Por que sistema de arquivos F2FS não é popular? Diolinux Responde
Sejam bem-vindos a mais um Diolinux Responde! Hoje vamos mergulhar em algumas questões intrigantes do mundo da tecnologia, desde a ausência do Microsoft Office no Linux, passando pelo motivo do F2FS não ser tão popular, até os desafios que o sistema enfrenta para suportar certos anti-cheats de jogos, tudo baseado em perguntas enviadas por membros do canal.
O Problema dos Anti-Cheats no Linux
Vamos começar com a primeira questão levantada pelo Lucas: “Por que compatibilizar anti-cheats de Kernel do Windows com Linux é tão difícil?” Para muitos jogadores no Linux, essa é uma questão importante, especialmente considerando o crescente interesse no Steam Deck e o esforço da Valve e de outras empresas para trazer o mundo dos jogos ao Linux. Apesar de muitos avanços, ainda existem desafios importantes, e os anti-cheats são um dos principais.
O que o Lucas questiona, é algo que já se passou na cabeça de muitos jogadores que adotaram o Linux. Com o Steam Deck cada vez mais popular, vemos um progresso significativo para a jogabilidade no sistema pinguim, mas o suporte aos anti-cheats de kernel do Windows ainda deixa a desejar em alguns casos.
Para começar, é importante notar que grande parte dos jogos já funcionam no Linux, e apenas uma pequena parcela ainda enfrenta problemas de compatibilidade. O site ProtonDB é uma ótima referência para verificar a compatibilidade dos jogos, baseado em relatos da comunidade.
Os anti-cheats de kernel são particularmente problemáticos para o Linux porque funcionam de uma forma tecnicamente invasiva, operando em um nível de privilégio extremamente alto no sistema, conhecido como “Ring Zero”. Em termos simples, isso significa que esses softwares atuam como se fossem drivers do Windows, tendo controle quase total sobre o sistema.
Um exemplo disso é o Vanguard da Riot Games, que requer acesso direto ao kernel do sistema para garantir que não existam interferências suspeitas no ambiente de jogo. O problema com o Linux é que o Proton e o Wine não são emuladores de sistemas operacionais; eles são camadas de compatibilidade. Isso significa que eles não reproduzem um kernel Windows, e, portanto, não oferecem o ambiente necessário para que esses anti-cheats funcionem corretamente.
Vale a Pena para as Empresas?
Além dos desafios técnicos, existe a questão econômica. Muitos desenvolvedores de jogos não veem um retorno financeiro justificado ao investir em compatibilidade com Linux. É necessário tempo, dinheiro e uma equipe técnica para desenvolver uma solução estável para outra plataforma, e nem todas as empresas têm essa motivação.
Apesar de muitos jogos já serem compatíveis, a decisão de investir em compatibilidade total depende do mercado. Se os usuários de Linux se tornarem um público que não pode ser ignorado, veremos mais empresas adotando essa abordagem, como já aconteceu em vários casos. Até lá, precisamos contar com iniciativas como as da Valve e esperar que a popularidade crescente do Linux e do Steam Deck continue pressionando a indústria.
Microsoft Office no Linux: um eterno desafio
Outra pergunta interessante veio do Ricardo, que questionou: “Por que a Microsoft não investe para melhorar o suporte do Office pelo Wine e atrair mais usuários do Linux?” Essa é uma dúvida que surge frequentemente, especialmente quando consideramos o suporte da Microsoft ao Office no macOS, mesmo que o sistema da Apple não tenha uma base de usuários gigantesca comparada ao Windows.
O que impede o Office no Linux?
Assim como no caso dos anti-cheats, a resposta aqui também se resume a retorno sobre investimento. A Microsoft não vê uma demanda tão significativa para justificar o custo de portar o Office para Linux. Se o Linux fosse uma plataforma dominante nos escritórios, e todos estivessem utilizando alternativas como LibreOffice ou ONLYOFFICE, talvez a história fosse diferente, e a Microsoft teria um motivo financeiro para investir nisso.
Outro fator relevante é que a própria Microsoft poderia considerar isso como um tiro no pé, pois disponibilizar o Office para Linux poderia incentivar mais usuários a substituírem o Windows pelo Linux, algo que a empresa claramente não quer que aconteça.
E Quanto ao macOS?
