A descentralização está ameaçada
Editorial

Podcast: o exemplo de uma mídia descentralizada que funciona

O ano dos podcasts finalmente chegou em 2019, com a ajuda do Spotify, integrando a mídia em seu aplicativo de streaming. Não só isso, a gigante do streaming também realizou investimentos em grandes empresas do ramo, comprando o Anchor, aplicativo para criação e distribuição de podcasts, e a Gimlet Media, uma empresa de produção de conteúdo.

Ao mesmo tempo que o Spotify deu o impulso necessário para a mídia chegar no mainstream, ela pode ser a responsável por acabar com a descentralização da mídia. Diversos criadores de conteúdo estão assinando contrato de exclusividade com a plataforma, e cada vez mais os usuários estão sendo forçados a consumir a mídia por lá.

Um dos casos mais recentes é o de Joe Rogan, que assinou um contrato de 100 milhões de dólares para que o seu podcast “The Joe Rogan Experience” se tornasse um exclusivo da plataforma. Este podcast é um dos maiores da atualidade, e já entrevistou grandes nomes como Elon Musk e Robert Downey Jr..

Joe Rogan tem um dos maiores podcasts da atualidade.
Joe Rogan tem um dos maiores podcasts da atualidade, o The Joe Rogan Experience.

Como funciona a descentralização

O podcast é uma das poucas mídias atuais que funciona de maneira descentralizada. Para isso funcionar, cada criador de conteúdo disponibiliza seu material através de um feed XML, que conta com todas as informações do conteúdo, como título, episódios, link de download do áudio entre diversos outros detalhes.

Este feed pode ser acessado tanto manualmente, quanto por aplicativos agregadores de podcast. Existem uma infinidade de agregadores, entre os mais famosos podemos citar: Apple Podcasts, Google Podcasts, Spotify, Pocket Casts, Castro entre vários outros.

Homem gravando um podcast.

Vantagens da descentralização

A descentralização da mídia vem com algumas vantagens. Entre elas, podemos citar:

Democratização do conteúdo: por não depender de uma grande empresa, não existem regras definidas a serem seguidas. Apesar do iTunes não permitir o seu conteúdo se ele não seguir determinadas regras, ainda é possível disponibilizá-lo através de outras maneiras;

Evita a censura: da mesma maneira que a descentralização do conteúdo ajuda a democratizá-lo, isso também faz com que seja praticamente impossível censurá-lo. Recentemente, a China tentou censurar alguns conteúdos solicitando a remoção dos agregadores Pocket Casts e Castro da App Store chinesa, mas apesar de dificultar o acesso, isso não garante que o conteúdo seja inacessível.

Maior competição: já que a mídia é totalmente descentralizada, qualquer um pode entrar neste mercado criando serviços para criação, distribuição ou exibição de conteúdos. E com cada vez mais serviços, a concorrência fica ainda mais acirrada, e isso tende a trazer benefícios para o ouvinte.

Desvantagens da descentralização

Apesar da descentralização trazer algumas vantagens para a mídia, isso também vem com alguns pontos negativos.

Dificuldade para analisar os dados: apesar de plataformas de distribuição possuírem ferramentas para analisar os dados do seu podcast, eles nunca refletirão 100% da realidade. Muitos podcasts permitem o download do arquivo bruto de áudio e esse mesmo arquivo pode acabar sendo ouvido por várias pessoas. Só isso já é capaz de alterar os seus dados.

Problemas ao tentar inovar: uma dificuldade que outras tecnologias como o e-mail também sofre, devido às suas características se torna muito difícil inovar tecnicamente nesta área. Porque ao disponibilizar uma nova ferramenta, é necessário levar em conta se todos os agregadores terão suporte à isso.

Enquanto alguns veem a centralização como algo positivo, pois isso pode trazer diversas novidades para o formato, outros veem como uma ameaça à existência desta mídia. E você, o que acha sobre isso? Deixe nos comentários!

Até a próxima!

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