Conheça o movimento que quer parar o fim dos jogos
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Conheça o movimento que quer parar o fim dos jogos

Existem coisas que muitas pessoas não gostam, mas toleram, entretanto, a qualquer momento pode chegar o estopim e algo que deveria ser “só mais um” vira um símbolo. O encerramento do jogo The Crew pela Ubisoft pode ser um exemplo disso, ocasionando um movimento organizado que quer parar o fim dos jogos.

Como já abordamos em nossa publicação sobre o porquê tudo está virando software por assinatura, comercializar softwares que dependem de conexão com a internet, funcionando como um serviço, está se tornando algo cada vez mais comum. Na verdade, em certos mercados, é até raro ver programas que não funcionam dessa forma.

O problema é que jogos são um produto à parte no mundo dos softwares, eles tendem a gerar uma conexão sentimental mais forte com o público, há controvérsia sobre se eles podem ser considerados arte, mas ao menos podemos dizer que ele contém arte, ou uma visão artística de quem produziu. Não parece certo alguém atear fogo numa galeria com obras reconhecidas, mesmo que seja o artista, ou quem contratou o artista que produziu todas elas.

Existem movimentos que buscam resgatar jogos para preservar a memória dessa indústria, inclusive, esta lógica faz parte da base legal que permite a existência de muitos emuladores. Contudo, com jogos antigos isso pode ser mais fácil, afinal, eles não dependem necessariamente de conexão com a internet.

O problema do The Crew

Embora muitos jogos já tenham sido encerrados completamente, tornando-se impossíveis de jogar, o The Crew possui características que facilitaram ele se tornar a fagulha para o movimento Stop Killing Games.

Promovido pelo criador de conteúdo Ross Scott, do canal Accursed Farms, o movimento Stop Killing Games explora o fato de não haver precedentes legais sobre a prática de desaparecer com jogos. Pode ser perigoso esse tipo de ação legal, pois caso perca, torna-se mais difícil de mudar o quadro.

Iniciar a ação pelo The Crew foi estratégico: o público foi informado em 14 de dezembro de 2023 que o jogo seria completamente encerrado em 31 de março, até então, o título, com 10 anos de vida e pelo menos 12 milhões de usuários, seguia à venda. Se alguém comprou pouco antes, certamente não ficou feliz com o anúncio. 

Além de popular, o The Crew é um jogo da Ubisoft, empresa sediada na França, país com muitas leis de proteção ao consumidor, aumentando a chance da justiça dar uma resposta positiva ao movimento Stop Killing Games. Petições também já foram enviadas à justiça do Reino Unido, Canadá e Australia, com planos também para a União Europeia.

Como evitar o fim dos jogos sem penalizar as empresas?

No site oficial do Stop Killing Games, eles admitem que é irreal querer que empresas mantenham servidores de jogos ativos para sempre, empresas tendem a encerrar suas atividades um dia. Segundo Ross Scott, o problema do fim dos jogos nem sempre é o fim dos jogos em si, se os consumidores soubessem na hora da compra sobre o prazo de validade, eles poderiam fazer uma escolha mais consciente e não sentiriam tanto pesar no dia fatídico. Mas colocar um prazo de validade seria péssimo para o marketing, menos gente tem interesse em pagar caro num jogo sabendo que ele vai acabar.

Podem existir várias soluções para o problema e elas não precisam ser uma revolução tecnológica. Por muito tempo, a maioria dos jogos online permitia ao público criar servidores privados, esses títulos continuam funcionando até hoje, mesmo que a empresa responsável já tenha falido e os criadores se aposentado. 

O jogo não precisa permitir o uso de servidores privados já no lançamento, isso dificulta existir microtransações, o recurso pode ser adicionado numa atualização ao fim do suporte. Para jogos que não foram criados com a opção de jogar em servidores privados em mente pode ser muito difícil adicionar depois, sendo assim, a ação visa mais o que está por vir do que o que passou.

Mesmo títulos free-to-play estão inclusos na ação do Stop Killing Games para impedir o fim dos jogos, considerando que eles são movidos à microtransações, todo o “investimento” do jogador é perdido. Jogos completamente sem fins comerciais não são abrangidos pelas petições, mas é difícil citar algum desse tipo que já não funcione após o fim do suporte oficial.

Parar o fim dos jogos não será uma tarefa fácil

Embora as demandas do Stop Killing Games sejam bastante razoáveis do ponto de vista do consumidor, elas atacam a base de muitos negócios atuais. Caso governos pelo mundo abracem a causa, apenas jogos serão afetados, ou outros softwares também? Se forem apenas jogos, como estabelecer um limite entre o que é ou não um jogo?

Muitos outros questionamentos podem ser feitos sobre a viabilidade de parar o fim dos jogos com a força legal. Com tantas possibilidades, não devemos ver um desfecho tão cedo para este caso. Qual a sua opinião sobre o fim dos jogos? Conte-nos pelos comentários e interaja com a comunidade do fórum Diolinux Plus!

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