Enquanto o mundo se perde em inteligência artificial, computação quântica e interfaces que estão longe de ser tão simples quanto deveriam, um grupo de entusiastas insiste em manter viva uma relíquia dos anos 80: o FreeDOS. A versão 1.4 acaba de ser lançada, trazendo melhorias que vão desde correções críticas até… bem, ainda é DOS, então não espere milagres.
Mas para quem cresceu com PCs que faziam beep ao ligar e jogava Prince of Persia em disquetes, essa atualização é como reencontrar um velho amigo.
O que há de novo no FreeDOS 1.4?
Apesar de ser um sistema operacional que muitos considerariam “aposentado”, o FreeDOS continua recebendo atualizações sérias. A versão 1.4 traz melhorias em utilitários essenciais, suporte a mais idiomas e — o mais importante — tem menos chances de destruir acidentalmente suas partições.
Particionar discos no DOS sempre foi uma aventura arriscada — um passo em falso e seus dados viravam pó. O Fdisk 1.4.3 corrige bugs críticos que poderiam corromper partições, tornando o processo um pouco menos aterrador. Ainda assim, fazer backup antes de mexer nunca é má ideia.

O FreeCOM, substituto do tradicional command.com, recebeu uma série de correções na versão 0.86. Compatibilidade melhorada, suporte a múltiplos idiomas e menos travamentos. Ou seja, agora você pode digitar comandos com menos medo de o sistema travar como um Windows 98 sem drivers.
Quem diria que copiar arquivos ainda poderia ser aprimorado? O Xcopy 1.8b agora usa menos memória ao lidar com diretórios grandes, enquanto o Move 3.4 evita estouros de pilha ao mover pastas recursivamente. São pequenas melhorias que provam que até os comandos mais básicos podem evoluir.
O que ficou para trás
Nem tudo são flores no mundo do FreeDOS. Algumas atualizações promissoras não chegaram a tempo do lançamento:
- Blocek 1.76: Um editor de texto que ficou de fora por pouco e será incluído em atualizações futuras;
- Kernel atualizado: O núcleo do sistema ainda é o mesmo da versão 1.3, então rodar Windows for Workgroups no modo avançado continua impossível. Mas o Windows 3.1 no modo padrão funciona.
A equipe do FreeDOS decidiu cortar alguns programas que mais causavam problemas do que ajudavam:
- Seal e oZone: Dois ambientes gráficos que eram mais instáveis que um Jenga na areia;
- BMP2PNG: Substituído pelo DOSVIEW, que não só converte imagens como também visualiza uma variedade de formatos (BMP, PNG, JPG e até PSD). Sim, agora você pode ver suas fotos em DOS. Porque não?
Quer testar?
Para os saudosistas que querem experimentar o FreeDOS 1.4, há várias opções de instalação:
- Live CD: Ideal para máquinas virtuais ou testes rápidos;
- USB installer: Para instalar em hardware real;
- Edição para disquetes: Para quem mantém um 486 funcionando por puro orgulho nerd.
A versão Live CD já vem com utilitários básicos, suporte a rede, som e até alguns jogos.
Fica a pergunta: por que alguém rodaria DOS em 2025?
Em um mundo dominado por Windows, macOS e Linux, o FreeDOS pode parecer uma curiosidade arqueológica. Mas ele ainda tem seu público:
- Entusiastas de retrocomputação: Quem gosta de reviver a era dourada dos PCs;
- Sistemas embarcados: Muitas máquinas industriais ainda rodam DOS por ser leve e previsível;
- Quem desde os anos 90 odeia atualizações: No FreeDOS, você só atualiza se quiser.
E, claro, há aqueles que usam FreeDOS só para provar que podem. Porque às vezes, a melhor parte da tecnologia é lembrar de onde viemos — mesmo que a gente não queira voltar.
Se você se interessou, o download está disponível no site oficial do FreeDOS. Quem sabe você não redescobre o prazer de digitar comandos em um prompt preto e branco? (Ou pelo menos se diverte tentando.)
Aliás, provar que pode, surpreendentemente, é um poderoso combustível da inovação. Foi por um motivo como esse que deram um jeito de rodar Linux em um arquivo PDF!