ChatGPT Study Together: parceiro de estudos ou inimigo do raciocínio?
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ChatGPT “Study Together”: parceiro de estudos ou mais uma distração?

A OpenAI está prestes a se aprofundar no mundo dos estudos com seu novo recurso “Study Together”, que transforma o ChatGPT em um companheiro de aprendizagem colaborativa. Enquanto isso, um estudo recente do MIT acende um sinal de alerta sobre como o uso excessivo dessa tecnologia pode estar minando nossa capacidade de pensar criticamente. Duas faces de uma mesma moeda que está redefinindo o futuro da educação.

“Aprendizado colaborativo”

Rumores sobre o modo “Study Together” começaram a circular em maio, mas foi só recentemente que testemunhas confirmaram seu aparecimento em versões de teste do ChatGPT. A funcionalidade promete criar um espaço virtual onde estudantes podem se reunir para sessões de estudo, com a IA atuando como mediadora ou até mesmo como tutor personalizado.

Ainda não está claro se o recurso permitirá apenas a interação entre alunos e IA ou se também facilitará grupos de estudo com colegas. O que se sabe é que essa inovação chega junto com outras integrações poderosas, como a capacidade do ChatGPT vasculhar conversas no Slack para contextualizar pesquisas. Uma mudança que pode transformar como acessamos conhecimento, tanto nas salas de aula quanto no ambiente corporativo.

Enquanto a OpenAI avança com essas novidades, pesquisadores do MIT Media Lab publicaram descobertas perturbadoras sobre os efeitos cognitivos do uso do ChatGPT. O estudo acompanhou 54 voluntários divididos em três grupos com diferentes métodos de produção de textos acadêmicos.

Os resultados mostraram um padrão preocupante entre os usuários do ChatGPT. Seus textos não apenas se mostraram menos originais e mais padronizados, mas os exames de eletroencefalograma revelaram atividade cerebral significativamente reduzida em áreas associadas à criatividade e ao processamento profundo de informação. Com o tempo, esses participantes demonstraram uma tendência crescente de simplesmente copiar e colar respostas da IA, abandonando completamente o esforço intelectual.

O cérebro em risco

A autora principal do estudo, Nataliya Kosmyna, expressou preocupação especial com o impacto em usuários mais jovens. Segundo ela, cérebros em desenvolvimento são particularmente vulneráveis a esses efeitos, pois estão formando as conexões neurais que sustentarão seu pensamento crítico na vida adulta. A pesquisadora chegou a mencionar o temor de que, em breve, algum sistema educacional adote a IA indiscriminadamente, criando uma geração com habilidades cognitivas comprometidas.

Psiquiatras que trabalham com adolescentes reforçam essa preocupação. O Dr. Zishan Khan, especialista no tratamento de jovens, relata que já observa em seu consultório os primeiros sinais desse fenômeno – pacientes que perderam a capacidade de lidar com frustrações intelectuais ou de construir argumentos complexos sem assistência digital.

O estudo revelou um dado especialmente interessante: quando os participantes que haviam usado o ChatGPT foram convidados a reescrever seus textos sem ajuda da IA, demonstraram notável dificuldade em acessar memórias do conteúdo original. Em contraste, o grupo que começou escrevendo sem assistência e depois teve acesso ao chatbot mostrou ganhos significativos de desempenho.

Essa descoberta sugere que o problema não está na tecnologia em si, mas em como a utilizamos. Quando empregada como ferramenta de apoio após o esforço intelectual inicial, a IA pode potencializar a aprendizagem. Porém, quando usada como atalho para evitar o trabalho mental, transforma-se em uma muleta cognitiva perigosa.

O futuro do aprendizado

Enquanto isso, a OpenAI prepara o lançamento do GPT-5 e continua desenvolvendo ferramentas educacionais, incluindo guias para professores. O desafio que se coloca é encontrar o equilíbrio entre aproveitar o potencial revolucionário dessas tecnologias e preservar o desenvolvimento das habilidades cognitivas essenciais.

O modo “Study Together” pode se tornar uma ferramenta  para o aprendizado colaborativo, ou pode acelerar os problemas identificados pelo MIT. A resposta provavelmente estará na forma como educadores, estudantes e desenvolvedores de IA decidirem navegar esse território inexplorado. Estamos diante de uma transformação radical na forma como aprendemos, e suas consequências continuam longe de ser totalmente compreendidas.

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