O Zorin OS sempre ocupou um lugar especial no ecossistema Linux, especialmente para quem está migrando do Windows. Com uma interface intuitiva, ferramentas que facilitam a adaptação e um foco claro na experiência do usuário, ele se consolidou como uma das melhores opções para iniciantes.
A versão 17.3 chega como uma atualização incremental, mas traz uma decisão que está gerando debates acalorados: a substituição do Firefox pelo Brave como navegador padrão. Será que essa foi uma jogada estratégica ou um passo em falso? Vamos explorar cada aspecto dessa atualização, desde as melhorias técnicas até as implicações dessa troca controversa.
Zorin OS 17.3: refinamentos e novidades
Embora a mudança do navegador tenha roubado os holofotes, a versão 17.3 do Zorin OS traz outras melhorias que merecem atenção. Ainda baseado no Ubuntu 22.04 LTS, este lançamento não revoluciona a distribuição, mas aprimora detalhes que podem fazer diferença no uso diário.
Ampliação do suporte a aplicativos do Windows
Uma das características mais elogiadas do Zorin OS é sua capacidade de reconhecer instaladores do Windows (.exe) e sugerir alternativas nativas para Linux ou orientações para executá-los via Wine. Essa funcionalidade, presente no Zorin desde versões anteriores, agora cobre mais de 150 aplicativos, incluindo programas populares como OBS Studio, WinRAR e outros.
Quando um usuário tenta instalar um software Windows, o sistema não apenas recomenda uma alternativa Linux, mas também fornece instruções claras para casos em que a instalação exige configurações adicionais. Isso reduz significativamente a frustração de quem está migrando e ainda depende de ferramentas que não possuem versões nativas para Linux.

Teclado virtual integrado para dispositivos touchscreen
Usuários de laptops com telas sensíveis ao toque receberam uma adição discreta, porém valiosa: um botão de teclado virtual na barra de tarefas. Essa função pode ser ativada nas configurações de interface do Zorin Appearance, o aplicativo de personalização do sistema.
Embora pareça um detalhe pequeno, essa melhoria é especialmente útil em situações onde um teclado físico não está disponível. A implementação é simples, mas eficaz, demonstrando que os desenvolvedores estão atentos a múltiplos cenários de uso reais.

Mais controle e integração com smartphones
Baseado no KDE Connect, o Zorin Connect permite que usuários integrem seus smartphones ao desktop, compartilhando arquivos, notificações e até controlando o cursor do mouse. Na versão 17.3, a ferramenta recebeu um redesign e uma nova função: o uso do sensor de giro do celular para movimentar o ponteiro, similar a um controle remoto de Smart TV.
Embora não seja um recurso essencial para todos, essa adição pode ser útil em apresentações ou situações onde o mouse tradicional não está acessível. A evolução do Zorin Connect mostra um esforço para melhorar a integração entre dispositivos, algo cada vez mais relevante no mundo multiplataforma.

Atualização de drivers NVIDIA e suporte a GPUs recentes
Quem utiliza placas gráficas NVIDIA terá uma experiência mais fluida graças à inclusão dos drivers versão 570, que oferecem melhor desempenho no Wayland e suporte para a série RTX 5000. Essa atualização é particularmente importante para quem monta um novo sistema com hardware recente, garantindo compatibilidade imediata.
No entanto, usuários de placas AMD e Intel não terão grandes novidades, já que o Mesa (a stack gráfica open-source) permanece na versão 23, enquanto a versão mais recente já está no 25. Uma alternativa para quem precisa dos drivers mais atualizados é instalar o Steam via Flatpak ou Snap, que já incluem a versão mais recente do Mesa.

Adeus Firefox, olá Brave
A decisão mais impactante do Zorin OS 17.3 foi, sem dúvida, a substituição do Firefox pelo Brave como navegador padrão. Essa mudança não apenas altera a experiência do usuário, mas também levanta questões sobre privacidade, liberdade de escolha e o futuro das distribuições Linux.

Segundo os desenvolvedores, a mudança foi motivada por três fatores principais:
- Preocupações com a privacidade: Recentes alterações na política da Mozilla levantaram dúvidas sobre o compromisso do Firefox com a proteção de dados;
- Necessidade de suporte a DRM: Serviços de streaming como Netflix e Disney+ exigem suporte a DRM, algo que o Brave oferece nativamente;
- Popularidade e manutenção ativa: O Brave é um projeto em crescimento, com atualizações frequentes e uma base de usuários em expansão.
Além disso, o Zorin OS modificou o Brave para desativar funcionalidades consideradas desnecessárias ou controversas, como:
- Brave Wallet (integração com criptomoedas);
- Brave Rewards (sistema de recompensas em BAT);
- Leo AI (assistente de inteligência artificial);
- Brave Talk (ferramenta de chamadas de vídeo);
- Brave News (feed de notícias integrado);
- Anúncios em novas abas.
Essas alterações visam oferecer um navegador mais limpo e alinhado com os princípios de simplicidade do Zorin OS.

As críticas e os pontos de dúvida
Apesar da justificativa, a escolha do Brave não foi isenta de controvérsias. Algumas das principais críticas incluem:
- Histórico polêmico do Brave: O navegador já foi alvo de críticas por inserir URLs de afiliados sem consentimento e por incentivar o uso de criptomoedas;
- Alternativas mais privativas: Navegadores como LibreWolf e Mullvad Browser oferecem proteções mais robustas, mas esbarram em problemas com DRM;
- Falta de Consulta Ampliada: A decisão parece ter sido tomada com base em uma minoria vocal da comunidade, sem um debate mais amplo.
Outro ponto questionável é o fato de que, se foi possível remover funcionalidades do Brave, por que não fazer o mesmo com o Firefox? Uma customização mais aprofundada do Firefox poderia resolver algumas das preocupações sem a necessidade de uma troca radical.
O que isso significa para os usuários?
Para quem já utiliza o Zorin OS 17.2, a atualização não substituirá automaticamente o Firefox pelo Brave. A mudança só afeta novas instalações a partir das ISOs atualizadas.
Felizmente, o Linux é um ecossistema aberto, e qualquer usuário pode instalar o navegador de sua preferência em poucos cliques. No entanto, a decisão do Zorin OS pode influenciar outras distribuições, especialmente aquelas focadas em iniciantes.
O futuro do Zorin OS e o caminho das distribuições Linux
Essa mudança levanta uma questão maior: será que outras distribuições seguirão o exemplo e abandonarão o Firefox? Por enquanto, gigantes como Ubuntu, Fedora e Debian mantêm o navegador da Mozilla como padrão, mas o cenário pode mudar se mais projetos adotarem o Brave ou outras alternativas baseadas em Chromium.
O Zorin OS sempre se destacou por priorizar a usabilidade, e essa decisão reflete uma tentativa de equilibrar privacidade, funcionalidade e facilidade de uso. Resta saber se a comunidade abraçará essa mudança ou se pressionará por um retorno ao Firefox.
Uma coisa é certa: o mundo do Linux nunca para de evoluir, e cada atualização traz novas discussões, oportunidades e, claro, um pouco de drama. E no fim das contas, essa é justamente a beleza do código aberto — a liberdade de escolher, criticar e adaptar.
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