O Banco Mundial, conhecido por financiar projetos de desenvolvimento em países subdesenvolvidos, acaba de dar um passo inesperado (e bem-vindo) no mundo da tecnologia: liberou uma ferramenta interna de metadados como código aberto. Sim, a mesma instituição que normalmente lida com empréstimos bilionários e infraestrutura agora está disponibilizando software de graça – e isso pode ser uma grande notícia para governos, pesquisadores e nerds de dados no mundo todo.
O que é o “metadata editor”?
Imagine que você tem montanhas de dados, mas ninguém consegue entender o que significam porque faltam descrições claras. É aí que entra o Metadata Editor, uma ferramenta web que ajuda a organizar, documentar e padronizar metadados – aquelas informações essenciais que explicam do que se trata um conjunto de dados.
Originalmente criado para uso interno, o Banco Mundial percebeu que a ferramenta poderia ser útil para outras organizações, especialmente aquelas que trabalham com estatísticas públicas, pesquisas acadêmicas ou gestão governamental. E, em vez de guardar o código a sete chaves, decidiram abrir para o mundo sob a licença MIT (aquela que basicamente diz: “use como quiser, só não me processe”).
Metadados são como a embalagem de um produto: sem eles, o computador e você não sabem o que estão consumindo. No mundo da manipulação de dados, metadados desorganizados significam que:
- Pesquisadores perdem tempo tentando entender informações mal documentadas;
- Governos cometem erros ao tomar decisões baseadas em dados confusos;
- Inteligências artificiais treinam em informações bagunçadas.
Com o Metadata Editor, organizações como PARIS21 (da OCDE) e INEGI (do México) já estão colaborando para adaptar a ferramenta às suas necessidades. Ou seja, em vez de cada um criar seu próprio sistema do zero, agora podem usar e melhorar uma solução pronta – o que economiza tempo, dinheiro e dor de cabeça.
O Banco Mundial virou uma “startup open source”?
Não exatamente, mas a instituição está seguindo uma tendência crescente no setor público mundo afora: compartilhar tecnologia desenvolvida com dinheiro público. Afinal, se um software foi criado com recursos de contribuintes, por que não disponibilizá-lo para quem mais precisa?
E mais: o Banco Mundial não parou no Metadata Editor. Eles criaram um novo framework institucional para liberar mais ferramentas no futuro, com processos claros e licenças padronizadas. Ou seja, isso pode ser só o primeiro de muitos lançamentos open source vindos de uma das instituições financeiras mais importantes do mundo.
Para quem se interessou, o código-fonte e a documentação estão disponíveis no GitHub do Banco Mundial. Lá, é possível encontrar instruções detalhadas de instalação, configuração e até como personalizar a ferramenta para diferentes necessidades.
E se você não é programador, não se preocupe: a ideia é que instituições e governos adotem o software e o adaptem para seus próprios sistemas. Quem sabe daqui a pouco não teremos versões customizadas sendo usadas no Brasil, Índia ou África do Sul?
Quer conhecer mais um exemplo de softwares open source criados por instituições públicas? Confira a iniciativa europeia do Open Web Index!