As decisões tomadas pelos desenvolvedores do GNOME raramente causam surpresa, mas eventualmente geram discussões acaloradas na comunidade. E recentemente, a inclusão do Decibels, um reprodutor de áudio, como parte dos aplicativos principais do ambiente de desktop, foi uma escolha que levantou algumas sobrancelhas. Vamos entender porque essa escolha está gerando polêmica.
O que mudou no GNOME?
O Decibels, que até recentemente estava no GNOME Incubator (um projeto para ajudar aplicativos novos a se tornarem oficiais no ecossistema GNOME), foi movido para a lista de aplicativos principais. Isso significa que, a partir dos próximos lançamentos, quando você instalar uma versão “padrão” do GNOME, o Decibels será incluído automaticamente. Além disso, o aplicativo será rebatizado de GNOME Audio Player, seguindo a convenção de nomenclatura do GNOME, como já vemos com outros aplicativos, como o Nautilus (agora Files) e o Epiphany (agora Web). Enquanto o GNOME 48 não chega, você pode instalar o Decibels via Flathub.
Simples, talvez até demais
O Decibels é um reprodutor de áudio minimalista, escrito em TypeScript, que possui uma proposta bastante simples: ele reproduz um único arquivo de áudio por vez e exibe a forma de onda da música. Se você está acostumado a reprodutores mais tradicionais, com bibliotecas de músicas, editores de tags e exibição de capas de álbuns, a experiência com o Decibels pode ser uma surpresa, e não das mais agradáveis.
Os únicos controles que ele possui são o volume, velocidade de reprodução e pular ou voltar 10 segundos. Seu menu permite apenas abrir um arquivo ou conferir os atalhos de teclado.
A descrição do aplicativo na Flathub, onde ele está disponível para instalação, é direta: “Mostra a forma de onda da faixa.” E, de fato, ele faz exatamente isso. Não muito mais. No entanto, a questão é que, ao ser escolhido como parte integrante do GNOME, Decibels deixa de atender a funções básicas que muitas pessoas esperam de um reprodutor de áudio, como a possibilidade de adicionar múltiplas faixas à fila de reprodução, organizar músicas ou, indo mais longe, editar tags.
Imagine um novo usuário do Linux que decide testar o GNOME pela primeira vez. Ao clicar em um arquivo de áudio, o esperado seria uma experiência fluida e agradável, com um reprodutor simples, mas funcional. No entanto, o Decibels oferece algo ainda mais básico: uma tela com a forma de onda da música, sem a capacidade de explorar uma biblioteca ou adicionar faixas à fila. Para muitos, essa pode ser uma introdução frustrante.
Embora o Decibels tenha uma proposta interessante e seja um exemplo de design minimalista, ele falta o essencial para ser considerado uma boa opção como reprodutor de áudio padrão. Aplicativos como o Amberol, por exemplo, seguem os princípios de design do GNOME, mas oferecem funcionalidades mais completas, como a organização de faixas e exibição de informações das músicas, sem perder a simplicidade visual.
Conclusão
Mais uma vez, o GNOME se mantém fiel à sua proposta de oferecer soluções minimalistas, mas essa escolha do Decibels como reprodutor de áudio padrão pode ser uma decisão polêmica. A falta de funcionalidades básicas é um ponto negativo quem precisa de um aplicativo para reproduzir músicas.
Embora o design minimalista seja uma característica do GNOME, é preciso questionar se, ao seguir cegamente essas diretrizes, o Decibels está realmente atendendo às necessidades dos seus usuários. Talvez, com o tempo, distribuições que utilizam o GNOME considerem substituir o Decibels por uma opção mais robusta, garantindo uma melhor experiência desde o início para quem adota o sistema.
Qual a sua opinião sobre o Decibels? Faz sentido no contexto do GNOME, ou seria melhor que acrescentassem algumas funcionalidades? Deixe seu comentário e interaja com a comunidade do fórum Diolinux Plus!
