criam novas ferramentas para detectar e banir trapaceiros, os criadores de cheats encontram maneiras de burlar essas defesas.
Vale lembrar que essa não é a primeira vez que o Linux é “culpado” por problemas de cheating. Em 2019, o jogo Rust também deixou de dar suporte ao sistema por motivos semelhantes. Alistair McFarlane, desenvolvedor do jogo, explicou que o Linux era um ambiente mais seguro para os criadores de cheats testarem suas artimanhas. Ou seja, o problema não é o Linux em si, mas como ele é utilizado por quem quer estragar a diversão dos outros.
E agora, José?
A decisão da Respawn levanta uma questão importante: até que ponto os desenvolvedores devem ir para combater os cheaters? A medida pode afastar uma parcela da comunidade que joga no Linux ou no Steam Deck. No longo prazo, será que essa estratégia é sustentável? Com o crescimento do Steam Deck e a expansão do SteamOS, é possível que a Respawn precise repensar sua abordagem no futuro.
Enquanto isso, a Respawn continua investindo em novas ferramentas e tecnologias para combater os cheaters. A temporada 24 de Apex Legends trouxe o sistema “Road to Ranked”, que exige que novos jogadores completem desafios de habilidade antes de acessar o modo ranqueado. Além disso, a empresa prometeu mais transparência e ajustes frequentes no sistema de matchmaking.
Mas o grande elefante na sala continua sendo o suporte ao Linux. Com o Steam Deck ganhando popularidade e a Valve investindo pesado no SteamOS, é possível que a pressão por um suporte melhor ao Linux aumente nos próximos anos.
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