Um ponto levantado por Ricardo foi o suporte do Office para o macOS. Por que a Microsoft investe nisso, mesmo que a Apple também não tenha uma base de usuários tão ampla quanto o Windows? Aqui, temos que considerar algumas possíveis razões. Uma delas é a história de cooperação entre a Microsoft e a Apple, que remonta aos primeiros anos de ambas as empresas. Existem rumores de que acordos comerciais garantiram o suporte ao Office no macOS, mantendo o ecossistema Apple mais atraente para usuários corporativos.
Outro motivo pode ser que o Office no macOS beneficia a própria Microsoft ao evitar acusações de práticas anticompetitivas. Ter o Office disponível em um sistema concorrente ajuda a empresa a se defender em casos de alegações de monopólio.
Office 365: A Alternativa Natural
Uma alternativa mais viável que a Microsoft já oferece é o Office 365, que funciona diretamente no navegador e é compatível com qualquer sistema operacional, incluindo o Linux. Com a crescente migração para soluções baseadas em nuvem, o Office 365 acaba sendo uma maneira prática para a Microsoft alcançar usuários de todas as plataformas, sem precisar desenvolver e manter um software nativo para cada uma delas.
Para muitas empresas, faz mais sentido implementar uma solução que permite que os funcionários acessem a suíte diretamente pelo navegador, sem a necessidade de instalar software localmente em cada máquina. Essa abordagem reduz a manutenção e simplifica o gerenciamento.
F2FS: Um sistema de arquivos que nunca conquistou o mundo
Por fim, abordemos a pergunta do Romoaldo: “Por que as principais distribuições Linux não oferecem suporte nativo para o F2FS, um sistema de arquivos otimizado para SSDs?” O F2FS (Flash-Friendly File System) foi criado pela Samsung em 2012, sendo projetado especificamente para lidar bem com as características das memórias NAND, usadas em SSDs e eMMCs.
Por que o F2FS Não Se Tornou o Padrão?
Embora o F2FS seja otimizado para SSDs, ele nunca se tornou uma escolha padrão nas principais distribuições Linux, e isso pode se dever a alguns fatores:
- Compatibilidade e Testes: Os sistemas de arquivos tradicionais como EXT4 e Btrfs são amplamente testados, estáveis e compatíveis com a grande maioria dos cenários de uso. O F2FS, apesar de ser ótimo para alguns dispositivos, não tem a mesma abrangência de compatibilidade, especialmente em ambientes de desktop;
- Público-Alvo Limitado: A maioria dos usuários e distribuidores prefere uma solução que funcione bem tanto para SSDs quanto para HDDs, e o EXT4 cumpre esse papel de forma muito eficaz. O F2FS tem um nicho muito específico, e mesmo entre usuários de SSDs, o EXT4 ainda oferece desempenho e confiabilidade que são suficientes para a maioria das pessoas;
- Complexidade de Manutenção: Adotar um sistema de arquivos diferente implica em ajustes no instalador, nos scripts de inicialização, e requer mais manutenção e suporte. Muitas distribuições preferem manter o que já é estável e amplamente aceito, evitando assim potenciais problemas para os usuários.
No entanto, distribuições como o Manjaro oferecem suporte ao F2FS como uma opção durante a instalação. Mas vale lembrar que o Manjaro tem um histórico de querer “inovar” de maneiras que nem sempre são as mais estáveis, como adicionar suporte experimental a recursos que ainda não estão completamente prontos.
Faça sua pergunta!
Responder essas perguntas nos leva a entender melhor como o mundo da tecnologia é moldado por uma combinação de fatores técnicos, econômicos e práticos. O suporte ao Linux por parte de grandes empresas como a Microsoft, ou a decisão de implementar novos sistemas de arquivos como o F2FS, não depende apenas da qualidade técnica das soluções, mas também do retorno sobre investimento e do interesse de mercado.
Para o Linux continuar a crescer e a receber suporte de grandes softwares e jogos, é necessário que ele se torne um mercado que não possa ser ignorado. Felizmente, com iniciativas como o Steam Deck e a crescente adoção do Linux como plataforma de desenvolvimento e produtividade, podemos estar caminhando para esse futuro.
Até lá, continuaremos a compartilhar as melhores alternativas e soluções que já existem e funcionam muito bem. Se você quiser participar deste quadro fazendo suas perguntas e contar com outros benefícios, incluindo vídeos exclusivos, como o que postamos respondendo todas as demais perguntas, além de cursos e um grupo exclusivo no Discord, seja membro do nosso canal!