Kernel Linux diz adeus aos Processadores i486
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Kernel Linux diz adeus aos processadores i486

O kernel Linux está prestes a dar um passo ousado rumo ao futuro – e isso significa deixar para trás algumas relíquias do passado. Em uma movimentação que está causando burburinho na comunidade, o Linux finalmente está se preparando para abandonar o suporte aos antigos processadores i486 e primeiras gerações de Pentium.

CPUs trintenárias

Vamos colocar em perspectiva: estamos falando de processadores que eram top de linha quando o Windows 95 nem sonhava em existir. O i486, lançado em 1989, foi revolucionário em seu tempo, mas hoje é mais um item de museu do que uma peça funcional. Ainda assim, incrivelmente, o kernel Linux manteve suporte a essa arquitetura por décadas.

A gota d’água veio de ninguém menos que Linus Torvalds, que declarou em um e-mail para a lista de desenvolvedores:

“Tenho a sensação de que é hora de deixar o suporte ao i486 para trás. Não há nenhuma razão real para alguém perder um segundo de esforço de desenvolvimento com esse tipo de coisa.”

E a comunidade respondeu rápido. Em menos de 24 horas, o desenvolvedor Ingo Molnar enviou uma série de 15 patches propondo a remoção completa do suporte a essas CPUs antigas.

A mudança estabelece um novo mínimo de hardware para sistemas x86 de 32 bits:

  • Processadores com Time-Stamp Counter (TSC);
  • Suporte à instrução CMPXCHG8B (“CX8”).

Isso significa adeus aos i486, primeiros Pentium e chips obscuros como WinChip e Elan. Com eles, vão embora:

  • Emulação de FPU (a biblioteca math-emu/, responsável por simular operações matemáticas em CPUs sem unidade de ponto flutuante);
  • Opções de boot como no387 (que desativava o uso da FPU);
  • Suporte a placas-mãe antigas, como a RDC321x.

No total, mais de 14 mil linhas de código serão removidas do kernel Linux – um alívio e tanto para os mantenedores.

Quem vai sentir falta?

Vamos ser realistas:

  • A última fábrica de i486 encerrou a produção em 2007.
  • Sistemas com essas CPUs dificilmente rodam kernels modernos fora de projetos de retrocomputação.
  • Quem ainda depende deles pode continuar usando versões antigas do Linux ou emuladores completos como QEMU.

Como brincou um desenvolvedor: “Se você continua rodando um 486 em 2025, provavelmente tem problemas maiores do que a versão do kernel.”

Esta não é a primeira vez que o suporte ao i486 é ameaçado. Discussões sobre sua remoção circulam desde pelo menos 2022, mas só agora ganharam força com o aval de Torvalds. A última vez que o Linux abandonou uma arquitetura tão antiga foi em 2012, quando o i386 foi aposentado no kernel 3.8.

Essa mudança reflete um movimento maior no Linux: simplificar a base de código para focar em hardware relevante. Enquanto o x86 se moderniza, arquiteturas como ARM e RISC-V ganham espaço – mas isso é história para outro artigo.

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