A Mozilla, conhecida por sua defesa de uma internet mais aberta e transparente, está desativando mais um de seus projetos experimentais: o Fakespot Deep Fake Detector, uma extensão do Firefox que prometia ajudar usuários a identificar se um texto foi escrito por um humano ou gerado por IA.
O que era o Fakespot Deep Fake Detector?
Lançado no final de 2024, o Fakespot Deep Fake Detector era uma extensão que analisava trechos de texto em páginas da web, tentando determinar se o conteúdo era autêntico ou produzido por inteligência artificial. Diferente de outros detectores de IA, que muitas vezes são ferramentas pagas ou com fins duvidosos, o Fakespot usava quatro modelos open-source (ApolloDFT, Binocular, UAR e ZipPy) para aumentar a precisão.
A ideia era nobre: em um mundo onde artigos, resenhas e até notícias falsas são geradas em massa por IA, uma ferramenta que ajudasse a distinguir o humano do robótico parecia útil. Mas, com cerca de 3.300 usuários ativos, a Mozilla decidiu que não valia a pena manter o projeto.
Agora a ferramenta será desligada em 26 de junho de 2025, junto com suas versões para Chrome e Safari.
Por que a Mozilla está matando seus próprios projetos?
Nos últimos meses, a Mozilla anunciou o fim de outras duas iniciativas, o Orbit, um assistente de IA com foco em privacidade e o Pocket, um serviço de “ler depois” (como algo feito para ver depois poderia realmente ser popular?)
Ao mesmo tempo, a empresa tem investido em integrações com chatbots de terceiros no Firefox, como ChatGPT e outros modelos proprietários. Essa mudança de estratégia levanta uma questão importante:
A Mozilla está se rendendo aos Grandes players de IA?
Enquanto a empresa fala em “pivotar para IA”, suas ações sugerem que o foco não está em desenvolver soluções próprias, mas em incorporar tecnologias de outras empresas. O Orbit, por exemplo, era um assistente de IA que rodava em servidores da Mozilla, com a promessa de não vazar dados para terceiros. Agora, os usuários do Firefox são incentivados a usar chatbots de terceiros diretamente na barra lateral do navegador.
Para piorar, algumas dessas integrações são intrusivas – selecionar um texto em qualquer página agora pode disparar um pop-up de IA. Conveniente ou irritante?
Spy vs Spy
O mais irônico nessa história é que o Fakespot Deep Fake Detector era justamente uma ferramenta que questionava a qualidade do conteúdo gerado por IA. Ao desativá-lo, a Mozilla parece estar dizendo que mudou de ideia e agora não vê problema em textos robóticos, quando alimentados por parceiros comerciais.Quer ver outra aparente contradição da Mozilla? Que tal ela defendendo seu maior concorrente, que, na verdade, é seu maior parceiro comercial?