O Algoritmo de recomendação do Youtube vem passando por diversos problemas, e não é de hoje que seu sistema vem dando o que falar. Envolto por diversos assuntos polêmicos que giram em torno de pedofilia, vídeos tóxicos, teorias sensacionalistas e tudo mais. O Youtube passa por uma fase difícil.
Não sei quanto a você, mas como criador de conteúdo, sinto que em certas ocasiões, sou desvalorizado pela plataforma. São horas e horas para produzir um vídeo, às vezes dias, e parece que vídeos “de mal gosto” são o padrão da plataforma. Essa é uma afirmação forte, mas perceba que nem sempre o algoritmo está preocupado com a qualidade do material produzido. Tudo isso gera incontáveis incômodos e em extremos, situações bizarras.
Você já marcou um determinado tipo de vídeo, como um conteúdo que não é de seu interesse e, depois a plataforma continuou a oferecê-lo incessantemente? Não importa se algum dia você viu ou não viu algo do gênero, parece que o algoritmo de sugestão não se preocupa muito com o que você quer ou deixa de querer.
Sempre tenho que marcar algum vídeo, como “não estou interessado nisso”, contudo de nada adianta. Recentemente o Youtube disse que estava reduzindo o alcance dos conteúdos tóxicos, que instigasse violência entre outros temas danosos. Todavia, seu algoritmo parece não ter acatado ao tal desejo e aposto que ele já te recomendou algumas bizarrices.
Fundação Mozilla tenta chamar a atenção do Youtube
O algoritmo de recomendação do Youtube é responsável por 70% do tempo de toda visualização na plataforma, e com tamanhas deficiências, a experiência do site pode ser comprometida. A situação é tão delicada que a Mozilla, fundação responsável pelo Firefox e outros projetos na web, lançou um projeto denominado #YoutubeRegrets (em tradução livre algo, como “pesares do Youtube, arrependimentos com o Youtube”, uma alusão a tristeza e arrependimento).
O intuito do YoutubeRegrets é conscientizar o Youtube e estimular a tomada de decisões, maior transparência de seus algoritmos e quem sabe a inclusão de colaboradores, que estão fora da plataforma. Tudo isso visando o fim ou amenizar tais situações lamentáveis, geradas pelos seus mecanismos de busca.
No site são relatadas 28 histórias bizarras de usuários e suas relações com o algoritmo da plataforma. Alguns casos são extremamente bizarros, como um em que o usuário alega nunca ter pesquisado por pornografia no Youtube, contudo mencionou que gosta de assistir esportes relacionados a cavalos ou guias informativos sobre os animais. No entanto, o algoritmo insiste em lhe entregar vídeos de “cavalos cruzando com éguas”.
Outro parece ser relativamente inofensivo, porém em demasia pode acabar desmotivando pessoas mais sentimentais. Sarah McLachalan, comenta que uma vez o Youtube lhe recomendou um vídeo sobre um cão de rua em péssima situação. Agora sua página inicial está infestada de miniaturas de animais maltratados — imagens tristes e que não ajudam ao iniciar seu dia.
Muitas histórias são relatadas, algumas bem bizarras e confesso que outras me pareceram ser questão de bom senso. Mas, quem sou eu para julgar o que fere e não fere outras pessoas. Sei que algumas situações são desagradáveis, pois o Youtube já me recomendou cada coisa e continua a recomendar, que já cheguei ao ponto de pensar em usá-lo apenas “deslogado de minha conta”. A desvantagem é perder os feeds dos inúmeros canais que sigo.
Existe uma solução?
No início deste ano, Guillaume Chaslot, ex-funcionário do Google, em entrevista à TNW, disse que a “melhor solução de curto prazo é simplesmente excluir a função de recomendação”. A julgar a ineficiência de tal método, me questiono se isso não seria um meio de contornar esses problemas, entretanto a Mozilla apresentou 3 etapas concretas que o Youtube poderia adotar e melhorar seu serviço para o usuário final:
- Fornecer a pesquisadores independentes o acesso à dados significativos, incluindo dados de impressão (por exemplo, número de vezes que um vídeo é recomendado, número de visualizações como resultado de uma recomendação), dados de engajamento (por exemplo, número de compartilhamentos) e dados de texto (por exemplo, nome do criador, descrição do vídeo, transcrição e outro texto extraído do vídeo);
- Construir ferramentas de simulação para pesquisadores, que permitam imitar os caminhos do usuário por meio do algoritmo de recomendação;
- Capacitar, em vez de restringir, os pesquisadores na alteração do seu limite de taxa de API existente. Além de fornecer aos pesquisadores, acesso a um arquivo com o histórico de vídeos.
Ashley Boyd, vice-presidente de advocacia da Mozilla, informa que o Youtube está trabalhando em seu algoritmo para corrigi-lo. Complementa com, “mas não achamos que este seja um problema que possa ser resolvido internamente. É muito sério e muito complexo. O YouTube deve capacitar pesquisadores independentes para ajudar a resolver esse problema”.
Em resposta o porta-voz do Youtube dirigiu-se à iniciativa da Mozilla dizendo que não pode verificar as histórias, pois não tem acesso aos dados em questão:
“Embora tenhamos recebido mais pesquisas nessa área, ainda não vimos os vídeos, capturas de tela ou dados em questão, e não podemos analisar adequadamente as reivindicações da Mozilla. Geralmente, projetamos nossos sistemas para ajudar a garantir que o conteúdo de fontes mais autorizadas apareçam com destaque nas recomendações. Também introduzimos mais de 30 alterações nas recomendações desde o início do ano, resultando em uma queda de 50% no tempo de exibição do conteúdo limítrofe e desformativo, prejudicial e proveniente de recomendações nos EUA”.
O Youtube também aponta que apenas uma pequena fração do conteúdo de sua plataforma e de alguma forma é prejudicial, e as Diretrizes da comunidade proíbem claramente qualquer conteúdo que faça apologia a violência ou que seja odioso. Medidas também foram tomadas para melhorar a maneira que seus usuários se relacionam com a plataforma, incluindo a sugestão de vídeos resultantes de pesquisas e através de recomendações.
Toda essa questão é muito delicada, e a meu ver o Youtube não compreende o real grau da situação. Como alguns dos relatos no site da Mozilla me pareceram tendenciosos ou exagerados. Enfim, apenas a minha opinião e convido você a expressar a sua nos comentários. Lembrando, seja respeitoso, educado e complacente com a opinião alheia.
Os 28 relatos podem ser acessados diretamente na página da Fundação Mozilla.
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Até o próximo post, que o assunto de hoje foi pesado, SISTEMATICAMENTE! 😎
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